Isadora sabia que a única maneira de reconquistar o controle de sua vida era confrontando o passado de frente. Beatriz era uma presença que pairava como uma sombra sobre tudo o que ela havia vivido. E, agora, ela não tinha mais tempo para se esconder atrás da amnésia ou das mentiras que Vinícius e Helena haviam colocado em seu caminho. Ela precisava entender o que realmente acontecera, como aquele triângulo sombrio se formara, e como ela havia se tornado a peça chave de uma história de traição que nunca soubera.
Ela estava decidida, mais do que nunca.
A luz da manhã estava entrando pela janela do hospital quando ela levantou da cama, um brilho de determinação nos olhos. Não sabia exatamente onde encontrar Beatriz, mas uma coisa estava clara: ela não iria descansar até ter todas as respostas. Cada passo que dava, seu coração batia mais rápido, seu sangue fervia com a necessidade de justiça.
Ela foi até o banheiro, lavou o rosto e se olhou no espelho, tentando encontrar em si mesma a mulher que tinha sido antes. A mulher que havia sido enganada, que amava profundamente Vinícius e se entregou a ele sem questionar. Agora, aquela mulher não existia mais. O espelho refletia uma nova versão de Isadora: uma mulher mais forte, mais consciente de sua vulnerabilidade, mas também mais feroz.
Com um suspiro, ela se vestiu, colocando uma calça jeans escura e uma blusa preta simples, seu estilo mais descomplicado, mas que agora parecia refletir sua alma. A solidão que ela sentia dentro de si mesma era profunda, mas ela sabia que não podia deixar isso a dominar. Ela havia sido roubada, e agora era hora de retomar o que era seu.
Antes de sair do quarto, ela olhou para a porta de onde Vinícius provavelmente estava observando. Ele havia se afastado dela desde a conversa com sua mãe, mas sua presença ainda parecia uma marca indelével em sua vida. Ela sabia que ele não ia deixá-la ir tão facilmente, que faria tudo o que fosse possível para mantê-la ao seu lado. Mas agora, ela estava armada com a verdade, e isso lhe dava uma força que ela nunca soubera que tinha.
Ela estava prestes a sair quando o celular vibrava. O número era desconhecido. Por um momento, hesitou, mas a curiosidade a venceu. Atendeu.
"Isadora, sou eu, Beatriz." A voz do outro lado da linha era calma, mas havia algo nela que fez o estômago de Isadora revirar.
A mulher que ela procurava, que havia manipulado sua vida sem que ela soubesse. O monstro por trás das sombras.
"Você está me procurando, não está?" Beatriz continuou, como se soubesse exatamente o que se passava na mente de Isadora. "Eu sei que você está desesperada para entender o que aconteceu. Mas cuidado com o que você deseja, querida. Às vezes, a verdade é mais sombria do que podemos suportar."
Isadora sentiu o medo apertar sua garganta. Como ela sabia disso? Como Beatriz sabia que ela estava atrás dela?
"Eu não tenho medo de você", Isadora respondeu, forçando a calma na voz. "Eu só quero saber o que você fez. O que aconteceu entre nós."
Beatriz riu suavemente do outro lado da linha. "Você não tem ideia do que está dizendo. Você nunca teve. Mas, tudo bem. Eu vou te dar uma chance. Você quer saber a verdade? Então venha até mim. Nos encontramos no mesmo lugar onde tudo começou. O hotel, às 15h."
E a linha foi cortada.
O ar ficou pesado ao redor de Isadora. Um misto de adrenalina e raiva percorreu seu corpo. Ela não sabia o que a esperava naquele hotel, mas sabia que não podia deixar Beatriz ter o controle de sua vida mais uma vez. Ela precisava enfrentar a mulher que, por tanto tempo, estivera à sombra de suas memórias. Agora, essa mulher se tornaria a responsável por tirar a máscara que Vinícius e ela haviam usado para esconder a verdade.
Com o celular ainda em mãos, Isadora respirou fundo. Olhou pela última vez para o hospital, onde sua mãe ainda estava esperando. Ela sabia que Helena queria protegê-la, que a mãe tinha medo do que estava prestes a acontecer. Mas Isadora não podia mais ser protegida. Ela precisava fazer isso por si mesma.
Era 14h30 quando ela chegou ao hotel. O lugar estava afastado, em uma área que parecia esquecida pela cidade. O hotel era antigo, com uma fachada desgastada pelo tempo, e uma sensação de decadência que exalava de cada tijolo e janela quebrada. Isadora sabia que estava no lugar certo. A sua intuição nunca havia sido tão forte.
Ela entrou, sentindo o cheiro de mofo e madeira envelhecida. O lobby estava vazio, exceto por um homem idoso sentado em uma cadeira, que a observou com curiosidade enquanto ela passava. O ambiente parecia congelado no tempo, como se o hotel estivesse suspenso entre o passado e o presente. Cada passo dela ecoava pelo corredor silencioso, e a tensão só aumentava à medida que se aproximava do quarto indicado.
Ela parou na porta e respirou profundamente. O coração estava acelerado, mas seus olhos estavam firmes, decididos. Com a mão trêmula, ela tocou a maçaneta e entrou. O quarto era simples, mas a iluminação suave e a mobília antiquada davam uma sensação de desconforto, como se tudo ali tivesse sido feito para esconder algo.
Ela olhou ao redor, mas Beatriz não estava lá. Então, ouviu uma risada, suave e sedutora, vinda de um canto escuro. Isadora se virou e viu Beatriz, com um sorriso nos lábios, observando-a de uma posição quase dominante.
"Você finalmente veio, Isadora", Beatriz disse com a voz macia, mas cheia de veneno. "Eu sabia que não conseguiria resistir."
Isadora não respondeu imediatamente. Em vez disso, ela caminhou até a janela, observando a vista da cidade que se estendia à sua frente. A sensação de estar em território inimigo era palpável. Beatriz estava à sombra, mas agora era hora de iluminá-la com a verdade.
"Eu não vim aqui para conversar, Beatriz", Isadora respondeu, virando-se para encarar a mulher. "Eu vim porque você tem muitas coisas para me dizer. E você vai contar tudo."
Beatriz levantou uma sobrancelha. "Ah, minha querida, você acha que pode me controlar agora? Você acha que é forte o suficiente para desafiar tudo o que eu construí?"
Isadora deu um passo à frente, com a confiança renovada, e olhou Beatriz nos olhos. "Eu sou mais forte do que você pensa."
Beatriz sorriu, mas havia algo de cruel em seu sorriso. "Você está prestes a aprender que a verdade não é tão simples, Isadora. Você não sabe o que está prestes a descobrir."
"Eu sei exatamente o que estou fazendo", Isadora respondeu com firmeza. "Você acha que pode me intimidar, mas não mais. Chegou o momento de você pagar pelo que fez."
Beatriz se aproximou lentamente, seu olhar desafiador fixado na protagonista. "Vamos ver até onde você consegue ir, querida. Eu adoro quando as pessoas acham que têm o controle."
O jogo estava prestes a começar, e Isadora sentiu que estava caminhando por um fio muito estreito. Mas ela não teria mais medo. Ela havia encontrado sua força, e nada a faria recuar.
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Atualizado até capítulo 67
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