Preparativos

— Ei, vocês dois vão ficar aí parados? Venham logo, vamos entrar! — Chama Júlia, com sua energia contagiante. Ela é prima do Arthur por parte de mãe. Conheci essa figura em uma das viagens que fiz com ele para a casa dos tios — pessoas incríveis, por sinal. Desde então, Júlia e eu viramos amigas inseparáveis. Ela tem uma queda gigante pelo Pedro, que entrou nas nossas vidas na época da faculdade de Arthur. Eles cursaram Direito juntos. Arthur acabou largando o curso, mas Pedro seguiu firme e forte — hoje é advogado da família Cavallieri.

Já a Miriam é amiga da Júlia. Eu não a conhecia tão bem, mas sempre achei ela um amor de pessoa — simpática, divertida e com aquele jeitinho leve de quem parece estar sempre de bem com a vida.

Entramos todos na casa, e Arthur chama a atenção da galera:

— Pessoal, preciso falar com vocês.

Nos aproximamos, curiosos. Ele continua:

— A festa de hoje não é só farra. Preciso fechar um acordo importante com a família Fernandes. Eles são referência no ramo da perfumaria e os laboratórios deles são os mais respeitados do Brasil. Por isso, preciso da colaboração de vocês para que tudo saia perfeito.

— Mas amigo, não deveria ser uma festa mais formal então? — Questiona Júlia, franzindo o cenho.

— Se os donos fossem mais velhos, com certeza. Mas quem comanda tudo agora é o Bruno Fernandes e a irmã dele, Erika.

— Espera... aquele que você deixou sozinho no restaurante? — Pergunto, espantada.

— Como assim você abandona uma mulher daquelas? — Diz Pedro, indignado.

— Isso não vem ao caso — rebate Arthur, tentando encerrar o assunto. — Agora, vamos nos acomodar nos quartos. Daqui a meia hora a gente se encontra para alinhar os detalhes, combinado?

Cada um segue para seu canto. Vou direto para o meu quarto favorito — aquele com a vista maravilhosa para o mar. A janela enorme emoldura o oceano como se fosse uma pintura viva. Deixo minha mala de lado, respiro fundo e logo ouço batidas na porta.

— Entra! — Digo.

É Júlia, já com o celular em mãos e olhos arregalados.

— Amiga, fui stalkear a tal da Erika... Ela é linda demais!

— Sim, eu achei também. Ela tem presença.

— Mas como o Arthur deixou uma mulher daquela sozinha?

— Não faço ideia do que rola entre eles. Mas senti uma química forte. A gente estava jantando quando ela chegou, supersimpática. Tão simpática que eu mesma inventei uma desculpa pra sair de cena. Pedi um Uber, e quando tava saindo, Arthur apareceu do nada dizendo que me levaria pra casa porque era um homem de palavra. Tentei recusar, mas ele foi irredutível.

— Ai amiga, então ele não tá interessado nela. Arthur recusar mulher, ainda mais aquela mulher, é quase milagre!

— Pois é... Foi tudo meio estranho.

— E você, hein? Quando vai arrumar um gostoso pra tirar o mofo?

— Depois do meu último relacionamento? Tô traumatizada!

— Você acha que ele virá hoje?

— Acho que não, mas ele é amigo do Arthur...

— Diego não teria coragem.

— Espero que não. Me trair com a Jéssica foi o cúmulo! — digo fazendo drama, mas no fundo nem me importo mais. A relação já estava mais pra Titanic afundando do que qualquer outra coisa.

— Verdade! — diz ela, rindo. — Aquela Jéssica roda mais que peão de madeira!

— Já escolheu sua roupa? — pergunto.

— Um vestido vermelho, curto, com fenda. E você?

— Esse aqui! — digo mostrando um vestido rendado preto, de mangas longas e curtinho. Ela me olha com cara de safada.

— Menina, você vai destruir corações hoje!

— Essa é a meta! — rimos e continuamos conversando, até que descemos para encontrar o restante do grupo.

— Pessoal, pequena mudança de planos! — avisa Arthur.

— O que foi agora? — pergunta Pedro, jogando-se no sofá.

— Daqui a vinte minutos chegam mais três convidados. Vão passar os próximos dias aqui conosco.

— Quem?! — pergunto, já impaciente.

— Os irmãos Fernandes... e minha prima Isabel.

Um coro de reclamações ecoa pela sala. Isabel, prima por parte de pai de Arthur, é famosa por ser a rainha da antipatia.

— Sério, cara? Por que chamou ela?

— Na verdade, foi pedido da Erika. Não tive escolha — diz ele levantando as mãos como quem se rende.

— Aturar a Isabel por três dias... Que Deus nos proteja — reclama Júlia.

— Do que estão falando? — pergunta Miriam, que acabara de chegar.

— Teremos novos hóspedes daqui a pouco — explico.

— Quem? Fala logo!

— Isabel e os irmãos Fernandes — responde Júlia.

— A Isabel? Aquela criatura insuportável? — pergunta Miriam, quase em pânico.

— Ela mesma — confirmo.

— Mas por que ela vem?

— É amiga da Erika — responde Júlia, revirando os olhos.

— Ai, que raiva. Já tô pegando ranço dessa Erika — exclama Júlia.

— Tamo junta! — concorda Miriam.

— Calma, gente. A Isabel é mesmo insuportável, mas a Erika foi super gentil comigo — tento defender.

— Sei não — diz Júlia, desconfiada.

— Enfim... mãos à obra! — chama Arthur.

Todos assumimos tarefas: Júlia cuida da decoração, Miriam se certifica que os quartos de cima fiquem trancados (só os do térreo ficarão abertos para a galera), Arthur e Pedro ficam com as bebidas e eu fico responsável pela comida. Vou até a área da piscina e começo a organizar tudo.

Depois de um tempo, ouço movimentação na entrada — os convidados devem ter chegado. Mas sinceramente? Não tô com vontade de socializar. Vou deixar isso com a nossa "RP" oficial, Miriam.

Subo para o quarto e me jogo na cama, com tudo pronto. Coloco um filme no celular e estou quase pegando no sono quando ouço batidas na porta. Está trancada, então levanto para abrir.

— O que você tá fazendo aqui? — pergunto, surpresa ao ver Arthur entrando sem cerimônia.

— Terminei tudo e vim ver o que você está fazendo.

Ele se joga na minha cama e pega meu celular.

— Eca, Arthur! Com essa roupa suja na minha cama?

— Ai, deixa de frescura! — diz ele, rindo.

Reviro os olhos e me sento ao lado dele. Ficamos ali assistindo o filme até que, sem perceber, dormimos. Acordo com ele tampando meu nariz.

— Arthur! Tá maluco?

Ele ri como uma criança travessa.

— Sabia que você ronca?

— Sei sim. Qual o problema?

— É engraçado!

— Hahaha. Que horas são?

— Hora de se arrumar! — responde ele se levantando.

— E as bebidas?

— Já tá tudo certo.

— Então vaza! Preciso me arrumar.

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