Conversa ao vento

Assim que Arthur sai do quarto, aproveito para mandar uma mensagem no grupo com Júlia e Miriam: “Venham se arrumar aqui comigo!”. Em menos de um minuto as duas aparecem, animadas, já batendo à porta. Trancamos tudo e começamos os preparativos enquanto as fofocas rolam soltas, como de costume.

— Gente, quem recepcionou os convidados? — pergunto, curiosa, enquanto passo rímel.

— Eu, infelizmente — responde Miriam com um suspiro dramático e revirando os olhos.

— E aí, o que achou? — continuo, já esperando a bomba.

— Bruno é um deus grego, Erika me parece meio suspeita e... Isabel, bom... — Miriam hesita.

— Isabel sendo Isabel — completa Júlia, e caímos na risada.

Nos arrumamos em cerca de uma hora e meia. Cada uma com seu look impecável, saímos do quarto e vamos direto para a sala, que já está lotada. A música preenche o ambiente e luzes coloridas criam um clima animado. Procuramos pelos meninos em meio à multidão e, quando os localizamos, seguimos até eles.

Bruno é ainda mais bonito de perto. Alto, ruivo, olhos verdes, com aquele charme tranquilo de quem sabe exatamente o que está fazendo. Um metro e noventa de pura tentação.

— Aí estão vocês! — diz Arthur, interrompendo a conversa com Bruno e Pedro. — Bruno, essa é a Júlia, faz parte da minha equipe produtiva e criativa, essa é a Miriam, nossa RP — mas você já deve conhecê-la — e essa é minha melhor amiga e social media, Samira!

— Prazer em conhecer vocês, meninas! — diz Bruno com um sorriso encantador.

— O prazer é nosso! — respondemos quase em coro.

— Bom, com licença, vamos circular e supervisionar a festa — aviso, já me afastando com as meninas.

Enquanto tudo parece estar nos conformes, aproveito para fazer algumas fotos para o Instagram da empresa. Vou pegar uma bebida quando, de repente, esbarro em alguém.

— Desculpa! Eu não te vi! — diz Bruno, atento, verificando se estou bem.

— Ah, tá tudo certo! — respondo com um sorriso.

— Então você é a famosa melhor amiga do Arthur? — pergunta ele, tentando puxar assunto. Mas a música está tão alta que mal consigo ouvir.

— Desculpa, tá muito barulho aqui! — aviso, apontando para o som.

— Vamos sair daqui? — Sugere ele, e vejo aí uma ótima oportunidade de tirar as teias de aranha da minha boca.

— Vamos!

Pegamos nossas bebidas e subimos até o terraço. De lá, seguimos para o telhado, onde nos acomodamos com uma garrafa de vinho ao lado, a brisa do mar fazendo carinho no rosto e o céu estrelado como cenário.

— E aí, há quanto tempo é amiga do Arthur? — Ele pergunta, quebrando o silêncio.

— Desde que meu pai trabalhou para a família dele. Tínhamos nove, dez anos.

— Seu pai fazia o quê?

— Era motorista.

— Que interessante! — comenta, tomando um gole de vinho.

— O quê? Um riquinho não pode ser amigo da classe baixa? — provoco, fingindo me ofender.

— Não, não foi isso! — diz ele, visivelmente nervoso. Quase engasga. Eu mal contenho o riso.

— Relaxa, tô só brincando com você!

— Mas falando sério, é raro uma amizade durar tanto tempo. Crescer complica tudo.

— Verdade. Mas nossa amizade é firme. Não me imagino sem as piadinhas e implicâncias do Arthur.

— E você? Me conta mais de você.

— Ah, como deve saber, virei CEO da Laycors, os laboratórios da minha família. A vida ficou... séria demais — confessa, meio pensativo.

— Então não era seu plano?

— Não exatamente. Tinha outros sonhos.

— Mas está feliz?

— O que é estar feliz, afinal?

— Ufa, pergunta difícil! — brinco, rindo leve.

— Acho que sinto um vazio. Como se algo estivesse faltando...

— Então por que não fecha a parceria com o Arthur?

— Está em análise...

— O que você tem a perder?

Ele sorri de lado, tomando outro gole.

