Jaeyoon está sentado na praça, a mesma da sua infância, ao fundo pode ver a si mesmo brincando com os irmãos, enquanto a mãe conversa com um homem estranho. No sonho, Jaeyoon quer se levantar e ir até a mãe e a chacoalhar tanto até que o cérebro dela saia do lugar e entre um pouco de bom senso nele. Sabe agora, que aquele homem era o amante da mãe e compreendeu depois que, naquele dia estavam combinando a fuga. Um vento forte soprou e Jaeyoon fechou os olhos, quando abriu já está na casa do pai, que chora desesperado no chão da sala, da pequena casa que tinham. O Jaeyoon do sonho está na porta e olha a si mesmo abraçando os irmãos, era o mais velho e os outros dois choravam mais desesperadamente do que o pai, choravam pela saída da mãe, sem maiores explicações e pelo pai que, pego de surpresa só sabia implorar que a mulher ficasse.
Anos depois Jaeyoon entendeu, ou melhor descobriu o que levou a mãe a fugir com um outro homem, nada mais do que o dinheiro. O outro homem era rico e casado com uma mulher doente que nunca lhe dera filhos e quando encontrou Lian se encantou. A mãe de Jaeyoon era muito bonita, aliás, continua bonita, apesar da idade, parece que a beleza de Lian foi se estabelecendo e a transformou em uma senhora de traços delicados e aparência frágil, bem diferente da juventude, quando sua beleza era exuberante e desafiadora.
Jaeyoon descobriu os motivos da mãe sair de casa, mas nunca entendeu, pois o pai era gentil e a amava do fundo do coração, enquanto aquele sujeito só queria exibi-la aos amigos, fazê-la parir filhos para seu planos de futuro. No entanto, Jaeyoon não teve tempo de analisar mais nada, outro vento soprou e o levou a outra época de sua vida, a adolescência, onde descobriu sua sexualidade com um amigo da secundária, mesmo amigo que tirou sua virgindade. Devido a situação do pai, que lutava muito para manter os filhos, Jaeyoon não foi sincero com o pai para contar-lhe a verdade.
Nessa mesma época a mãe retorna e quer a guarda dos filhos, exigindo uma pensão maior pelos três. Ela descobriu que o ex marido tinha alcançado relativo sucesso com a fabricação de móveis e quer uma fatia e como o pai de Jaeyoon ainda não se estabeleceu de uma maneira segura, entregou os filhos. Mesmo sabendo ser um sonho Jaeyoon chorou, foi o momento mais difícil que viveu, só que não era verdade, outro momento horrível estava por vir.
O tempo passou rápido no sonho, mas na vida real demorou muito. Pouco tempo depois a mãe de Jaeyoon exigiu que o pai aumentasse o valor da pensão pelos filhos, para os estudos, dizia ela. No entanto, os três filhos mais velhos estudavam em escolas públicas e até a faculdade foi pública. O dinheiro, é lógico, foi para manter os gostos da mãe, já que o padrasto se envolveu com jogos de azar e os negócios estavam caminhando cada vez mais para o fundo do poço. Tudo bem que o mundo atravessava outra onda de recessão, mas a empresa poderia sobreviver, se o dono cuidasse.
O vento avisa que para outro momento Jaeyoon será jogado e ele sabe bem para onde vai.
A formatura na secundária foi alegre somente para ele e o tempo na faculdade foi ótimo só para ele também. Lá conheceu Sun Seok e Sang Dae-Seong, seus amigos até os dias atuais. Chorou de novo no sonho. Quando descobriu que a incapacidade do padrasto e o senso desatinado da mãe, estava colocando tudo a perder.
Jaeyoon conseguiu um emprego em um escritório de advogacia muito conceituado, tudo graças a sua capacidade.
Continuou encontrando os amigos. Sun Seok trabalhava no escritório de contabilidade de Sang Dae-Seong, que herdara do pai. Sun Seok era especialista em lei tributária e Sang Dae-Seong formou-se em contabilidade. Tudo corria razoavelmente bem, até que o padrasto de Jaeyoon afogado em dívidas, resolveu se afogar de verdade e se jogou no rio, perto da pequena propriedade que ainda mantinha no interior. Foi assim que começou o desastre daquela família, sem noção do que chamam amor fraterno ou familiar. Os dois irmãos mais novos de Jaeyoon, do primeiro casamento da mãe, saíram de casa, procurando o próprio caminho, bem longe daquele lugar e daquela mulher, que só queria dinheiro para suas futilidades. Os irmãos não tinham dinheiro suficiente para si mesmos, entretanto, as contas chegavam e alguém tinha que pagar. No começo Jaeyoon conseguiu convencer os irmãos a ajudarem o padrasto e a mãe, cuidando dos irmãos menores, que não teriam quem os protegessem, mas quando o padrasto morreu, foi a oportunidade que os irmãos esperavam para procurar seus caminhos, Jaeyoon só leu o bilhete deixado na cama e a partir dali, tudo estava nas suas costas.
