Depois que conseguimos o nome de outro envolvido, meu chefe mandou chamar a gente pra dar os parabéns pelo nosso progresso, algo que o resto dos meus colegas não conseguiu, já que eu atirei no único suspeito que as câmeras tinham conseguido gravar. Ou seja, diferente da gente, eles não têm nem um nome pra se agarrar.
Nesse "jogo", não importa o que você faça, desde que atinja o objetivo. Matar a única testemunha poderia ser um problema pra um policial normal, mas pra nós, esconder provas é fundamental, é até prioridade.
É como mandar um recado pros nossos colegas: um por um, vamos "florescer". Eu sei que, mais cedo ou mais tarde, vamos descobrir quem tá envolvido nisso tudo. É quase óbvio que nosso objetivo é pressionar os envolvidos, mostrar pra eles o quão difícil vai ser escapar, principalmente se nosso alvo acabar morto.
A gente meio que quer dizer indiretamente: "Sua vida em troca do ômega". E, sinceramente, depois de tantas missões parecidas, sei que não importa quem seja, sempre aceitam o acordo.
Agora, falando do que rolou com o Miller... acho que exagerei um pouco nas brincadeiras. Mesmo que o único que viu a gente se beijar já esteja morto, imagino que tenha ferido o orgulho dele como alfa naquele momento. Deixando claro, a gente não tem interesse romântico um pelo outro. Eu nem gosto de alfas desse jeito. Mas outro dia ouvi uma mãe falando pra um filho num restaurante: "Como você sabe que não gosta se nunca provou?" E, desde então, não paro de pensar nisso. Vai ver a solução pra essa situação toda é... provar.
E, falando sério, acho que ele gostou do beijo. Sei que beijo bem e ele, olha, não é ruim não, viu? Até me surpreendeu! Bem melhor do que aquele primeiro beijo que ele me deu, que foi rapidinho, quase nada. O meu foi intenso, deixou a gente até sem fôlego, com sede de mais.
Engraçado que mesmo numa situação dessas, eu ainda queira vencer. Acho que ele também. Sempre competimos, então tenho certeza que ele vai fazer alguma coisa pra tentar ganhar.
O que eu realmente não esperava era ficar sozinho com nosso chefe depois da reunião. Ele disse que percebeu um comportamento meu meio inapropriado e mandou o Miller sair da sala.
A sala do chefe é à prova de escuta, ele sabia que ninguém mais ia ouvir o que a gente ia conversar.
Na hora, eu não entendi o que ele queria. Sim, já me comportei mal várias vezes, mas nunca me segurei porque sou um dos melhores agentes. E ele não é do tipo que se importa com reputação.
— Vai me dar bronca pelo quê? — perguntei — Pelas bombas nos carros? Por atrapalhar o trabalho dos outros? — continuei, enquanto ele se ajeitava na cadeira — Duvido que seja por provocar o Miller... ou é?
— Que tipo de relação vocês dois têm? — ele perguntou, e eu fiquei mudo na hora. Será que ele soube do beijo? — Preciso que você se afaste da investigação.
— Por quê? — perguntei irritado — É porque eu beijei ele só pra provocar? — perguntei, vendo a cara de surpresa e de quem estava pensando rápido.
— Eu não sabia que você tinha esse tipo de gosto — comentou.
— Provocar é meu hobby favorito, achei que você soubesse — murmurei, me sentando em frente a ele, querendo voltar pra missão.
— Mesmo assim, não é sobre isso. Como você mesmo disse, eu conheço seu fanatismo por irritar seus colegas. Mas recentemente recebi uma informação sobre o Allan: viram ele na área do sequestro algumas horas antes de tudo acontecer — me informou enquanto eu franzia a testa — preciso que você investigue isso.
— Tá dizendo que ele também tá envolvido? — perguntei confuso — Ele é um agente, como é que conseguiram flagrar ele? Não faz sentido.
— Também não faz pra mim, por isso preciso que você investigue. Você sabe que confio em você, é um dos meus melhores agentes — ele disse, mas mesmo ouvindo tudo, eu não conseguia entender direito.
