Dois dias se passaram desde a conversa com a mãe, que agora faz questão de não falar com o filho, fazendo até questão de afastar os menores de perto dele. Jaeyoon respira fundo, está em uma situação terrível, sendo usado por um homem desalmado, trabalhando como um camelo, aceitando qualquer coisa que renda uns trocados a mais para manter aquelas pessoas, mas está começando a achar que não valia a pena. Está com vontade de falar com Jung Hee, dizer que quer desistir do acordo sobre a casa, continuaria com os pagamentos em dinheiro, mas não se oferecia mais como parte do pagamento. Pensou muito nesses dois dias, toda vez que recebia uma ofensa gratuita da mãe, mais reafirmava que não valia a pena e se soubesse que as crianças foram para algum orfanato, conseguiria resgatá-los. Tendo chegado a essa conclusão, pensa colocar em prática em breve.
Mais cedo do que imagina, Jaeyoon teria que repensar sua vida.
Jaeyoon, o chefe chama!
Ok. Já vou.
Talvez outro caso que ninguém quer, mas que pode lucrar algum a mais, é nisso que pensa Jaeyoon, enquanto se encaminha para a elegante sala do diretor.
Após receber um “entre”, Jaeyoon se apresenta ao diretor.
Bom dia, Jaeyoon. Sente-se.
Obrigado. Em que posso ser útil?
Quero dizer que você está demitido.
O chão sumiu embaixo dos pés de Jaeyoon.
Como? Porquê? Errei alguma coisa em algum processo?
Não, no trabalho você é impecável. – elogia o chefe o olhando de frente.
Então, o que aconteceu?
Você lembra o que você colocou no currículo?
Não estou entendendo. Meu currículo?
No seu currículo estava escrito que você é hétero e na verdade, soubemos hoje por sua mãe, que você é homossexual. – fala o chefe, sem nenhuma expressão no rosto.
Mas …
Você mentiu em seu currículo e isso é crime, você sabe disso.
Mas …
__ E não pense em nos processar por discriminação, nós vamos reverter isso apontando o maior bem deste escritório de advogacia, que é preservar a verdade. Conhece bem os colegas de trabalho e conversa todo dia com héteros e homos nesse escritório e todos ele foram leais com a empresa e a empresa com eles, pelo motivo de terem falando a verdade. Você mentiu para nós, Jaeyoon e por isso está demitido. Saia da sala sem escândalos, arrume suas coisas, passe no departamento pessoal e receba seu salário do mês e seus outros direitos. Adeus.
Agora Jaeyoon está sentado no banco da praça em frente ao prédio, continua olhando para o alto, o andar em que trabalhou e não acredita no que tinha acontecido. Sua mãe tinha acabado com tudo, seus raros sonhos e sua carreira.
Ele ainda olha o prédio, quando o celular toca, uma mensagem de Jung Hee, pedindo que compareça na casa dele aquela noite. Jaeyoon começa a rir, uma risada desesperada, a risada aumenta e as pessoas que passam olham para ele com curiosidade. O riso vai diminuindo até se transformar em lágrimas, chora desesperadamente até não aguentar mais. Respira fundo e se levanta, não adianta ficar ali parado, o diretor não vai chamá-lo de volta. Sua mãe é a culpada de tudo. Decide voltar para casa.
O inverno está começando e uma garoa fina está caindo, Jaeyoon apressa o passo, para não ficar muito molhado, mas quando abre o portão, ele fica em choque. Todas as suas coisas estão dentro de caixas de papelão, no meio do jardim. Da janela do segundo andar a mãe olha o filho arrastar as caixas e sorri satisfeita, ninguém a trata mal sem receber o troco.
Na calçada Jaeyoon liga para Sun Seok.
__ Seok, preciso de ajuda. Fui expulso de casa, me ajuda por uns tempos?
Calma, já estou indo.
Sentado na calçada, ele não se importa com a chuva, que molha suas coisas também. Jaeyoon está a ponto de ter uma crise histérica de novo.
Sun Seok chega rápido.
Amigo, o que é isso?
Te conto depois, preciso salvar alguma coisa da chuva.
__ Claro, claro.
O apartamento de Sun Seok é pequeno, mas tem espaço na sala para acomodar uma cama dobrável e um armário pequeno é arrastado da lavanderia, para acomodar as coisas de Jaeyoon.
Falta alguma coisa?
O dinheiro que eu guardava dentro do livro de leis sumiu.
O que sua mãe tem na cabeça? – Sun Seok está indignado.
Nada.
