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Capítulo 5

Espada e Sangue

Os primeiros raios pálidos da manhã tingiam o céu de cinza e dourado quando Elora deslizou pelos corredores secretos do palácio.

Carregava nos braços uma túnica simples, roubada discretamente dos estábulos reais.

Sob o pano áspero, escondia também a esperança — e o risco — que poderia custar sua vida.

O coração martelava no peito, mas não era medo que a guiava.

Era decisão.

A promessa feita na noite anterior ainda queimava viva em sua alma: não seria mais uma prisioneira invisível.

E se precisasse lutar pelo próprio valor, então aprenderia a lutar de verdade.

Passou pelo velho jardim abandonado, onde as estátuas cobertas de musgo pareciam guardiões adormecidos, até alcançar um pátio esquecido — usado apenas pelos escudeiros mais humildes para treinos privados.

Ali, ao romper da aurora, Elora encontrou seu primeiro mestre.

Era um velho instrutor, de rosto marcado pelo tempo e pelos campos de guerra, chamado Sir Halric.

Nenhum título de nobreza lhe restara. Apenas a experiência — e uma amargura tão profunda quanto suas cicatrizes.

Ele ergueu os olhos quando Elora se aproximou, vestida como um jovem escudeiro maltrapilho.

— O que quer, garoto? — rosnou, sem perceber quem realmente estava diante dele.

Elora respirou fundo, forçando a voz a sair firme:

— Quero aprender a lutar.

Sir Halric a estudou por um instante longo e pesado.

Seus olhos, acostumados a pesar homens e intenções, demoraram-se nas mãos delicadas dela, no corpo pequeno demais para a armadura que tentava esconder.

Então cuspiu no chão e riu, um som seco como gravetos quebrando.

— Volte para sua mãe, criança. Antes que um sopro te quebre no meio.

Elora não se moveu.

Seu rosto, sob a sombra do capuz, endureceu.

— Não tenho mãe. — respondeu, sua voz baixa, vibrando com uma dor crua.

O velho parou.

Algo naquele olhar — algo naquela dor contida — o fez hesitar.

Sir Halric virou as costas, como quem pretende ignorar. Mas sua voz traiu-o:

— Muito bem. — murmurou. — Se quer aprender a lutar, aprenderá primeiro a sangrar.

Jogou-lhe uma espada de treino — pesada, sem fio, mas cruel no peso.

Elora a agarrou com ambas as mãos e quase perdeu o equilíbrio.

O metal parecia uma fera selvagem em seus braços frágeis.

— Erga. — ordenou o velho.

Ela ergueu.

— Mais alto! — rugiu.

Seus músculos queimaram. Seu corpo tremeu.

O sol subiu no céu, testemunha silenciosa de cada golpe mal executado, cada queda na poeira áspera, cada respiração entrecortada pela dor.

E Sir Halric, sem piedade, não aliviava.

— Mais forte! Quer ser esmagada como uma flor fraca? De novo! De novo!

O tempo perdeu sentido.

Elora caiu tantas vezes que seu corpo parecia feito de hematomas.

Suas mãos, delicadas de concubina, rasgaram-se até sangrar.

A poeira misturou-se ao sangue e ao suor, manchando sua túnica tosca.

E ainda assim... ela se levantava.

Sempre.

Sir Halric, em silêncio, observava.

O velho conhecia homens que choravam na primeira queda, príncipes que abandonavam a espada ao menor corte.

Mas aquela garota — porque agora ele via claramente que era uma garota — não chorava.

Sangrava.

Tremia.

Mas não cedia.

E algo, muito lá no fundo do velho guerreiro, se curvou em respeito.

Quando a noite finalmente caiu sobre o pátio esquecido, Elora estava de joelhos, exausta, a espada apoiada no chão como se fosse a última âncora de sua alma.

Sir Halric se aproximou, jogou uma garrafa de água em seus pés e falou, pela primeira vez com um tom menos duro:

— Amanhã. Mesma hora. Se ainda tiver forças.

Sem olhar para trás, ele desapareceu nas sombras.

Elora permaneceu ali por um momento, sentindo cada músculo doer, cada ferida arder.

Mas em seu peito, sob a poeira, o suor e o sangue, algo crescia.

Força.

Ela sorriu para si mesma, um sorriso pequeno, quebrado, mas verdadeiro.

O caminho seria brutal.

Ela sangraria, cairia, talvez quebrasse.

Mas venceria.

Porque era mais que uma concubina.

Mais que uma sombra.

Era fogo.

Era promessa.

Era destino em carne viva.

E aquele reino, aquela coroa esquecida entre as guerras, ainda ouviria seu nome.

Elora.

Aquela que renasceria das próprias cinzas.

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