Não fazia sentido. O Miller é o tipo de agente que nunca deixaria rastros. Se ele tivesse mesmo envolvido, teria apagado todas as provas, ou pelo menos destruído as câmeras que poderiam culpar ele. Eu sei que o meu chefe não tá dizendo que ele é um traidor, mas pra mim não batia essa história.
Mesmo assim, aceitei sem hesitar.
Meu chefe começou a passar mais informações do que antes. Até confessou que a ideia de trabalhar em duplas era justamente pra me colocar perto do Miller, pra eu vigiar ele sem levantar suspeitas.
Só que aí, antes de eu sair da sala, ele mandou essa: "Você tem que fazer o que for preciso pra ganhar a confiança dele. Se isso significar ir pra cama com ele, então faça."
Mano, na hora me deu um arrepio. Seduzir alguém não é problema, nós agentes usamos o corpo pra conseguir o que queremos sem pensar duas vezes.
Mas seduzir o Miller? Como é que eu vou seduzir aquele idiota? Nem sei se ele gosta de alfas... Pode ser que ele só esteja me provocando.
Mas beleza, vou dar o meu melhor pra levar ele pra cama. Pessoas criam laços quando estão peladas e suadas, não importa quem seja, sempre dá certo.
Claro que o Miller tava me esperando depois, querendo saber o que o chefe tinha falado. Aí fingi estar preocupado e disse que ele tinha descoberto nosso beijo.
— Por sua culpa quase fui demitido — reclamei, indo pro meu carro — nosso chefe não é mente aberta o suficiente pra aceitar dois alfas se beijando, então... — parei pra sorrir de forma debochada — é melhor você continuar escondendo seus sentimentos por mim.
— E sobre a missão, ele não falou nada? — perguntou sério.
— Não, só me deu uma bronca — menti, e parei no meio do corredor.
— Por que, caralho, quem levou bronca fui eu, se foi você que me beijou? Não é justo, isso é favoritismo — reclamei de propósito, só pra ver ele sorrir divertido. Ele adora qualquer discussão que ele acha que vai ganhar fácil.
Preciso ganhar a confiança dele e também não posso ser descoberto, então sugeri a gente continuar a investigação do sequestro, assim tinha desculpa pra ficar mais tempo junto.
Só que isso acabou levando a gente até um prédio aparentemente abandonado cheio de caras armados.
Dessa vez eu não queria passar despercebido, então entrei pela porta da frente exigindo falar com o chefe antes que todo mundo começasse a atirar. Foi até divertido ser empurrado pelo Miller pra trás de umas estruturas que davam cobertura das balas.
Claro que ele tava puto, me chamando de idiota por arriscar minha vida.
Mas eu precisava ver como ele se comportava. Se o Miller fosse um traidor, os caras iam hesitar em atirar nele ou ele ia tentar ferrar com a investigação. Por isso precisava criar situações tensas.
E como eu disse, sempre é divertido dar uns socos em bandido.
Graças ao fato de o prédio estar em ruínas, eu podia me aproveitar das irregularidades do terreno para me esconder e ir eliminando o número de nossos inimigos. Claro que chutar uma granada nunca é divertido, o medo de chutá-la tarde demais me gera ansiedade; no entanto, continuo vivo, então, de fato, a chutei a tempo.
Preciso admitir que levou mais tempo do que eu imaginei para eliminarmos todos aqueles homens armados. No entanto, eu não sei se Miller tentava esconder evidências ou salvar minha vida, porque fiquei atônito quando ele apontou a arma para mim assim que acreditávamos ter vencido.
Eu estava provocando-o quando ele mirou em mim e, antes que eu pudesse perceber, ele atirou em minha direção. Só que a bala não me acertou — o homem que estava no comando caiu no chão atrás de mim.
É difícil acreditar que ele me salvou. Minha mente agora está tão focada em descobrir a verdade que não consigo reconhecer o lado bom da sua ação. De qualquer forma, o único homem que poderia nos fornecer um nome morreu.
— Você está bem? — ele perguntou, se aproximando de mim com uma expressão quase preocupada.
