Capítulo 3

Um Cativeiro de Seda

O sol já queimava o céu quando Elias acordou. Tinha dormido pouco, inquieto com tudo que acontecera — ou quase acontecera — na noite anterior. O toque, o olhar, o manto. Tudo parecia uma dança silenciosa entre comando e permissão. Entre domínio e desejo.

Ao se vestir, encontrou um novo envelope sobre a mesa. Sem som, sem batidas na porta. Apenas o bilhete.

> “Hoje, você será minha sombra. Andará comigo. Ouvirá tudo. Dirá pouco. — Shake.”

A caligrafia era firme. Sem hesitação. Assim como ele.

Foi conduzido pelos corredores dourados do palácio até o pátio principal. Lá estava Shake, rodeado por homens de ternos escuros, tratando de negócios, falando árabe com fluência feroz.

Elias se manteve em silêncio. Observando. Traduzindo quando necessário. Mas o que mais o desconcertava era o fato de Shake sempre saber onde ele estava. Cada vez que desviava os olhos, encontrava os de Shake sobre ele. Firmes. Quase possessivos.

Horas se passaram. Reuniões, visitas a alas privadas do palácio, conversas com embaixadores e homens influentes. Mas em nenhum momento Shake permitiu que Elias saísse de seu campo de visão.

Até que, ao fim da tarde, em um salão reservado, o silêncio entre os dois finalmente se quebrou.

— E então? — Shake perguntou, sentado em uma poltrona larga, com uma taça de vinho na mão. — Está cansado de mim?

Elias, em pé à frente dele, hesitou. — Não, senhor.

— Você me obedece rápido demais — comentou. — Não tem vontade própria?

— Tenho. Só... não quero usar com o senhor.

Shake sorriu. Um sorriso escuro, de quem reconhece poder onde outros veem fraqueza.

— Sabe o que mais me atrai em você, Elias? — perguntou, apoiando o copo e se levantando lentamente. — É o fato de você saber que está sendo dominado... e mesmo assim, aceitar.

Ele se aproximou. Cada passo era como um tambor no peito de Elias.

— Isso não é medo. É escolha. E isso... é perigosamente encantador.

Shake parou diante dele. Seus dedos roçaram a nuca do garoto, deslizando até a clavícula.

— Hoje à noite, terá mais uma escolha. Você virá até mim... ou não. Mas se vier — sua voz baixou, rouca —, não haverá mais volta.

E então ele se afastou, como sempre fazia: deixando Elias com o corpo em chamas e a alma em ruínas.

Naquela noite, o palácio parecia inteiro respirar com ele.

E no espelho, ao se encarar, Elias não via mais o menino tímido e obediente de antes. Via alguém que estava sendo lentamente moldado pelo toque de um homem que não pedia — tomava.

Mas Elias ainda tinha uma decisão a tomar.

E bater na porta do shake seria cruzar uma linha da qual seu coração talvez nunca mais voltasse.

O corredor parecia mais longo do que antes. Silencioso, como se o próprio palácio prendesse a respiração. Cada passo de Elias ecoava nas paredes douradas, mais alto do que devia. Sua mão suava. O coração batia desordenado. Ele estava indo. Por vontade própria.

Diante da porta de Shake, parou.

Ali, a respiração dele se prendeu no peito. Porque não era apenas desejo. Era medo. Era atração por algo que poderia consumi-lo inteiro. Mas mesmo assim... ele bateu.

Uma batida firme. E um silêncio em resposta.

Depois, a porta se abriu.

Shake estava ali, sozinho. Usava um robe escuro, aberto no peito, e os olhos — aqueles olhos — pareciam ainda mais escuros à meia-luz do quarto. Ele não disse nada. Apenas abriu espaço para que Elias entrasse.

Elias entrou.

A porta se fechou atrás de si com um estalo suave. Um som que selava um pacto invisível.

— Você escolheu — disse Shake, finalmente, sua voz mais baixa que nunca. — Agora é meu.

Ele caminhou até Elias com calma, como um predador que sabe que sua presa não vai fugir. Levou a mão ao rosto dele, acariciando-o com a ponta dos dedos, como quem explora território sagrado.

— Sabe o que acontece com as coisas que me pertencem?

Elias tentou falar, mas sua voz não saiu. Apenas balançou a cabeça, num gesto pequeno.

— Eu cuido — disse Shake, e então seus lábios tocaram a testa de Elias, suavemente. — Eu protejo.

Uma pausa.

— E às vezes... eu quebro.

O corpo de Elias tremeu. Não de medo. Mas da estranha certeza de que, mesmo que fosse quebrado, ainda assim queria ficar.

Shake encostou sua testa na dele, e por um instante, o mundo se calou.

— Hoje, não tocarei você como desejo — sussurrou. — Hoje, você apenas vai dormir ao meu lado. Quero que conheça o silêncio que vem antes do fogo.

E assim foi.

Elias deitou-se ao lado de Shake naquela noite. Não houve pressa. Não houve pressões. Apenas dois corpos dividindo um mesmo espaço, em silêncio, sentindo o calor de um vínculo que nascia. Perigoso. Incontrolável. Real.

Shake adormeceu com a mão sobre o peito de Elias.

E Elias, pela primeira vez em muito tempo, dormiu sem medo.

Mas sonhou... com a tempestade que vinha.

Mais populares

Comments

Cleide Almeida

Cleide Almeida

shake ñ poupa investida viu😜🗣🗣🗣

2025-04-21

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!