Meu CEO Favorito
Acordo ao som irritante do despertador e, assim que me levanto, sinto o corpo inteiro reclamar. Estou dolorida da cabeça aos pés. Acho que exagerei um pouco ontem à noite... Para ser justa, Arthur teve boa parte da culpa — ele sempre me convence com aquele sorriso malandro. Mas eu realmente preciso aprender a dizer “não”.
Suspiro fundo e sigo para o banheiro, onde um banho gelado me ajuda a despertar. Escolho um look formal: uma blusa branca de mangas longas com decote quadrado, combinada com uma saia xadrez de corte clássico e um salto de bico fino. Prendo meus cachos em um coque bagunçado — o famoso despretensiosamente elegante — e finalizo com uma maquiagem leve, realçando meu tom de pele quente, típico de um outono suave. Encaro meu reflexo no espelho. Pronta.
Já fazem dois anos desde que decidi trabalhar na empresa do meu melhor amigo. Arthur sempre foi divertido, espontâneo e afetuoso. Apesar da ausência dos pais em sua vida, a minha família o acolheu como se fosse um filho. Nos conhecemos quando meu pai trabalhou para a família dele, os Cavallieri. Mesmo com a distância emocional de seus pais, eles sempre foram gentis comigo e nunca se opuseram à nossa amizade — algo raro, considerando a diferença de mundos entre nós.
Quando o divórcio dos pais dele aconteceu, Arthur ficou devastado. Ele passou semanas lá em casa, praticamente virou meu irmão. Brigávamos como tal também, claro. Mais tarde, ele foi estudar na Suíça por dois anos. Quando voltou, abriu sua própria empresa de perfumes de luxo — e me chamou para ser sua social media. Aceitei sem pensar duas vezes.
Arthur adora festas, eventos e está rodeado de gente. Eu, por outro lado, sou mais reservada. Levo tempo para me conectar com as pessoas. Meus únicos amigos de verdade são Júlia e ele. Meus pais, Dona Márcia e Seu Carlos, montaram uma pequena empresa de cosméticos, e graças ao esforço deles, hoje temos uma vida bem mais confortável.
Olho para o relógio e levo um susto. Estou atrasada — de novo. Saio correndo e, claro, perco o ônibus por alguns segundos. Sem opções, chamo um Uber e chego apressada à empresa. Assim que entro na recepção, vejo Arthur parado diante do elevador, com cara de quem ainda está processando a existência.
— Você tá igual a um zumbi! — Digo me aproximando sorrateiramente antes de lhe dar um susto.
— Você enlouqueceu, garota?! — Responde ele, fingindo um ataque cardíaco.
— Nunca mais me chame para beber durante a semana!
— Ah, mas a senhorita adorou!
— Adorei nada! Está vendo aquele vaso de plantas ali? — Aponto com drama. — Eu tô mais acabada que aquela samambaia murcha.
Ele ri e passa o braço sobre meus ombros.
— Assim não, Arthur! As pessoas vão achar estranho.
— Sempre acharam, não é agora que vou me preocupar.
— Mas eu me preocupo! — Digo, tirando o braço dele de cima de mim. — A propósito, você já contratou sua nova assistente?
Arthur coça os olhos, claramente exausto, e faz uma careta.
— Precisava me lembrar disso?
— Tá tão difícil assim?
Entramos no elevador enquanto ele abre os braços teatralmente.
— Olha para mim... me diga o que vê.
— Alguém ainda sob efeito do álcool.
— Não tô falando disso, palhaça!
— Então o quê?
— Você me acha bonito?
Arqueio uma sobrancelha, incrédula.
— Você sabe que sim.
— Tá vendo? Esse é o problema.
— Ainda não entendi... — finjo inocência, só para provocá-lo.
— Elas só querem meu corpinho e meu dinheiro. — Diz, gesticulando dramaticamente, me arrancando uma gargalhada.