No testamento o velho deixou tudo para a esposa e os filhos. Para Jaeyoon? Nada. Quando um homem de terno amarelo surgiu na porta da mansão para falar com Lian, ela fingiu um ataque de ansiedade e se refugiou no quarto. Ela sabia o que falecido marido tinha feito e não queria lidar com aquilo e lá foi Jaeyoon cuidar da situação. Ouviu as ameaças em silêncio, se assustou com a quantia exorbitante da dívida e ainda teve suas roupas amassadas por uns safanões que recebeu gratuitamente.
No sonho Jaeyoon queria de novo interferir, dizer aquele gentil e preocupado Jaeyoon para fugir, fazer o mesmo que os irmãos mais novos e deixar a mãe para lá, ela sabia se virar, mas e as crianças? Elas tinham dez e onze anos, não poderiam se virar como a mãe e talvez aquela louca os deixasse em um orfanato e sumisse com o pouco dinheiro que ainda tinha. O Jaeyoon do sonho sentiu a mesma coisa que sentiu o Jaeyoon daquela época, um senso enorme de responsabilidade por quem não podia se defender. Informou a mãe o que se passava, disse a quantia devida, mas a mãe não ergueu nem a sobrancelha, só disse que cuidasse do assunto da melhor maneira possível. Esse foi o erro de Jaeyoon, ter tido a idéia de fazer um acordo com o dono das dívidas e agora proprietário da empresa do padrasto. Jaeyoon queria acordar, não queria rever aquele momento, não queria ouvir as ameaças, a chantagem, mas o vento do sonho o levou até lá de novo, o exato momento que se encontrou com Kim Jung Hee, seu tirano.
Ouviu que as dívidas deveriam ser pagas, que havia uma promissória assinada pelo falecido e que a família herdava as dívidas também. Jaeyoon ouviu calado que se não cumprir os prazos, colocariam todos na rua, mas, de repente, ouviu daquele homem frio e de olhar penetrante, uma proposta para manter ao menos a casa, parcelando o restante da dívida em dez anos para pagar. Jaeyoon do sonho sorriu e chorou ao mesmo tempo, por que o Jaeyoon daquela época também chorou e muito. No entanto, ele aceitou a proposta, apenas para não ver os pequeninos na rua ou em um orfanato. Teria que satisfazer o Kim Jung Hee até quando ele quisesse. Entediado ele não está e este jogo dura já um ano. Jaeyoon do sonho e do momento atual, choram muito e nesse instante ele acorda, olha para cima e vê Kim Jung Hee olhando para ele com um olhar sério e obscuro.
Estava chorando. Sonhou com o quê?
Não lembro o que era. - mente Jaeyoon.
Você mente muito mal, sabe disso não é? Tudo bem se não quer falar, o problema é seu.
É isso mesmo, o problema é meu. - responde Jaeyoon muito triste. - Posso tomar uma xícara de chá?
Vá até a cozinha, sabe onde é. - voltou a frieza habitual.
Jaeyoon fez um chá e estava bebendo sozinho quando a porta abriu e o secretário Minseok entra sem cerimônia.
Boa tarde, Jaeyoon.
Boa tarde. – responde ele, sem vontade.
Ainda resiste?
Convença seu chefe a me mandar embora, quem sabe ele o ouve.
Engraçado, muito engraçado.
Garanto que é verdade.
Quer ir embora? Peça a ele. – insiste na conversa Minseok.
Ele já te ouviu alguma vez?
Sobre muitas coisas, mas em algumas não adianta falar.
E no meu caso?
Não toco nesses assuntos.
Então não me julgue, se não vai me ajudar.
A porta abre com violência.
Pago um ótimo salário para você e é para me atender em primeiro lugar!
Desculpe. – se levanta Minseok
Está melhor? - pergunta para Jaeyoon.
Sim, foi só um sonho ruim.
Bom saber. Fique no quarto, já levo sua roupa, para que vá embora.
