No dia seguinte, Luna já se arrependia um pouco de ter dito sim. Ela entrou no colégio tentando parecer indiferente, mas seu estômago estava em guerra. Fingir um relacionamento com Peter não era exatamente uma tarefa simples. Ele era popular. Bonito. Confiante. Tudo o que ela não era — ou, pelo menos, achava que não era.
Quando ela dobrou o corredor principal, lá estava ele. Encostado na parede, olhando o celular com uma expressão tranquila demais para alguém prestes a iniciar uma encenação pública.
Peter levantou os olhos e sorriu.
— Pronta, namorada?
Ela corou. — Isso vai soar menos esquisito com o tempo, né?
— Com certeza. Ou a gente se acostuma, ou vira lenda no grupo do terceiro ano.
Antes que ela pudesse responder, ele entrelaçou os dedos nos dela. Simplesmente assim. Como se fosse o tipo de coisa que já fazia há meses.
— O que você tá fazendo? — ela sussurrou, surpresa.
— Regra número dois: casais de verdade andam de mãos dadas, lembra?
— Eu não lembro de ter concordado com uma segunda regra.
— Acabei de inventar — disse ele, piscando um olho.
E, então, eles seguiram juntos pelo corredor. As pessoas notaram. Era impossível não notar. Luna sentia os olhares queimando suas costas e ouviu cochichos se espalhando. Peter parecia imune a tudo isso. Ele sorria, conversava, agia como se aquilo fosse o mais normal do mundo.
Quando chegaram ao armário dela, ele se encostou ao lado.
— Então, a gente devia pensar em mais algumas regras. Pra manter tudo sob controle.
Luna o olhou com desconfiança. — Tipo quais?
— Nada de beijos fora de “cena”, encontros ensaiados nos intervalos, e talvez… uma história de como tudo começou.
— Uma história? Você quer mesmo criar uma narrativa?
— É um namoro de mentira, Luna. Quanto mais real parecer, melhor.
Ela suspirou. — Ok. Mas nada de surpresas. Se alguém perguntar, a gente vai dizer que tudo começou depois que você recebeu a carta.
Peter sorriu. — Essa parte, pelo menos, é verdade.
Ela sorriu de leve, sem perceber.
Pela primeira vez desde que as cartas foram enviadas, Luna sentiu que talvez pudesse ter um pouco de controle sobre o caos. Ou pelo menos fingir que tinha.
Perfeito! Aqui está a continuação da história, ainda do ponto de vista de Luna, mostrando o impacto do namoro fake na escola e o primeiro “encontro”. Depois disso, o próximo trecho será a perspectiva de Peter.
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O boato se espalhou antes do almoço.
Quando Luna entrou no refeitório com Peter, já sentia os olhos em cima deles como holofotes. Alguém da turma de teatro até soltou um “Quem diria, Luna!” — o que era especialmente estranho, considerando que eles nunca tinham nem conversado direito antes.
Peter, claro, agia como se fosse o rei daquele palco. Ele pegou duas bandejas, entregou uma a ela, e escolheu uma mesa bem no centro do refeitório.
— Aqui? — Luna sussurrou, desconfortável.
— Regra três: casais confiantes não se escondem — disse ele com um sorriso.
Ela sentou com cuidado, ainda se perguntando como aquilo tinha virado sua vida. A conversa ao redor era quase um fundo musical, cheio de sorrisos curiosos e perguntas não ditas.
— Então, quantas pessoas já te perguntaram se a gente é de verdade? — Peter perguntou, mordendo um pedaço de pizza.
— Três. E uma delas foi a bibliotecária.
Ele riu alto, e Luna não pôde deixar de sorrir também.
— Eu disse que ia funcionar. Ninguém vai mais te encher por causa do Josh. Aliás, ele me olhou estranho no corredor da ciência, talvez alguma coisa já tenha chegado no ouvido dele. Foi ótimo.
Ela o encarou. — Você está mesmo se divertindo com isso?
Peter deu de ombros. — Um pouco. Mas também estou ajudando você, lembra?
— Por enquanto. A qualquer momento, isso pode desandar.
Ele fez um gesto teatral. — Quando isso acontecer, a gente termina dramaticamente. Quem sabe até com uma lágrima.
Luna balançou a cabeça, mas estava rindo. Por mais absurdo que fosse, aquele acordo estava funcionando.
Ela só esperava que seu coração lembrasse que aquilo era só uma farsa.
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Atualizado até capítulo 23
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