Capítulo 2

O Jantar

O silêncio no salão era quase tão pesado quanto o ouro que decorava cada canto. Candelabros altos iluminavam a mesa longa, mas só dois lugares estavam postos. O centro da riqueza saudita se resumia, naquela noite, a um banquete privado entre o rei do deserto e seu novo convidado.

Elias entrou hesitante, guiado por um empregado vestido de branco. Seu corpo ainda tremia sob o traje elegante que escolheram por ele — roupas leves, de linho, mas que deixavam à mostra sua fragilidade. Estava bonito, sim. Mas se sentia vulnerável.

Shake já o esperava, sentado à cabeceira. Quando Elias entrou, ele não disse uma palavra. Apenas o olhou. Longamente. Como se despisse tudo que ele era com os olhos.

— Sente-se — disse por fim, apontando para a cadeira ao lado.

Elias obedeceu, em silêncio.

Garçons apareceram como sombras, servindo pratos que Elias não conhecia pelo nome. Mas ele mal tocou na comida. Sentia o olhar de Shake queimando sua pele, mesmo quando o homem não falava.

— Você está nervoso. — Shake comentou, com um pequeno sorriso.

— Um pouco, senhor.

— Sabe o que mais eu gosto em você, Elias?

O menino o encarou, finalmente, mesmo que por segundos. Shake continuou:

— Sua obediência. Seu silêncio. É raro encontrar alguém que não tente provar nada. Você apenas... é.

Shake se inclinou na direção dele. As velas lançavam sombras suaves sobre seu rosto anguloso.

— Você me intriga, Elias. — Sua voz agora era quase um sussurro. — E tudo que me intriga... eu preciso ter.

Elias engoliu seco.

— O senhor não me conhece.

— Ainda não. Mas vou conhecer.

O homem estendeu a mão e tocou a dele sobre a mesa. Elias não a afastou. Não conseguia. Aquele toque era firme, quente, decidido. Como se Shake estivesse marcando território.

— Tenho paciência — disse ele. — Mas nem sempre. Então, cuidado com o que provoca em mim.

O jantar seguiu em silêncio, mas já não havia comida. Apenas tensão. Olhares. Promessas não ditas.

Naquela noite, enquanto deitava em lençóis macios demais para seu mundo simples, Elias sentia a mão de Shake ainda sobre a sua. Como se o toque permanecesse mesmo depois de retirado.

E no escuro, ele se perguntava:

É possível resistir a alguém que faz você se sentir visto... até o osso?

Com prazer. Aqui está a continuação do Capítulo 2 de O Dono do Deserto, mergulhando ainda mais na tensão emocional e na perigosa aproximação entre Shake e Elias:

Mais tarde, a noite caiu sobre o palácio como um véu silencioso. As luzes externas iluminavam as colunas douradas e os jardins áridos, enquanto Elias caminhava devagar pelos corredores em direção ao seu quarto. Ainda sentia a palma da mão de Shake sobre a sua, como se o calor tivesse sido absorvido pela pele.

Ele tentou convencer a si mesmo de que era apenas um trabalho. Apenas uma função a cumprir.

Mas nada ali parecia simples. Muito menos o homem que agora povoava seus pensamentos.

Quando chegou ao quarto, encontrou a porta entreaberta. Seu corpo congelou por um instante. Será que haviam entrado? Estaria sendo testado?

Com o coração acelerado, empurrou a porta com cuidado.

No centro da cama, sobre os lençóis brancos, havia uma peça de roupa.

Um manto preto de seda, bordado em dourado. E junto dele, um pequeno bilhete, escrito à mão:

> “Vista-se. Venha ao terraço. — Shake.”

O nome parecia pesar no papel como um comando. Elias sentiu o rosto corar. Ele não queria obedecer. Mas também não conseguia não obedecer.

Vestiu o manto. Era leve, fino demais, e colava-se ao corpo de forma íntima, como se o próprio Shake o tivesse moldado para ele. O toque do tecido em sua pele era ao mesmo tempo suave e invasivo.

Subiu as escadas até o terraço. O vento do deserto soprava forte ali, levando o calor do dia e trazendo um arrepio que não vinha só do clima.

Shake estava encostado na balaustrada, de costas. A luz da lua dourava os contornos do seu corpo como uma pintura viva.

— Pensei que hesitaria — disse, sem se virar.

— Pensei que não fosse um convite — respondeu Elias, com honestidade surpreendente.

Shake virou-se lentamente. Seus olhos passearam por Elias como se tivessem fome.

— Não foi mesmo.

Ele caminhou até o garoto, parando perto o suficiente para que o ar entre eles se tornasse eletricidade.

— Você é lindo demais quando tenta resistir.

Elias baixou o olhar, mas Shake ergueu seu queixo com dois dedos.

— Quero que saiba — disse com voz firme —, eu nunca tomo o que não é dado. Mas quando desejo algo, eu espero. E cobro.

O coração de Elias parecia preso na garganta. Ele sabia que estava diante de algo maior que ele. Algo perigoso, sim — mas também irresistivelmente... vivo.

Shake se aproximou mais. Seus lábios quase tocaram a pele de Elias, mas não o fizeram.

— Boa noite, Elias — murmurou.

E então, como se fosse um castigo ou um presente, virou-se e foi embora, deixando o garoto ali, tremendo no vento quente do deserto.

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Comments

Hilma Franco Sanch

Hilma Franco Sanch

não sou muito chegada em romances entre homens vou ler só por curiosidade mas não garanto chegar até o fim

2025-06-05

1

Verônica Maria

Verônica Maria

meu Deus autoraaaaaa até eu prendi a respiração e não percebi kkkkkkkkkk, oh calor malvado

2025-06-04

0

Elenilda Soares

Elenilda Soares

eita quê o shake sabe jogar

2025-05-27

0

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