Jaeyoon não entendeu nada, Kim Jung Hee estava tão empolgado para que ele ficasse o fim de semana inteiro, agora quer que vá embora. Jaeyoon dá de ombros e termina o chá, lava a xícara e sobe correndo para o quarto. O efeito do chá é imediato, que quando entra no quarto e se recosta no travesseiro, para analisar o que tinha acontecido com o tirano, Jaeyoon adormece de novo, dessa vez sem sonhos estranhos.
O quarto está na penumbra, há no ar um leve perfume adocicado. Jaeyoon sente um arrepio na espinha, isso o faz despertar, como se algo estranho está passeando por suas costas. Abre os olhos rapidamente e desta vez não foi o sorriso devastador que viu, é o olhar frio e cheio de desejo, e desse olhar, Jaeyoon não gosta de jeito nenhum. Ele sabe que seu tirano será exigente e não vai ficar satisfeito com nada, até ver as lágrimas de seu coelhinho.
Mudei de idéia. Quero mais.
Sem mais, nem menos, só o que ele quer.
O tirano está de volta, o Kim Jung Hee que exige, que morde, que lambe, que beija com fúria, que suga sem piedade, que exige ser acariciado, beijado, que quer ser sugado até o limite, que puxa os cabelos, que enforca durante a penetração, que castiga com as estocadas violentas, que olha para sua vítima e sorri, que insiste em repetir tudo e continua castigando com estocadas cada vez mais violentas. Que força Jaeyoon a se aproximar mais e assim penetrar o mais fundo possível. Que ri quando vê as lágrimas escorrerem pela face do moreno de olhos tristes. Que fica mais e mais excitado com as súplicas, com os gemidos e só para quando goza furioso dentro do corpo do seu coelhinho, que chora silencioso.
Jaeyoon não foi para casa, passa o fim de semana na casa do tirano amado e não teve um momento sequer para pensar em mais nada. Foi abordado na sala, na cozinha, no banho, na janela e no domingo, acorda no sofá do escritório, está coberto com a blusa de lã, o corpo dolorido e sente os lábios inchados. Ele apenas se levanta e vai para o quarto, sua roupa está dobrada em cima da cama, é hora de ir embora, esse é o seu sinal. Toma um banho sozinho, se troca e procura por Kim Jung Hee para se despedir, mas não o encontra, só vê o dinheiro para o táxi, algo que seu tirano sempre deixa. No entanto, Jaeyoon volta sempre de ônibus e guarda o dinheiro para outra coisa.
Quando entra no ônibus, pensa que está se transformando em um bom prostituto e ele sorri de sua própria miséria.
Olhando pela janela do ônibus, vê as pessoas sorrindo, conversando e caminhando apressadas para algum lugar, lembra que nunca teve sonhos, algo só seu para realizar, quando fosse adulto. Em sua vida, nunca esperou coisa alguma de ninguém e muito menos teve alguma expectativa para o futuro.
Na faculdade estava sempre ocupado, trabalhando em dois empregos, por pura sorte ou talvez o Universo tenha sentido pena dele, surgiu em sua vida seus dois amigos, que ajudaram muito.
Jun Jaeyoon não tem tempo para sentir pena de si mesmo, estava e está sempre ocupado, trabalhando muito, não por somente ele, mas por aqueles dois que não podem se proteger.
Ao pensar na proteção dos irmãos, ele se lembra de Kim Jung Hee e aquele sorriso que mexe com seu juízo.
Quando se encontraram pela primeira vez, foi um impacto total nos sentidos de Jaeyoon a beleza daquele homem, que era o homem ideal para ele, mas isso porque Jaeyoon não o conhecia profundamente, no entanto, mesmo a brutalidade, a frieza e a vitalidade sem fim, não foi o suficiente para não se apaixonar.
Talvez eu seja um masoquista e não sabia disso. – e de novo, Jaeyoon ri de si mesmo.
Tirando todo esse devaneio enlouquecido, ele sabe que precisa de um plano para se livrar disso ou vai para o fundo do poço, afinal, já começa a sentir uma ansiedade que está prejudicando sua atenção no trabalho e em muitas coisas em sua vida.
__ Preciso me livrar desse homem, na vida real e no coração. – decide ele.
O ônibus desliza pelas ruas e ele não observa mais as pessoas na rua, seus pensamentos se perdem entre os irmãos menores e o homem com o sorriso mais lindo do mundo.
Jaeyoon deixa rolar uma lágrima, dessa vez chora por si.
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Atualizado até capítulo 29
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