Júlia

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Laura enyrou pro seu quarto bem rapido fechou a porta do quarto com força, respirando fundo. Encostou as costas na madeira e fechou os olhos, tentando afastar o que sentia, tentando apagar a imagem de Bianca, do vinho, do toque acidental, da pele à mostra.

Mas era inútil.

A cabeça fervia. O corpo também. As cenas do filme ainda dançavam em sua mente, misturadas às suas próprias fantasias — Bianca sorrindo, Bianca se aproximando, Bianca tocando sua pele com aqueles dedos delicados.

Suspirou, apertando as coxas uma contra a outra, tentando sufocar o desejo que crescia dentro dela como um veneno lento.

“Isso é errado”, repetiu para si mesma. Mas nem sua consciência conseguia segurar o corpo que vibrava. A cada segundo, a imagem da madrasta ficava mais vívida: os lábios entreabertos, a risada baixa, o vinho escorrendo devagar pela garganta.

Laura levou as mãos ao rosto, envergonhada do que estava sentindo. Mas era tarde. A imaginação já estava solta, e tudo parecia real demais.

Ela se jogou na cama, o coração disparado. E então ouviu a batida leve na porta.

— Laura?

A voz de Bianca era suave, quase um sussurro.

— Tá tudo bem? Você saiu tão de repente...

Laura gelou. Quis dizer que sim, que estava tudo bem, que precisava de um tempo sozinha. Mas a voz não saiu. Ao invés disso, levantou-se e abriu a porta.

Bianca estava ali, com a taça ainda na mão, os olhos preocupados — e bonitos demais, perto demais.

— Você parecia nervosa... — Bianca murmurou.

Laura hesitou por um instante. E então, sem pensar, sem se conter, deu um passo à frente.

— É que... — sua voz falhou. — Eu fico nervosa quando você tá por perto.

Bianca franziu levemente a testa.

— Nervosa por quê?

Laura não respondeu com palavras. Só ergueu a mão e, num impulso, tocou o rosto da outra. E depois, se aproximou mais. Os lábios quase encostaram, o ar entre elas ficou rarefeito, os olhos de Bianca arregalados de surpresa.

Mas não se afastou.

Laura avançou devagar, os lábios a um sopro dos de Bianca.

Foi quando o celular vibrou.

Bianca desviou os olhos, assustada com a urgência do toque. Pegou o aparelho e viu o nome da melhor amiga piscando na tela.

— É a Júlia... — disse, como se precisasse se justificar. — Ela quase nunca liga. Deve ser algo urgente...

Laura recuou, engolindo em seco. O momento escapava pelos dedos. O desejo se desfez como fumaça.

Bianca atendeu.

— Oi, Ju... O quê? Agora? Tá, eu... eu vou aí sim. Me espera.

Desligou e olhou para Laura, sem saber o que dizer.

— Ela tá surtando por causa do ex. Quer companhia, vinho e fofoca. Eu prometi que ia, desculpa...

Laura assentiu com um sorriso que não chegou aos olhos.

— Tudo bem. Vai lá...

Mas quando Bianca se afastou, algo ficou no ar. Um rastro. Um quase.

E nos olhos de Laura, o desejo ainda queimava, desobediente.

E nos de Bianca... uma pergunta sem resposta.

---

Mais tarde, na casa da Júlia

Bianca entrou com a garrafa de vinho em uma mão e a alma em pedaços na outra. Assim que a amiga fechou a porta atrás dela, as duas se abraçaram como quem já sabia: aquela tarde seria longa.

— Vinho? — Júlia ofereceu, mas já servia as duas sem esperar resposta. — Agora me conta. O que tá rolando, mulher? Você tava com uma voz esquisita no telefone.

Bianca sentou no sofá, passou a mão no rosto, e respirou fundo.

— Ju... eu tô ficando maluca.

— Já sabia, mas quero saber por quê dessa vez — ela riu, dando um gole no vinho. — Desembucha.

Bianca hesitou por um segundo. Mas os olhos atentos e sem julgamentos da amiga a encorajaram.

— É a Laura. A filha do meu marido

Júlia arregalou os olhos.