Acho que é outra coisa, talvez aquilo que mandamos embora, quando damos descarga no banheiro. - diz Sun Seok muito sério e com raiva agora.
Jaeyoon sorri de leve.
Só você mesmo para me fazer rir.
Isto não é uma piada, é minha opinião. Fazer isso com o próprio filho?
Minha mãe é doente.
Doente? Só você para arranjar desculpas para aquela mulher.
Não é desculpas, é só o que pode ser, doença mental.
Concordo em parte. E agora, o que fará?
Não sei.
O celular toca de novo.
Só para ajudar, depois de um mês, meu tirano favorito me chama.
Está pensando em ir?
Durante um ano, eu fui aquela casa para ajudar aquela mulher e as crianças. Agora não está mais em minhas mãos e depois eu preciso ficar longe dele …
Um assobio e o barulho de palmas interrompe o que Jaeyoon fala.
Antes tarde do que nunca! Disse para você desde o começo, que essa situação só traria dor para você.
Não estava no acordo me apaixonar.
Ainda acho que isso é aquela síndrome de Estocolmo.
Ele não me trata mal.
Não? - Sun Seok puxa o braço de Jaeyoon. - Diga-me o que é isso? Não me diga que é punho apertado da camisa, que isso não cola mais.
Muitas pessoas gostam de BDSM.
Ele exagera e machuca você!
O que eu respondo? Quero dizer, para Jung Hee.
Diga a verdade, simples assim.
Certo.
A mensagem foi enviada em um texto simples.
“Tudo bem? Comunico que a partir de hoje não moro mais naquela casa que deu origem a nosso acordo, portanto esse acordo acaba de ser desfeito, se quiser saber sobre futuros pagamentos, procure minha mãe que é a verdadeira proprietária da casa. Adeus.”
Bem impessoal. Ficou bom. – elogia Sun Seok.
Estou me sentindo mal.
O que foi?
Tudo que eu tinha foi jogado fora, mas, na verdade, eu não tinha nada, nada era meu, até aquele emprego não significava tanto assim, eu só tinha casos que ninguém queria e nunca fui reconhecido como bom advogado, era só o cara dos casos descartados. Essa é a verdade. Casa? Não era minha e nunca foi. Tinha a idéia de salvar os meninos, mas, na verdade, eles pouco se importavam comigo, tinham mais atenção ao que a mãe dizia e ultimamente não se aproximavam, porque minha mãe disse a eles que eu sou uma bicha suja.
Aquela mulher!
Tudo bem, foi um sacrifício em vão, mas descobri um homem que é um poço de sensações, ao mesmo tempo que me enlouquece, no outro momento me humilha.
Fique longe, por favor. – suplica Sun Seok
Não se preocupe. Se ele for até aquela casa, vai encontrar minha mãe e na verdade, gostaria de ver aquelas duas cobras se enfrentando.
Sua mãe sabe onde moro?
Não.
Você está muito pálido.
Quero dormir por um bom tempo.
Sem pensamentos idiotas, ok?
Suicídio? Não me passou pela cabeça. Quero só dormir, talvez amanhã eu veja uma solução no fim do túnel.
Isso mesmo! Pensamento positivo e coração tranquilo. Algo bom virá, com certeza.
__ Seu ânimo é contagiante. - um sorriso triste, no rosto de Jaeyoon.
No banheiro, após uma boa chuveirada, para aquecer o corpo e a alma, Jaeyoon se olha no espelho. Um jovem rosto bonito. Sobrancelhas um pouco grossas, boca ligeiramente carnuda, um nariz reto e os olhos negros sempre tristes. Um rosto bonito.
Ele não se lembra de ter vistos seus olhos brilhantes, com a alegria de viver. Estão sempre tristes e preocupados. Suicídio, falou Sun Seok? Houve momentos na adolescência que pensava nisso. Cansado das brincadeiras estúpidas dos colegas de turma, a respeito de suas roupas, de seus sapatos, só porque eram velhos, fora de moda. Seu uniforme fora comprado de segunda mão e com isso, haviam manchas que não saiam e remendos em várias partes. Naquela época sentiu vontade de tirar sua vida. No entanto, hoje em dia e nesse momento, o que ele mais quer é viver. Viver do seu jeito, viver feliz. Agora ele pode e quer.
Com esse bom pensamento, Jaeyoon vai para sua cama, com a alma aquecida na esperança e o corpo relaxado. O sono é bem-vindo, com muitos sonhos para o dia de amanhã.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Monica De Carvalho Carvalho
S.Lee, por favor, faz o Jehoon dá a volta por cima, cuida dele.
2025-07-24
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