Um Cativeiro de Seda
O sol já queimava o céu quando Elias acordou. Tinha dormido pouco, inquieto com tudo que acontecera — ou quase acontecera — na noite anterior. O toque, o olhar, o manto. Tudo parecia uma dança silenciosa entre comando e permissão. Entre domínio e desejo.
Ao se vestir, encontrou um novo envelope sobre a mesa. Sem som, sem batidas na porta. Apenas o bilhete.
> “Hoje, você será minha sombra. Andará comigo. Ouvirá tudo. Dirá pouco. — Shake.”
A caligrafia era firme. Sem hesitação. Assim como ele.
Foi conduzido pelos corredores dourados do palácio até o pátio principal. Lá estava Shake, rodeado por homens de ternos escuros, tratando de negócios, falando árabe com fluência feroz.
Elias se manteve em silêncio. Observando. Traduzindo quando necessário. Mas o que mais o desconcertava era o fato de Shake sempre saber onde ele estava. Cada vez que desviava os olhos, encontrava os de Shake sobre ele. Firmes. Quase possessivos.
Horas se passaram. Reuniões, visitas a alas privadas do palácio, conversas com embaixadores e homens influentes. Mas em nenhum momento Shake permitiu que Elias saísse de seu campo de visão.
Até que, ao fim da tarde, em um salão reservado, o silêncio entre os dois finalmente se quebrou.
— E então? — Shake perguntou, sentado em uma poltrona larga, com uma taça de vinho na mão. — Está cansado de mim?
Elias, em pé à frente dele, hesitou. — Não, senhor.
— Você me obedece rápido demais — comentou. — Não tem vontade própria?
— Tenho. Só... não quero usar com o senhor.
Shake sorriu. Um sorriso escuro, de quem reconhece poder onde outros veem fraqueza.
— Sabe o que mais me atrai em você, Elias? — perguntou, apoiando o copo e se levantando lentamente. — É o fato de você saber que está sendo dominado... e mesmo assim, aceitar.
Ele se aproximou. Cada passo era como um tambor no peito de Elias.
— Isso não é medo. É escolha. E isso... é perigosamente encantador.
Shake parou diante dele. Seus dedos roçaram a nuca do garoto, deslizando até a clavícula.
— Hoje à noite, terá mais uma escolha. Você virá até mim... ou não. Mas se vier — sua voz baixou, rouca —, não haverá mais volta.
E então ele se afastou, como sempre fazia: deixando Elias com o corpo em chamas e a alma em ruínas.
Naquela noite, o palácio parecia inteiro respirar com ele.
E no espelho, ao se encarar, Elias não via mais o menino tímido e obediente de antes. Via alguém que estava sendo lentamente moldado pelo toque de um homem que não pedia — tomava.
Mas Elias ainda tinha uma decisão a tomar.
E bater na porta do shake seria cruzar uma linha da qual seu coração talvez nunca mais voltasse.
O corredor parecia mais longo do que antes. Silencioso, como se o próprio palácio prendesse a respiração. Cada passo de Elias ecoava nas paredes douradas, mais alto do que devia. Sua mão suava. O coração batia desordenado. Ele estava indo. Por vontade própria.
Diante da porta de Shake, parou.
Ali, a respiração dele se prendeu no peito. Porque não era apenas desejo. Era medo. Era atração por algo que poderia consumi-lo inteiro. Mas mesmo assim... ele bateu.
Uma batida firme. E um silêncio em resposta.
Depois, a porta se abriu.
Shake estava ali, sozinho. Usava um robe escuro, aberto no peito, e os olhos — aqueles olhos — pareciam ainda mais escuros à meia-luz do quarto. Ele não disse nada. Apenas abriu espaço para que Elias entrasse.
Elias entrou.
A porta se fechou atrás de si com um estalo suave. Um som que selava um pacto invisível.
— Você escolheu — disse Shake, finalmente, sua voz mais baixa que nunca. — Agora é meu.
Ele caminhou até Elias com calma, como um predador que sabe que sua presa não vai fugir. Levou a mão ao rosto dele, acariciando-o com a ponta dos dedos, como quem explora território sagrado.
— Sabe o que acontece com as coisas que me pertencem?
Elias tentou falar, mas sua voz não saiu. Apenas balançou a cabeça, num gesto pequeno.
— Eu cuido — disse Shake, e então seus lábios tocaram a testa de Elias, suavemente. — Eu protejo.
Uma pausa.
— E às vezes... eu quebro.
O corpo de Elias tremeu. Não de medo. Mas da estranha certeza de que, mesmo que fosse quebrado, ainda assim queria ficar.
Shake encostou sua testa na dele, e por um instante, o mundo se calou.
— Hoje, não tocarei você como desejo — sussurrou. — Hoje, você apenas vai dormir ao meu lado. Quero que conheça o silêncio que vem antes do fogo.
E assim foi.
Elias deitou-se ao lado de Shake naquela noite. Não houve pressa. Não houve pressões. Apenas dois corpos dividindo um mesmo espaço, em silêncio, sentindo o calor de um vínculo que nascia. Perigoso. Incontrolável. Real.
Shake adormeceu com a mão sobre o peito de Elias.
E Elias, pela primeira vez em muito tempo, dormiu sem medo.
Mas sonhou... com a tempestade que vinha.
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Cleide Almeida
shake ñ poupa investida viu😜🗣🗣🗣
2025-04-21
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