anda escutando muita coisa wue não devia

Capítulo Seguinte — O que não se diz

A manhã chegou devagar, banhando a casa com uma luz suave e quente. Helena já estava acordada fazia tempo. Tinha preparado café, deixado a cozinha arrumada, e agora tentava — em vão — se concentrar no livro. Mas as palavras escorriam pelas páginas como água por entre os dedos.

Quando a campainha tocou, ela se levantou devagar, como quem sabe que está prestes a ser interrompida por algo que já previa.

Abriu a porta e deu de cara com Lívia, de jeans claro e uma blusa branca simples. O cabelo ainda molhado denunciava que tinha vindo direto de casa.

— Oi. — ela disse, sem sorrir de verdade.

— Oi. — Helena respondeu, segurando a porta por mais um segundo do que o necessário.

As duas se mediram com os olhos, mas mantiveram a educação.

— Júlia tá no quarto. — disse, por fim, abrindo espaço pra que ela entrasse.

— Imaginava. — Lívia respondeu, andando como se cada passo tivesse uma intenção calculada.

Antes de subir, porém, parou na metade da sala, olhando para Helena de lado.

— Você é... bonita. — disse, sem muita emoção na voz. — Entendo por que o pai da Júlia confiaria em você.

Helena arqueou levemente a sobrancelha.

— Obrigada... eu acho.

Lívia riu com a boca, mas os olhos não acompanharam.

— Só espero que continue sendo só confiança.

— Você parece alguém inteligente. — Helena respondeu, calmamente. — Deve saber que insegurança fala mais alto quando o problema já tá dentro da gente.

Lívia segurou a língua por um segundo. Depois assentiu e subiu as escadas, sem olhar pra trás.

Helena voltou pro sofá com o livro no colo. Mas agora nem fingia que estava lendo.

**

No quarto, Júlia ainda estava jogada na cama, o celular na mão, sem muita disposição pra sair dali.

— Demorou. — disse, quando viu Lívia entrar.

— Bom dia pra você também. — Lívia respondeu, encostando a porta.

Houve uma pausa. Lívia cruzou os braços, observando a namorada.

— Ela é linda, sabia?

— O quê?

— A Helena. Linda. Daquelas mulheres que parecem que sabem mais do que mostram.

— Lá vem você de novo...

— Não tô dizendo que você tá fazendo alguma coisa. — Lívia disse, sentando-se na beirada da cama. — Só que... você sempre teve esse negócio com mulher mais velha. Desde a escola.

— E você sempre teve esse negócio de surtar por coisa da sua cabeça.

— Não é da minha cabeça quando você fica toda sem graça quando falam dela. Nem quando defende ela como se fosse um anjo.

— Ela é amiga do meu pai!

— E daí?

— E daí que... — Júlia suspirou, largando o celular. — Você tá com ciúmes de algo que nem existe.

— E se passar a existir?

O silêncio entre elas ficou mais pesado por um momento. Mas então Júlia se arrastou pela cama até encostar na namorada.

— Se passar a existir, eu te aviso. — disse, num tom quase brincalhão. — Mas por enquanto, você ainda é a dona dos meus domingos e das minhas manhãs com sono.

Lívia riu, relutante. Mas riu.

— Eu te amo, sua idiota.

— Eu também.

E foi ali, entre palavras baixas e desculpas sem orgulho, que os corpos se procuraram. Beijos lentos, como se quisessem apagar qualquer sombra. os toques se alongando, como se tivessem tempo — ou como se quisessem fazer o tempo parar.

**

na sala Helena ainda segurava o livro aberto, mas os olhos estavam perdidos no vazio.

As paredes da casa eram finas demais. Ela tentou desviar os ouvidos, concentrar-se nas frases da história que lia, mas as risadas abafadas, os suspiros e os sons inevitáveis de um carinho íntimo a faziam engolir em seco.

Não era culpa dela. Ela não queria ouvir. Mas estava ali, presa entre o que não podia controlar e o que não podia ignorar.

Fechou o livro, devagar. Encostou a cabeça no travesseiro e deixou os olhos fecharem, tentando apagar a voz da menina que, por mais que não fosse dela, parecia morar em cada canto daquela casa.

