Mais tarde, já em casa
Bianca abriu a porta devagar, sentindo o coração acelerar ao notar a luz da sala ainda acesa. Laura estava no sofá, de moletom, as pernas dobradas, um livro nas mãos — mas ela ergueu os olhos assim que ouviu o som da chave na porta.
E quando viu Bianca... e logo atrás, Júlia, arqueou as sobrancelhas em surpresa.
— Oi... — Laura disse, fechando o livro com calma. — Achei que você fosse demorar
Bianca forçou um sorriso leve, tentando parecer natural.
— . Fui ver a Júlia um pouco. Ela vai dormir aqui hoje.
Laura encarou a amiga da madrasta por um segundo. Júlia sorriu com charme e uma ponta de malícia escondida.
— E aí, Laura. Tudo bem? Sou a Júlia. Melhor amiga da sua... — ela deu uma leve pausa, só para provocar —... da Bianca.
— Oi. Tudo sim — Laura respondeu, se ajeitando no sofá, mas sem tirar os olhos de Bianca.
Júlia não era boba. Sentiu na hora. O olhar que Laura lançava à amiga... o jeito como Bianca desviava o rosto, inquieta... estava tudo ali. A tensão. O desejo. O segredo.
Elas entraram e Bianca foi guardar a bolsa. Júlia, ainda em pé, cruzou os braços e se virou discretamente para ela.
— Você queria minha ajuda, né? Não colocar mais fogo?
Bianca sussurrou rápido, com um olhar aflito:
— Júlia, sério. Eu te chamei porque tô no limite. Você não tá vendo o jeito que ela me olha? Se você me provocar, eu...
— Relaxa. Eu tô aqui. Mas você também precisa parar de fugir. E às vezes, o jogo mais inocente revela o que precisa ser dito.
Antes que Bianca pudesse argumentar, Júlia se virou com um sorrisinho matreiro.
— Laura... o que acha de a gente jogar alguma coisa pra quebrar o tédio? Um “eu já / eu nunca”? Pode ser divertido.
Bianca se virou devagar.
— Júlia...
Mas Laura já sorria.
— Eu topo.
Bianca prendeu a respiração.
— Quem nunca responde q nunca o “eu já” bebe — Júlia continuou, indo até a cozinha pegar taças e a garrafa de vinho. — Mas se não quiser beber, paga prenda. Pode ser uma verdade incômoda... ou algo mais divertido.
Laura soltou uma risadinha baixa.
— Gosto de desafios.
Bianca sentou no sofá com cuidado, claramente tensa.
Júlia entregou as taças. Antes de começar, se inclinou e sussurrou bem próximo ao ouvido da amiga:
— Se você cair, eu te levanto. Mas não finge que não quer cair só um pouquinho.
Bianca fechou os olhos por um segundo, tentando manter o controle.
Laura já observava as duas com atenção, como se percebesse que estava entrando em território perigoso — e adorasse cada segundo disso.
Júlia serviu as três taças.
— Então vamos lá. Primeira rodada... “Eu nunca beijei alguém que não devia.”
Laura encarou Bianca. Bianca evitou o olhar.
Mas só uma delas levou a taça à boca.
laura bebeu.
O jogo tinha começado — e aquela noite prometia revelações que nenhuma das três esperava.
Júlia balançou a taça com elegância e lançou a próxima provocação:
— Eu nunca sonhei algo... erótico com alguém que estava na mesma casa.
Bianca engasgou levemente com o gole que ainda nem tinha levado à boca. Laura ficou imóvel por um segundo — mas logo bebeu. Sem hesitar. Mantendo os olhos em Bianca o tempo todo.
Júlia, claro, bebeu também, sem pudor.
— Olha... esse jogo tá revelador — disse, sorrindo de canto.
Bianca segurava a taça com força. Não bebeu. Mas estava pálida. O silêncio dela já dizia muito.
— Sua vez, Laura — disse Júlia, com malícia.
Laura girou a taça devagar entre os dedos. Olhou primeiro para Júlia, depois para Bianca.
— Eu nunca senti vontade de beijar alguém e precisei fugir pra não fazer besteira.
O silêncio foi imediato. Tenso. Elástico.
Dessa vez, Bianca bebeu. Olhos baixos. Bochechas coradas.
Júlia sorriu como quem assiste a um filme bom demais pra interromper.
— Estamos ficando sinceras, hein? — comentou, mas já percebendo o quanto aquilo afetava Bianca. — Ok, minha vez de novo...
Ela pensou por um segundo, então disse, com um ar mais leve, mas ainda afiado:
— Eu nunca me arrependi de ter escolhido dormir com a pessoa errada, enquanto a certa tava bem perto.
Bianca fechou os olhos. Respirou fundo.
