Isadora não sabia por onde começar. Sua cabeça estava uma bagunça, cheia de perguntas sem respostas. A revelação de sua mãe, a intensidade de suas palavras, tudo aquilo a deixou com uma sensação de vazio, de estar perdida em um labirinto sem fim. Ela não sabia mais quem ela era, o que ela havia sido, ou quem ela deveria confiar.
Após o confronto com Vinícius e Helena, ela se retirou para um canto do quarto, tentando respirar, tentando organizar seus pensamentos. Tudo parecia estar desmoronando ao seu redor. Tudo o que ela acreditava ser verdade agora estava em questão, e cada pedaço da sua memória parecia uma peça de um quebra-cabeça que não se encaixava mais. Ela não podia mais confiar na história que lhe fora contada sobre o acidente. Ela não podia mais confiar em ninguém.
O quarto estava em silêncio, exceto pelo som das batidas suaves de seu próprio coração. Isadora se levantou da cama com dificuldade, sentindo as dores em seu corpo. Caminhou até a janela, olhando para a rua abaixo, mas o que ela viu não trouxe nenhuma sensação de familiaridade. Ela se sentiu como uma estrangeira em sua própria vida.
De repente, o som de passos rápidos a fez virar para a porta. Ela não precisava olhar para saber quem estava ali. Helena entrou, com seu rosto determinado e expressão grave, como se tivesse algo urgente a dizer. A mulher olhou para Isadora com um olhar de preocupação, mas também de firmeza.
"Eu sei que você está confusa, filha", disse Helena, com a voz suavemente carregada de dor. "Mas você precisa ouvir o que eu tenho para te contar. Você precisa saber de tudo."
Isadora se virou, seus olhos estreitando-se. Ela já estava cansada de ouvir palavras vazias, promessas de que a verdade viria, que ela seria poupada da dor. Mas nada mais parecia simples. Tudo estava turvo.
"Eu já ouvi demais, mãe", respondeu Isadora, a frustração em sua voz. "Já me disseram muitas mentiras. Eu só quero saber o que é real. O que é verdade."
Helena deu um passo à frente, como se estivesse prestes a revelar algo que ela sempre soubera, mas que nunca teve coragem de contar. Ela hesitou por um momento, depois respirou fundo e falou: "O acidente... não foi um acidente."
As palavras de Helena caíram como uma bomba no ar. Isadora olhou para ela, perplexa. "O quê?"
"Vinícius... Ele não estava com você quando o acidente aconteceu", Helena continuou, a voz tremendo. "Ele... ele estava com outra mulher, Isadora. Ele nunca te amou de verdade. Ele usou você. E a razão pela qual você perdeu a memória foi porque ele te deixou ferida. Você não lembra disso, mas eu lembro. Eu vi tudo acontecer."
Isadora sentiu o chão se abrir sob seus pés. Suas mãos começaram a tremer, seu coração disparou. "Mas... eu... como? Por que? Como isso foi possível?"
Helena olhou para a filha com uma tristeza profunda. "Ele te manipulou desde o início. Ele usou seu amor como uma moeda. Quando você estava em uma situação vulnerável, ele te afastou de tudo e de todos. Ele te isolou, te fez acreditar que você precisava dele para tudo. E quando você começou a duvidar dele, começou a questioná-lo, ele te fez pagar. O acidente... foi ele quem te forçou a ir para aquele lugar. Ele sabia que algo ruim poderia acontecer, e aconteceu. E quando você ficou fora de si, sem memória, ele teve o controle total sobre sua vida."
Isadora sentiu um nó se formando na garganta. Ela olhou para a mãe, incapaz de processar a avalanche de informações que estava recebendo. Tudo parecia uma mentira. Tudo parecia distorcido. Como ela não percebeu nada disso antes? Como ela permitiu que tudo fosse levado por algo tão insidioso?
"Você está dizendo que... ele me usou?", Isadora perguntou, a dor e a incredulidade visíveis em sua voz. "Que ele fez tudo isso de propósito?"
Helena assentiu, os olhos cheios de lágrimas. "Sim. Eu não queria te contar isso. Não queria te ferir ainda mais. Mas agora, você precisa saber. Você precisa acordar, filha. Você precisa lutar contra ele. Lutar por sua vida, por sua liberdade."
O peso das palavras de Helena se instalou no coração de Isadora, mas, em meio à dor, uma chama de raiva começou a crescer dentro dela. Ela se sentiu traída, manipulada, e aquela sensação de impotência foi o que mais a fez querer agir. Ela não podia mais ser a vítima. Ela precisava tomar as rédeas da sua própria história.
De repente, algo em sua mente se acendeu, uma memória fugaz que ela mal conseguia segurar. Ela se lembrou de uma mulher. Uma mulher com o olhar ácido e desdenhoso, uma mulher que parecia estar sempre por perto quando algo estava errado. Quem era ela? Onde ela se encaixava na história?
"Helena... quem é ela? Quem é aquela mulher que sempre parecia... estar na sombra, perto de Vinícius?" Isadora perguntou, a curiosidade tomando conta.
Helena olhou para ela com um semblante sombrio. "Ela se chama Beatriz. Ela é... a mulher que Vinícius nunca deixou de lado. Ela estava com ele quando você sofreu o acidente. E ela foi a razão de tudo o que aconteceu."
Isadora sentiu uma onda de raiva invadir suas veias. Beatriz. Ela nunca a tinha conhecido, mas algo no nome dela, na expressão de Helena, parecia dizer tudo. Beatriz não era apenas uma mulher qualquer. Ela era a peça-chave para todo o mistério. Ela era a culpada.
"Eu preciso encontrá-la", disse Isadora com firmeza, o ódio crescendo dentro de si. "Eu preciso que ela me conte a verdade."
Helena tentou segurá-la. "Filha, você não sabe o que está dizendo. Essa mulher... ela é perigosa. Ela tem o poder de destruir tudo o que você ainda tem."
Isadora olhou para a mãe, os olhos cheios de determinação. "Eu já perdi tudo, mãe. E vou atrás de quem me roubou. Vou atrás de quem me fez esquecer de mim mesma."
Isadora se afastou da mãe, caminhando até a porta com uma decisão inabalável. Ela não sabia o que encontraria pela frente. Ela não sabia como enfrentaria Beatriz, mas uma coisa era clara: ela não seria mais uma vítima. Ela seria a protagonista da sua própria história.
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Atualizado até capítulo 67
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Sandra Maria de Oliveira Costa
mistérios
2025-04-18
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