— Está tentando me convencer, senhorita Samira?

— Só te mostrando as vantagens!

— Quais?

— Uma parceria com uma empresa sólida… e bons amigos.

— Essa última parte me interessa mais — diz ele, me lançando um olhar que não sei decifrar de imediato.

Ficamos ali, apenas conversando, rindo de coisas aleatórias e dividindo o vinho sob o céu escuro. Ao contrário do que imaginei, não rolou nenhum clima romântico, só uma boa conversa. Talvez seja isso que ele esteja precisando.

Voltamos para a sala já eram duas da manhã. Metade das pessoas já tinha ido embora. Alguns dormiam na grama ou desmaiados no sofá. Sem sinal das meninas ou dos meninos. Me despeço de Bruno e vou para meu quarto, tranco a porta e apago assim que me jogo na cama.

Na manhã seguinte, a casa está silenciosa. Coloco meu biquíni, pego os óculos de sol e vou invadir o quarto da Júlia. Mal abro a porta e já me arrependo.

— MEU DEUS! — grito, tapando os olhos ao vê-la deitada com Pedro.

— Não sabe bater na porta não?! — reclama ele, estressado.

— Eu tô no quarto da MINHA amiga, não esperava ver um penetra aqui! — rebato, enquanto Júlia, com um sorrisinho maroto, levanta-se enrolada no lençol.

— Amiga, vai indo pra praia, só vou tomar banho e já te alcanço!

— Depois dessa cena, vou precisar de terapia! — saio bufando, vou até a cozinha, pego uma maçã e fico mexendo no celular.

Minutos depois, Júlia chega com a cara mais cínica do mundo.

— Pedro, né? — digo zombando.

— Ai, amiga... tudo de bom e mais um pouco!

— Pode me poupar dos detalhes, por favor!

— E os outros?

— Prefiro nem saber. Acho que fui a única que dormiu sozinha!

— Como assim?

— Te conto no caminho!

Vamos conversando até a praia, onde contamos tudo uma à outra. Nos ajeitamos nas cadeiras debaixo do guarda-sol.

— Amiga, será que ele é gay?

— Não acho, mas talvez só estivesse precisando conversar.

— Sei não... — ela responde, intrigada.

Fecho os olhos por um instante, até ouvir Júlia empolgada:

— Mas vou te dizer... ele é um gostoso, viu!

Abro os olhos e vejo ela apontando para os meninos vindo em nossa direção. Os três — Arthur, Pedro e Bruno — parecem ter saído de um editorial de moda de verão.

— Limpa a baba aí! — brinca Júlia ao me ver levantando os óculos.

— Haha, engraçadinha!

Arthur vem correndo e se joga ao nosso lado, espalhando areia pra todo lado.

— Eita, homem atentado! — reclamo.

— Não sei se sou atentado, mas que sou a tentação... — pisca ele.

— Nem todo homem, mas sempre um homem... — diz Júlia, revirando os olhos.

Pedro, provavelmente com medo de eu fazer piada da cena matinal, se apressa em entrar no mar. Arthur me lança um olhar curioso.

— O quê? Eu não sei de nada! — respondo com cara de santa, enquanto Júlia solta um risinho.

Olho para Bruno, que não desvia os olhos de mim.

— Vou comprar sorvete, alguém quer? — pergunta ele, e Júlia me cutuca discretamente.

— Eu! Eu posso ir com você? — pergunto.

— Seria ótimo! — ele estende a mão e me ajuda a levantar.

— Eu também vou... — diz Arthur, se levantando.

Mas Júlia dá um beliscão disfarçado nele, e ele volta a se sentar.

— Pensando bem, não vou deixar minha prima sozinha... Mas tragam pra gente!

— Pode deixar! — digo, piscando. — Mas só se eu não cuspir no seu!

Ele mostra a língua e se joga de volta na cadeira, pegando o celular.

E lá vamos nós, eu e Bruno, rumo ao sorvete. E, quem sabe, algo mais.

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Comments

Salete Michels de Gracia

Salete Michels de Gracia

Até agora é uma bagunça, não sei onde está o romance 🤔🤔🤔

2025-07-14

0

Cicera Santos

Cicera Santos

Arthur gosta dela

2025-04-22

1

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