O quarto estava mergulhado em uma luz tênue, filtrada pela cortina semiaberta. Júlia estava deitada entre os lençóis desarrumados, as pernas entrelaçadas com as de Lívia, que agora acariciava a lateral de seu rosto com os dedos leves, traçando caminhos invisíveis sobre sua pele.

— Você ainda n tem certeza né? — Lívia perguntou baixinho, o rosto próximo demais.

— Ainda não... tenho medo não é o momento certo ianda — Júlia respondeu, sem desviar o olhar. — Mas isso aqui.. que sempre fazemos. — sussurrou, passando a mão pela cintura da namorada, puxando-a para mais perto — ...é o que eu quero agora.

Lívia sorriu, sem pressa. Seus beijos começaram lentos, percorrendo o pescoço, descendo até a barriga onde sempre foi o mais longe que ela chegava, enquanto as mãos de Júlia deslizavam pela curva de suas costas.

Júlia já conhecia aquele roteiro. Acariciava a intimidade de Lívia com cuidado e familiaridade, como fazia quase sempre, apesar de sua namorada nunca ter feito nada com ela e ela ter o corpo virgem ela sempre explorava o corpo de livia com a mão que arrancavam dela os suspiros mais doces. Sabia exatamente como deixá-la trêmula, arrepiada, derretida.

Lívia, por sua vez, foi subindo as carícias até que os dedos alcançaram a barra da calcinha de Júlia.

Ela hesitou por um segundo, mas viu o olhar da namorada, aquele brilho misturado de receio e desejo.

então pela primeira vez em 2 messes ela disse

— Pode. — Júlia murmurou. — Só um pouco.

Lívia não precisava de mais. Seus dedos deslizaram com uma suavidade quase reverente. Tocou devagar, sentindo Júlia se abrir, se entregar em pequenos gestos.

começou com um dedo pós Júlia era " apertada " ela enfiou e tirou o dedoindo e vindo

E então veio aquele gemido. Solto, alto, mais alto do que ela gostaria — espontâneo, involuntário. Um som de quem deixou cair a guarda por um segundo.

**

Na sala, Helena ainda estava deitada no sofá, com o livro no colo, quando o som ecoou pelo teto de madeira. Era nítido. Quente. Vivo.

Ela arregalou os olhos de imediato. Não queria ouvir, não buscava ouvir — mas estava ali, inevitável.

Fechou o livro de uma vez só, respirando fundo, como se estivesse fugindo de si mesma. Levantou e saiu da casa, atravessando o jardim silencioso até alcançar a varanda do andar superior, nos fundos.

Sentou-se na cadeira de vime que rangia baixo, como se reclamasse do peso dos pensamentos. Olhou para o céu claro, tentando desviar a mente, afastar qualquer imagem que não lhe pertencia.

Mas o toque, o som, o jeito como aquele gemido tinha soado... tudo martelava com uma intensidade incômoda. Não era só por ser íntimo. Era porque era dela. Dela, Júlia. Aquela menina que mal chegava à vida adulta e já causava um redemoinho estranho dentro dela.

**

No quarto, Júlia arfava devagar, a respiração entrecortada. Lívia ainda a tocava, quando o celular tocou com insistência.

— Droga. — murmurou, esticando a mão até o criado-mudo.

O visor mostrava um nome que cortou o clima na hora: “Pai”.

Ela sentou-se na cama de repente, puxando o lençol para se cobrir melhor.

— Ele nunca liga de manhã...

— Atende. — Lívia disse, ainda com a voz rouca.

— Tá. — Júlia respirou fundo antes de deslizar o dedo pela tela. — Oi, pai... tá tudo bem?

Enquanto falava, Lívia se afastava devagar, ajeitando a roupa, mas seus olhos não desgrudavam de Júlia — ainda havia desejo neles, mas também algo a mais: uma pontinha de dúvida. Algo que o gemido havia revelado... e que talvez nem Júlia soubesse nomear ainda.

**

Na varanda, Helena fechou os olhos. O som do gemido abafado pelo teto havia sido como um ponto final incômodo numa fala que ela não devia ter ouvido.

Ela respirou fundo mais uma vez, cruzou os braços sobre o peito e ficou ali. Silenciosa. Tentando não sentir o que sentia. Tentando, como sempre, se manter no papel que lhe haviam dado — mesmo que, por dentro, tudo nela gritasse o contrário.

continua

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