— Pobrezinho do menino rico... Quer um cafuné?
— Você faria isso por mim?
— Só se me der uma semana de folga.
— Aí não, minha querida. Assim você tá pedindo demissão.
— Ah, meu chefe... faltaria mais do que isso para se ver livre do trabalho.
— Que audácia! Quer ser demitida? Ainda sou seu chefe!
Dou um beliscão nele e Arthur se finge de ofendido. O elevador se abre, e damos de cara com o pai dele, conversando com um segurança. Ele me cumprimenta com um sorriso caloroso e chama Arthur para uma conversa reservada. Sigo para o meu setor e, assim que entro, percebo o alvoroço.
Todo mundo está reunido em volta do celular de Kaio. Sinto cheiro de fofoca no ar.
— O que tá acontecendo aqui? — Pergunto, curiosa.
— Nosso Big Boss aprontou de novo! — Diz Kaio, animado.
— Como assim?
— Saiu na imprensa... uma garota afirmando que está grávida do Arthur! — Responde Layla, minha chefe, com os olhos arregalados.
— Chocada! Mas será que é verdade? — Pergunto, surpresa.
— Você que devia saber, né? Vocês vivem grudados! — Diz Júlia, rindo.
— Tô louca pra ser tia, mas, gente... dessa história eu não sabia de nada!
— Bom, então só nos resta aguardar as cenas dos próximos capítulos... — exclama Kaio, como se estivéssemos assistindo a uma novela.
Voltamos ao trabalho com um foco completamente diferente. O senhor Cavallieri, preocupado com a reputação da família, pediu que nossa equipe de marketing agisse rapidamente para conter os boatos e abafar o caso da suposta gravidez. A tensão era visível, e mergulhamos tanto nas estratégias e reuniões de crise que nem percebemos o tempo passar. Quando finalmente saímos da empresa, já passava das oito da noite.
Ao chegar em casa, fui recebida por um cheiro delicioso que só podia vir da famosa sopa da minha mãe. Assim que fechei a porta, ouvi seus passos apressados vindo do corredor.
— Filha? — Ela chamou, com aquele tom aflito que só mães têm.
— Sou eu, mãe! — Respondi, tirando os sapatos.
— Que bom que chegou, vem comer!
— Estou indo! — Sorri, sentindo meu estômago roncar.
Mesmo já tendo jantado, meus pais ficaram ao meu redor, agitados como duas galinhas em volta do milho enquanto eu me servia. Sentei à mesa e, antes mesmo de levar a colher à boca, percebi o brilho curioso nos olhos deles.
— Deixa eu adivinhar... vocês querem saber da história do senhor Arthur?
— Vamos ser avôs? — Soltou meu pai, tão sério que quase cuspi a sopa de volta no prato.
Engasguei, tossi, e acabei rindo alto. Peguei o celular imediatamente, porque aquela cena merecia ser registrada.
— O que você tá fazendo? — Perguntou minha mãe, franzindo o cenho, confusa.
— Só quero deixar esse momento imortalizado — respondi, segurando o riso. — O que vocês queriam saber mesmo?
— Ué, se seremos avós, né? — Repetiu meu pai, encarando a câmera como se fosse um depoimento importante.
— Arthur vai mesmo nos dar um neto? — Minha mãe perguntou com olhos brilhando de esperança.
Tive que me controlar para não rir alto de novo.
— Bom, até agora não sei de muita coisa... mas logo vamos descobrir! — Disse, encerrando o vídeo e dando um sorriso travesso.
Os dois saíram da cozinha visivelmente desapontados com minha falta de informações. Fiquei rindo sozinha enquanto terminava de comer. Depois, subi para o meu quarto, editei rapidamente o vídeo e mandei direto para o Arthur, sem dizer nada. Não esperei resposta — o sono me venceu antes mesmo de conferir se ele tinha visualizado.
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Atualizado até capítulo 60
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