Dentro da ambulância, a situação de Mendes era alarmante. As convulsões sacudiam seu corpo na maca, e os espasmos de dor pareciam arrancá-lo da consciência por breves momentos. Para o espanto de Andressa e dos outros paramédicos, os símbolos luminosos em sua pele brilhavam intensamente e depois desapareciam, apenas para reaparecer em outros pontos, pulsando como se estivessem vivos sob sua carne.
"Meu Deus, o que está acontecendo com ele?" Andressa exclamou, seus olhos fixos nos padrões de luz que dançavam no corpo de Mendes. Ela verificava seus sinais vitais freneticamente, sem encontrar uma explicação médica para o que estava presenciando. "Erick, você precisa me dizer o que houve lá dentro! Que substância ele inalou? Que tipo de ferimento é esse?"
Erick observava a agonia do parceiro com um nó na garganta. Ele não podia revelar a verdade, a caixa, os símbolos, a criatura. Soaria como um delírio. Em vez disso, ele apenas repetiu as palavras que havia dito no galpão, a voz embargada pela preocupação e pelo peso do segredo.
"Eu... eu expliquei, Andressa. Encontramos algo estranho lá. Eu não sei o que era, mas causou isso."
Andressa o olhou com frustração e incredulidade. "Estranho como? Erick, ele está convulsionando com símbolos brilhando na pele! Isso não é 'estranho', é impossível! Precisamos saber o que aconteceu para poder ajudá-lo!"
O silêncio de Erick era sua única resposta, um muro de segredo erguido entre eles. Andressa suspirou, sabendo que não conseguiria mais informações naquele momento. A prioridade era manter Mendes vivo até chegarem ao hospital. Ela ordenou que aumentassem a sedação, na esperança de aliviar o sofrimento do policial.
Enquanto a ambulância corria pelas ruas da cidade, Erick observava o rosto contorcido de Mendes, a dança macabra dos símbolos sob sua pele um lembrete constante do mistério sombrio que haviam encontrado. A culpa o corroía por tê-lo arrastado para aquela situação, mas a curiosidade sobre o que havia na sala e o desaparecimento dos símbolos da caixa e do pentagrama o mantinham em alerta. Ele sabia que aquela noite estava longe de terminar.
Ao chegarem ao pronto-socorro, a agitação foi imediata. A equipe médica, acostumada a traumas e emergências, paralisou diante da visão de Charlie Mendes. Seu corpo convulsionava na maca, mas não eram apenas espasmos comuns. Sua estrutura óssea parecia estar se refinando, seus ombros antes largos se estreitavam, e a pele, antes tipicamente masculina, adquiria uma suavidade quase translúcida. Os cabelos, antes curtos, cresciam em um ritmo anormal, longos fios dourados serpenteando pela maca em meio ao suor e às lágrimas de dor. E os símbolos... os símbolos brilhavam e se moviam sob a pele, como circuitos de luz pulsante, desaparecendo e reaparecendo em padrões desconcertantes.
Os médicos trocavam olhares incrédulos e sussurros nervosos. Exames eram feitos às pressas, mas nenhum deles conseguia explicar o que estava acontecendo. Os sinais vitais de Mendes eram caóticos, ora acelerados, ora perigosamente lentos.
Erick observava tudo de perto, o estômago embrulhado em um misto de culpa e fascínio. Ele sabia a causa daquela transformação bizarra, mas não podia compartilhá-la sem soar insano e possivelmente prejudicar ainda mais a situação. Ele se manteve ao lado da equipe médica, respondendo a perguntas vagas sobre um "acidente desconhecido" em um local isolado.
Andressa, visivelmente abalada, tentava manter a compostura profissional, mas seus olhos lançavam olhares interrogativos para Erick, buscando respostas que ele não podia dar. A ciência médica estava sendo confrontada por algo que parecia desafiar todas as leis da natureza.
Enquanto os médicos lutavam para estabilizar Mendes e tentavam desesperadamente diagnosticar o inexplicável, Erick sentia o peso do segredo aumentando a cada instante. Ele sabia que precisava descobrir mais sobre a caixa, os símbolos e o que eles haviam despertado. A transformação de Mendes era a prova viva de que aquilo era real e perigoso.
A situação no pronto-socorro atingiu um ponto de choque absoluto. Os esforços dos médicos para estabilizar Mendes se mostraram inúteis diante da metamorfose bizarra que se desenrolava diante de seus olhos. A transformação era dolorosa e visível, os traços masculinos de seu corpo se atenuando gradualmente, a estrutura óssea se remodelando, até que, em um momento de agonia intensa, a silhueta feminina se tornou inegável, os seios agora claramente definidos sob o tecido da camisa rasgada.
O horror e a incredulidade paralisaram a equipe médica. Era algo que desafiava toda a sua experiência e conhecimento. E então, no auge da transformação, quando todos esperavam que Mendes finalmente desabasse em inconsciência, algo ainda mais estranho aconteceu. Seus olhos azuis se arregalaram, fixos em um ponto invisível no teto, e uma voz gutural, carregada de uma ressonância antiga, começou a recitar palavras em uma língua desconhecida, talvez há muito morta. Os símbolos em seu corpo, antes pulsantes e desconexos, pareciam se alinhar, formando frases e textos complexos que brilhavam intensamente sob sua pele transformada.
O espanto tomou conta de todos. Filmagens foram iniciadas por ordens médicas, um registro visual daquele fenômeno inexplicável. Mas então, tão abruptamente quanto começou, cessou. A voz calou-se, os olhos de Mendes (agora ela) se fecharam, e o corpo antes tenso relaxou, caindo em inconsciência. E com o desvanecer da consciência, os símbolos luminosos em sua pele também desapareceram, tornando-se invisíveis a olho nu.
A culpa no peito de Erick era um peso esmagador. Ele se sentia responsável por aquela aberração, por ter levado seu parceiro àquele galpão amaldiçoado. Ele permaneceu ao lado da maca, observando o corpo agora feminino de Mendes, a mente fervilhando com perguntas sem respostas.
Os médicos, ainda em estado de choque, finalmente retomaram o profissionalismo, impulsionados pela necessidade de entender o que havia acontecido. Mendes, agora uma mulher, foi levada para uma bateria exaustiva de exames. Ressonâncias, tomografias, análises de sangue – tudo era feito na esperança de encontrar alguma explicação científica para uma transformação que desafiava a própria biologia.
Enquanto Mendes passava pelos exames, Erick permanecia na sala de espera, consumido pela ansiedade e pela urgência de descobrir a verdade por trás da caixa e dos símbolos. Ele sabia que a chave para entender a transformação de seu parceiro estava naquele galpão, naquela sala misteriosa.
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Atualizado até capítulo 42
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