A sala estava pesada com o silêncio que se estendia como uma corrente elétrica. Isadora sentia o suor escorrendo pela testa, mas sua expressão permanecia firme. Ela sabia que este momento era crucial, que cada palavra poderia mudar o rumo de sua vida. Beatriz estava à sua frente, e ela podia ver nos olhos da mulher uma mistura de arrogância e algo mais – algo que ela não conseguia decifrar, mas que a deixava inquieta.
"Você acha que pode me intimidar, Isadora?" Beatriz repetiu, sua voz suave, mas com um tom ameaçador. Ela deu um passo à frente, como se quisesse cercá-la. Isadora, no entanto, não recuou. Ela estava ali para descobrir a verdade, e nada a faria voltar atrás.
"Você não me intimida", Isadora respondeu com a voz firme, sem deixar que o medo se espalhasse por suas palavras. "Eu estou aqui para entender quem você é. Para entender o que você fez."
Beatriz se aproximou mais ainda, seu olhar gélido como uma lâmina afiada. "Você quer entender? Você quer saber o que eu fiz? Então ouça bem, Isadora. Porque a verdade não vai te agradar."
Isadora respirou fundo, seu coração acelerado. "Estou pronta para ouvir."
Beatriz deu um sorriso cínico. Ela parecia estar jogando com Isadora, observando cada movimento seu como se estivesse em um jogo de xadrez, onde ela tinha a vantagem. Ela se aproximou da janela e olhou para a vista, seus olhos piscando como se estivesse revivendo um passado doloroso. "Sabe, às vezes a verdade é mais difícil de aceitar do que qualquer mentira. Mas você vai entender... talvez tarde demais."
Isadora a observava atentamente, tentando ler suas intenções. O que ela queria dizer com aquelas palavras? Estava se referindo a Vinícius? Ou havia algo mais? Ela estava começando a se sentir como uma marionete, com as cordas todas sendo puxadas por aqueles que brincavam com sua vida.
"Por que você está me dizendo isso?" Isadora perguntou, a raiva agora queimando em seu peito. "Se você queria me destruir, por que não fez isso antes? Por que agora?"
Beatriz finalmente se virou, seus olhos se encontrando com os de Isadora, e o sorriso desapareceu de seu rosto. Ela parecia mais séria, mais controlada. "Porque você não estava pronta para ouvir, Isadora. Você não estava preparada para enfrentar o que realmente aconteceu entre nós."
Isadora deu um passo à frente, mais determinada. "Estou preparada agora. E você vai me contar tudo."
Beatriz olhou para ela por um longo momento, como se pesasse as palavras. Finalmente, ela falou, com uma voz baixa, quase sussurrante. "Você foi a jogada mais fácil, Isadora. Não me entenda mal, eu nunca gostei de você. Você sempre foi fraca. Eu só precisei de uma vítima, e você... você foi a vítima perfeita. Enquanto você estava no controle, acreditando que o amor de Vinícius era verdadeiro, eu estava ali, nos bastidores, observando. Eu fui quem o incitei a fazer tudo o que fez com você. Eu sabia que você era a pessoa mais vulnerável, e sabia como manipulá-la."
Aquelas palavras vieram como um soco no estômago de Isadora. O que ela ouvia parecia uma verdade que ela nunca poderia ter imaginado. Ela havia sido a peça de um jogo sujo, mas a pergunta que se formava em sua mente era: por que Beatriz estava agora revelando tudo isso? Qual era o seu objetivo?
"Você está dizendo que tudo isso foi planejado?" Isadora perguntou, sua voz cheia de incredulidade. "Você e Vinícius..."
"Sim", Beatriz interrompeu. "Ele e eu estávamos juntos há mais tempo do que você imagina. Eu fui quem o manipulei, quem o fiz acreditar que ele poderia ter tudo o que quisesse. Eu sou a razão pela qual ele te afastou de todos. A razão pela qual ele fez você acreditar que precisava dele para tudo."
Isadora sentiu uma onda de raiva se espalhar por seu corpo. Como ela não tinha percebido isso antes? Como não viu que havia algo de errado, algo distorcido, naquela relação?
"Mas o acidente...", Isadora começou, a dor de seu próprio passado se fazendo presente. "Você estava lá?"
Beatriz riu, mas não era uma risada de alegria. Era fria, cruel. "Eu estava. Eu vi tudo acontecer. E não foi um acidente. Foi uma escolha. Uma escolha feita por Vinícius. Ele sabia o que estava fazendo. Ele te afastou de tudo e todos, te colocou em um lugar onde só ele tinha controle. E quando você começou a questioná-lo, começou a querer sua liberdade de volta, ele te descartou. Fez com que tudo parecesse um acidente. Fez com que você perdesse a memória. E então, ele teve o controle total."
Isadora estava paralisada. Sua mente estava em chamas, tentando processar tudo o que Beatriz estava lhe contando. Mas ela sabia que, por mais difícil que fosse ouvir, ela precisava saber da verdade. Não importava o quanto doía.
"Você não sabia de nada, Isadora", Beatriz continuou, seus olhos agora mais intensos, mais penetrantes. "Você estava cega. Eu vi sua dor, vi seu sofrimento, e tudo o que Vinícius fez foi te deixar para trás, como se fosse descartável. E eu... eu estava ali, observando, esperando o momento certo."
"Você está dizendo que ele me usou, e você também", Isadora respondeu, sua voz quase quebrando. A dor era profunda, como se um buraco estivesse se abrindo dentro dela. "Mas por quê? O que ele queria de mim?"
Beatriz sorriu novamente, mas era um sorriso que não refletia felicidade alguma. "Vinícius sempre quis poder, Isadora. E você era uma peça no seu jogo. Ele queria o controle de sua vida, mas não soube o que fazer quando você começou a se afastar. Quando você começou a questioná-lo."
Isadora sentiu o estômago embrulhar. O homem que ela amara, aquele que ela acreditava ser o único capaz de lhe dar felicidade, era o vilão de sua própria história. O homem que ela acreditava ser o amor da sua vida havia se tornado um monstro, e ela, a peça de um jogo que ele controlava. Tudo que ela pensava que sabia sobre o passado parecia ser uma ilusão, uma mentira construída por pessoas que a usaram e a destruíram sem remorso.
Mas, enquanto a raiva queimava dentro dela, algo mais surgiu: uma vontade feroz de tomar o controle de sua vida novamente. Ela não seria mais uma vítima. Ela não ia mais ser a marionete que outros controlavam. Ela seria a autora de sua própria história.
"Você acha que me destruindo, você vai ganhar alguma coisa?" Isadora perguntou, seu tom agora desafiador. "Porque a única coisa que você conseguiu foi me fazer mais forte. Agora, nada pode me parar. Eu vou acabar com você e com ele. E a verdade vai ser revelada para todos."
Beatriz olhou para ela com uma expressão de surpresa, mas logo se recompôs, seu olhar de desdém retornando. "Você não entende, não é? Eu não estou tentando te destruir. Eu já te destruí. E agora, você vai entender o quanto é inútil tentar lutar contra o que já está feito."
Isadora deu um passo à frente, seus olhos ardendo com uma intensidade implacável. "Você não sabe o que é lutar, Beatriz. Mas vai descobrir."
Com isso, ela se virou e se dirigiu à porta. Ela sabia que a batalha estava longe de acabar, mas o que ela tinha agora era algo mais poderoso do que qualquer mentira: a verdade.
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Atualizado até capítulo 67
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