E bebeu.
Laura apenas observava. Os olhos dela ardiam. Mas quando Bianca abriu os olhos, encontrou os de Laura — e era como se todo o mundo se apagasse.
Júlia sentiu. Aquilo era mais do que tensão.
Era desejo puro. Contido. Explosivo.
Mas ela sabia quando intervir.
— Ok, pausa pro banheiro — disse, se levantando, deixando propositalmente as duas sozinhas por alguns minutos.
Laura se aproximou sutilmente, ainda de joelhos no tapete. Estavam próximas demais. Bianca podia sentir o perfume suave que vinha da pele dela. A respiração entrecortada. O desejo ali, no ar, denso, quase sólido.
julia encostou na parede observando as de longe
— Bianca... — Laura murmurou, num tom grave. — Se você quiser... eu paro de provocar.
Bianca a olhou, assustada com o quanto queria dizer “não para”.
Mas antes que pudesse responder, o celular dela vibrou.
Era uma mensagem do marido:
“Amor, tentei mas vou ter q fucar por aqui mesmo essa noite . Emergência no caso do bernades. Te amo.”
O coração de Bianca disparou.
Ela virou-se rapidamente para o corredor.
— Júlia! — chamou, com a voz um pouco mais alta do que o necessário.
A amiga apareceu segundos depois.
— Que foi?
— Você... pode pedir uma pizza nn quero cozinhar hoje
Júlia entendeu na hora.
Olhou para Laura — que recuou, pegou a taça e se afastou, como se tivesse sido pega em algo proibido.
Júlia assentiu devagar.
— Claro que posso.
Bianca não respondeu. Só respirou fundo, tentando acalmar o coração.
Mas, no fundo, ela sabia.
A linha entre o certo e o errado estava cada vez mais tênue... e aquela noite não seria esquecida por nenhuma das três.
O jogo havia voltado após a ida ao banheiro, mesmo com Bianca tentando encerrar discretamente. Júlia, claro, não deixou. Ela sentia que tinha mais a ser revelado… e adorava brincar com fogo.
— Sua vez, Bianca — disse Júlia, com um sorriso preguiçoso, mas os olhos atentos.
Bianca hesitou, ainda com o celular no colo após a mensagem do marido. Passou os dedos nos cabelos, desconcertada. Laura a observava em silêncio, o joelho encostando levemente no dela, o calor da pele aumentando o nervosismo.
— Eu passo essa rodada — Bianca murmurou.
Júlia arqueou a sobrancelha, teatral.
— Passar? Ah não, meu bem. Se não responde, paga prenda, lembra?
— Júlia, sério... — Bianca tentou rir, mas o sorriso era tenso.
— Então tá — a amiga se ajeitou no tapete, pegando uma almofada. — Eu tenho uma prenda ótima. Três minutinhos no céu... com a Laura.
Bianca empalideceu. Laura arregalou um pouco os olhos, surpresa, mas não disse nada.
— Júlia, você ficou maluca?! — Bianca sussurrou, virando-se para ela, a voz baixa, mas carregada. — Eu te pedi ajuda, não mais tentação!
— Ué, e eu tô ajudando. Às vezes, a gente precisa de três minutinhos pra entender o que tá sentindo — respondeu, com um sorrisinho safado. — Vai, se não tem nada aí... três minutinhos não vão mudar nada, né?
Laura olhou para Bianca, séria. Seus olhos diziam: se você quiser, eu fico. Se não, eu saio agora.
O coração de Bianca batia tão alto que ela mal ouvia o resto.
— E então? — Júlia provocou, cruzando os braços, se divertindo com a tensão.
Bianca hesitou por mais alguns segundos. Depois, respirou fundo, tomou o resto do vinho de uma só vez, e disse, sem encarar ninguém:
— Tranca a porta.
Júlia sorriu como quem acabara de vencer um jogo perigoso.
Laura se levantou devagar. Bianca também. As duas caminharam para o quarto de hóspedes — com Júlia fechando a porta atrás delas e gritando, com a voz debochada:
— Três minutos! Sem escândalo!
Quando a porta se fechou, o silêncio entre Bianca e Laura ficou mais pesado do que nunca.
Ambas estavam paradas, uma de frente pra outra. A tensão era quase insuportável.
Laura se aproximou um passo.
— Se quiser, eu nem encosto em você.
Bianca a olhou. Com medo. Com desejo. Com tudo misturado.
— Esse é o problema laura — murmurou. — Eu quero que encoste.
E nesse instante, o tempo começou a correr de outro jeito.
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Atualizado até capítulo 24
Comments
A.Maysa
acho que agora as coisas esquentaram de vez
2025-05-23
1
Maria Andrade
eita agora esquentou
2025-05-20
0