Ponto de Vista de Peter

Peter não achava que uma carta boba pudesse mudar alguma coisa — até aquela carta.

Ele não esperava gostar de ler aquilo. Mas gostou. A forma como Luna falava sobre ele era diferente. Não como se ele fosse só o cara popular ou o jogador do time. Ela reparava nas pequenas coisas. No jeito como ele penteava o cabelo quando estava nervoso. Em como ele ria meio abafado quando achava algo realmente engraçado.

Aquilo o fez olhar pra Luna com outros olhos.

Ela era diferente. Reservada, mas inteligente. Observadora. Meio estabanada às vezes, mas com uma presença calma. E agora, ela era sua "namorada" — mesmo que fosse só um acordo.

Peter não se importava com os cochichos. Ele gostava de causar burburinho. Mas com Luna, era diferente. Ele queria que ela se sentisse segura. Que a escola deixasse de ser um campo minado pra ela.

Naquele almoço, quando ela relaxou um pouco e sorriu de verdade, ele pensou algo que não ousou dizer em voz alta:

Talvez fingir não seja tão diferente de sentir.

 

Peter não era o tipo de cara que complicava as coisas. Ele jogava bem, tirava notas razoáveis, tinha amigos que o adoravam e uma ex-namorada que ainda rondava sua vida como se o mundo girasse ao redor dela.

Mas Luna... Luna era outra história.

Nos primeiros dias do namoro de mentira, ele achou que ia ser fácil. Um roteiro simples: segurar a mão dela nos corredores, sentar junto no refeitório, aparecer nas redes sociais com uma legenda fofa. Fácil. Controlado. Conveniente.

Mas aí começaram as pequenas coisas.

Como o jeito que ela mordia o canto da boca quando estava nervosa. Ou como sua risada escapava sem querer quando ele falava bobagem. Ou ainda, a forma como ela o olhava com um misto de desconfiança e curiosidade — como se tentasse decifrá-lo página por página.

Na sexta-feira, ele a encontrou sentada na biblioteca, lendo Orgulho e Preconceito, com os fones no ouvido e os cabelos meio presos com um lápis. Ele não disse nada de imediato. Ficou só observando por alguns segundos. Era estranho... mas também confortável.

Ela olhou para cima, surpresa com a presença dele.

— Você me seguiu? — perguntou, meio divertida, meio desconfiada.

— Eu juro que vim pegar um livro. — Ele mostrou um exemplar aleatório nas mãos. Era um guia de biologia marinha.

Luna arqueou a sobrancelha. — Você tem zero aulas de biologia.

— Talvez eu esteja me reinventando.

Ela sorriu, e foi aí que Peter sentiu o alerta mental: zona de risco.

Porque se apaixonar não fazia parte do acordo. E, mesmo assim, algo nele começava a se inclinar para isso. Uma parte dele gostava de ver aquele lado da Luna que quase ninguém conhecia. E mais do que isso: ele queria protegê-la da escola, do caos, do Josh — e até dele mesmo.

Fingir está começando a parecer real demais, pensou.

E quando ela estendeu a mão e disse: “Senta aqui um pouco”, ele não hesitou.

E não foi porque estavam atuando.

Foi porque, naquele momento, não fingir pareceu mais verdadeiro do que qualquer coisa que já tinha vivido.

 

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