— A Laura?! Aquela quieta, meio misteriosa? Q vc disseO que tem ela?

Bianca olhou pro nada, como quem revivia tudo de novo.

— Ela me provoca, Ju. Mas do jeito mais sutil possível. É o olhar... o jeito como ela fala comigo, como me observa. E hoje... hoje quase aconteceu.

— QUASE aconteceu o quê, Bianca?!

— Um beijo. Um beijo de verdade. Ela me encostou na parede do quarto, colocou a mão no meu rosto, se aproximou... e se o celular não tivesse tocado, com sua chamada a gente teria se beijado.

Júlia soltou um assobio baixo.

— Caralho...

— E o pior — continuou Bianca, num sussurro trêmulo — é que eu queria. Eu queria muito. Eu tô... eu tô gostando da sensação, dessa tensão, sabe? É errado, é absurdo, mas eu gosto. Ela me deixa viva, acesa. E...

Ela fez uma pausa, engolindo em seco.

— ontem eu fui dormir com o pai dela... e nada. Nem vontade, nem desejo. Nada. E isso é raro, Ju. Mesmo com a rotina, a gente ainda se entendia bem. Mas agora... parece que tudo travou.

Júlia se aproximou, mais séria.

— Bianca... você tá apaixonada por ela?

— Eu não sei.acho q n Eu só sei que... que essa noite, antes de levantar pra ir atrás dela na cozinha... eu dormi por alguns minutos. E sonhei.

— Sonhou com a Laura?

Bianca assentiu, corada.

— A gente tava sozinha... na sala de cinema. E ela se aproximava devagar, me tocava o rosto, beijava meu pescoço. Me deitava no sofá, tirava minha blusa. Eu sentia o calor do corpo dela no meu, o cheiro da pele... e quando acordei, meu coração tava disparado. Eu nunca tinha sentido isso com outra mulher antes. Eu ja fiquei com mulheres sim mss Nunca senti essa vontadegrande . E agora eu me pergunto se esse desejo que tava escondido em mim esse tempo todo... ou se é ela que tá despertando isso.

Júlia ficou em silêncio por um instante. E então, com um brilho cúmplice nos olhos, disse:

— Bia... escuta o que eu vou te dizer: se tem uma coisa que eu aprendi na vida, é que o corpo não mente. Nem o desejo. Você tá viva, sentindo, querendo... e a Laura não é uma criança. Ela sabe o que faz. E se ela também sente... então talvez isso não seja tão errado assim quanto você acha.

Bianca abaixou os olhos, confusa.

— Mas ela é minha enteada. E eu sou casada, Ju...

— E o seu marido? Tá onde agora?

Como se o universo tivesse ouvido, o celular de Bianca vibrou na hora. Ela olhou a tela. Era ele.

Atendeu.

— Oi, amor. — Ouviu do outro lado um tom cansado. — Bia, só te avisando que pintou uma emergência aqui na empresa. Não vou conseguir voltar pra casa hoje. Dorme tranquila, tá?

Ela forçou um sorriso.

— Tá bom. Se cuida aí.

Desligou. Ficou em silêncio.

Júlia levantou uma sobrancelha.

— Então... vai ficar sozinha em casa. Com a Laura.

Bianca arregalou os olhos, como se só agora se desse conta.

— Não. Não posso. Eu não posso, Ju. Se eu ficar sozinha com ela... eu juro que não sei se consigo me controlar. eu me finjo de inocente com ela mas não vou conseguir

— Quer que eu durma lá?

Bianca assentiu na hora.

— Por favor. Eu preciso de você lá hoje. Preciso me lembrar de quem eu sou.

Júlia pegou a bolsa e deu um gole final no vinho.

— Bora. Eu sou ótima pra segurar hormônio alheio. Mas se vocês se pegarem e eu acordar com barulho... vou fingir que tô sonhando.

As duas riram — mas no fundo, sabiam: aquela noite ainda guardava mais perigos do que pareciam.

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Comments

Rafaela Silva

Rafaela Silva

ate que enfim tava já ansiosa obg 😍😍😍😍👏👏

2025-05-07

1

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