— S-sim... — respondi, abaixando a cabeça e fingindo estar abalado com o ocorrido. — Você... me salvou? — perguntei, olhando em seus olhos.
— Ethan... — ele segurou minhas bochechas, olhando-me confuso. — O que foi?
— Nada, é só que... — abaixei a cabeça, escolhendo bem minhas palavras — achei que você fosse atirar em mim. Eu sei que às vezes posso ser irritante, mas...
— É melhor irmos embora — ele propôs, quase como se estivesse querendo evitar o assunto.
Eu decidi aceitar, mas continuei com meu papel de "garoto confuso e abalado", então fiquei em silêncio durante todo o caminho enquanto dirigia. Sem dúvida, foi entediante permanecer tanto tempo sem provocá-lo. A viagem, como sempre, parecia interminável, mas como já era tarde e sua casa estava próxima, ele sugeriu que eu ficasse lá.
Era uma ideia excelente — assim, eu também poderia investigar o lugar e, se tivesse sorte, descobrir algo relevante. No entanto, não criei muitas expectativas; é muito improvável que eu encontrasse algo que o comprometesse.
Normalmente, agentes como eu têm várias casas para se esconder, todas de tamanhos diferentes, então fiquei muito animado ao ver um trailer no meio de um campo. A vista era maravilhosa; sem dúvida, era um ótimo esconderijo — e, melhor ainda, só havia uma cama.
— Se você queria me levar para a cama, não precisava fingir preocupação comigo — comentei, olhando para a cama no fundo do trailer.
— Eu não estou tentando te levar para a cama. Para de falar besteira — ele pediu enquanto tirava a camiseta, que estava coberta de sangue (que nem era dele). Não adiantava tentar lavar — sangue é difícil de remover.
— Posso tomar banho primeiro? — perguntei, e ele imediatamente assentiu.
Eu não estava tramando nada — só não queria correr o risco de ficar sem água quente, algo que ele lembrou poucos segundos depois que eu entrei no banheiro. O espaço não era muito grande, mas era prático, e, se ele quisesse, poderia muito bem ter entrado comigo.
Quando ele se lembrou de que eu poderia acabar com toda a água quente, gritou um "Não gaste toda a água!", ao que respondi com um "Então tome banho comigo", deixando-o sem palavras.
Eu sabia que ele não entraria comigo no banheiro tão facilmente, então busquei uma maneira de provocá-lo um pouco mais e, inclusive, queria fazê-lo acreditar que eu realmente planejava gastar toda a água quente. E funcionou: ele acabou entrando comigo no chuveiro, me ameaçando: "Se você olhar demais, eu te mato".
Não pude evitar rir — quem estava olhando demais era ele, especialmente quando virei de costas para enxaguar meu corpo de maneira desnecessariamente provocativa. Eu tocava meu corpo como se estivesse tímido, e como sentia seu olhar cravado em mim, aproveitei a situação.
Obviamente, gosto de limpar cada cantinho do meu corpo, então peguei o chuveirinho de mão para receber a água de maneira mais direta e, aproveitando seu formato curioso, aproximei-o da minha bunda, fingindo que precisava me limpar minuciosamente ali — embora eu já tivesse feito isso antes de ele entrar.
— Não me olhe... — murmurei, mantendo meus olhos fixos em um ponto aleatório da parede do chuveiro, como se estivesse envergonhado.
Ele não respondeu nada, mas, claramente, não obedeceu. Com a ajuda do reflexo no metal do chuveiro, consegui ver seu olhar descarado em minha direção.
Meu plano era seduzi-lo — não queria fazer sexo ali mesmo —, por isso, coloquei o chuveirinho de volta no suporte, permitindo que ele se enxaguasse.
Agora era eu quem o observava enquanto secava meu corpo. Gosto do formato das costas dele. Não me surpreende que tenha um corpo tão bem trabalhado — eu também tenho —, além de um belo traseiro.
Se eu tentar levar essa situação um pouco mais além, qual será a probabilidade de ele me deixar subir nele?
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Atualizado até capítulo 34
Comments
Muhammad Fatih
Uau, que história! 🤩
2025-04-21
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