(Desavença familiar)
Narradora em ação.
Após a confusão na porta do restaurante, Rafael entrou sem entender o que estava acontecendo. Ele sequer imaginava que Michel era marido da mulher com quem ele acabava de se relacionar.
— O que foi aquilo lá fora? — Alexandre perguntou ao tentar parar o filho segurando-o pelo ombro.
— Eu não sei, pai — Rafael se exalta.
— O que você estava fazendo?
— Não é da sua conta — Rafael responde de forma rude. Não que ele fosse dessa forma, mas a situação embaraçosa o deixou nervoso.
— Você traz uma mulher para o meu restaurante e acha que não é da minha conta?
— A gente estava transando! Satisfeito?
Alexandre encarou a porta do restaurante que estava entreaberta.
— Droga!
Em seguida, ele sai e vai até Michel.
— Eu sinto muito, amigo. Eu não sabia disso também, fui pego de surpresa.
Michel estava encostado na porta do carro e de cabeça baixa.
— Você me disse que tinha se separado porque errou. — Qual foi o seu erro? Rafael sai do restaurante para dizer a Michel.
— Como você tem coragem de falar comigo depois de comer a minha mulher? — Michel pergunta, com os olhos vermelhos. Não se sabe se era culpa, remorso, ódio, decepção ou tudo isso misturado.
— Eu não sabia que ela era a sua mulher — Eu só retornei a essa droga depois de 6 anos, eu sequer a vi antes.
— A quanto tempo? — HEIIN?
Michel segura o pescoço de Rafael. Sua boca tremia de raiva.
— Solte o meu pescoço — Rafael diz, enquanto retira as mãos de Michel.
Alexandre assiste a briga do lado, mas acaba intervindo.
— Não quero briga, conversem como homens.
— Eu não quero papo com esse moleque. Michel desabafa.
— E eu não devo explicações para esse palhaço.
O clima havia ficado tenso. Michel, que admirava e gostava de Rafael desde o nascimento, ele via como um sobrinho, já que considerava o pai como um irmão. E, de repente, ele se via pensativo: Ele deitou com a minha mulher. Aquilo causava um ódio imensurável que Michel não conseguia esconder.
Após escutar o adjetivo “palhaço”, Michel foi atrás de Rafael, impedindo-o que seguisse para o quarto. Michel pressionou o então “sobrinho” na parede, com muita ira nos olhos.
— Como ousa me provocar? — Até ontem você era apenas uma criança — Michel diz, encarando profundamente os olhos de Rafael. Rafael conseguia sentir a raiva que o olhar de Michel expressava. Rafael revida, ele não era de aceitar grosserias gratuitamente. Ele segurou o colarinho da camisa de Michel, também olhando no fundo dos olhos dele.
— Eu não sabia que era sua esposa.
Alexandre assistia toda a lavagem de roupas sujas, mas sem intervir. Ele sabia que Rafael estava errado. Era dois homens adultos acertando as contas.
— Não se matem. Alexandre diz ao sair do local.
Michel usa a força bruta, arremessando Rafael no chão, como se fosse um nadinha. Do chão, apoiado com as duas no chão tentando se levantar. Rafael olha para a cara enfurecida de Michel.
— Me bater não vai mudar mais nada — Você vai me bater por algo que eu não sabia.
Michel pareceu não escutar sequer uma palavra. Ele continuou. Aproximou ainda mais de Rafael, jogou o seu corpo pesado, em cima de Rafael. Deixando o imóvel. Enquanto formava o punho. O primeiro soco fez o rosto de Rafael virar. Rafael retorna o olhar para ele novamente. O segundo soco fez uma pequena quantidade de sangue percorrer pelo canto da boca. O terceiro soco fez as narinas sangrarem. Mas Rafael continuava resistindo, continuava a olhar para Michel e aquele olhar sério era pior do que muitas palavras. Depois de quase 2 minutos apanhando sem revidar Rafael reagiu. Bastou-se uma cabeçada na cabeça de Michel para retirá-lo de cima dele.
— Me bater não vai diminuir o fato de que eu fodi a sua esposa. Rafael provocou.
Michel se levantou rapidamente ainda com mais raiva.
— Eu não tenho medo de você. Rafael diz ao ver o “tio” se levantar e pronto para continuar a desavença.
Michel se exercitou rapidamente, recolheu os braços para mais perto do peito, fechando as mãos grandes em dois fortes punhos.
— Pois deveria sentir. Michel tentou o próximo, mas dessa vez, Rafael se esquivou.
— A gente não tem que resolver isso assim, Michel.
Michel tentou mais um soco, mas Rafael conseguiu evitar usando o antebraço como escudo.
E na terceira tentativa depois que ambos estavam em pé, Rafael conseguiu segurar o braço de Michel, coloca-lo de costas e segurar um braço para trás, enquanto o outro, ele o mobilizava segurando-o pelo pescoço. Alexandre não via a briga, mas estava imóvel do outro lado da parede em pé e pensativo ao escutar a confusão. Michel sentiu que, pelo menos aquele momento, ele não estava páreo para brigar com Rafael, que entendia um pouco de luta e conseguia se defender. Um minuto depois, Alexandre surgiu no mesmo espaço com um olhar de decepção que não poderia explicar. Alexandre apenas se aproximou dos dois, pegou no braço do filho que estava imobilizando o amigo. Foi suficiente para Rafael soltar Michel.
Quando Rafael finalmente soltou Michel, Michel saiu do restaurante sem dizer mais nenhuma palavra. Ele foi em direção ao seu carro que estava estacionado lá fora.
Alexandre, por sua vez, cortou o silêncio de decepção.
— Vai para o seu quarto, eu não quero ver a sua cara.
Rafael olhou no fundo dos olhos do pai, mas em silêncio. Apenas obedeceu e foi para o quarto.
Ao chegar no quarto, Rafael extravasa um pouco da raiva que sentia atirando um copo na parede. Ele não era alguém que curtia apanhar de graça. Mesmo essa surra vinda de alguém que ele admirava tanto. Rafael estava nervoso de uma maneira que nunca havia ficado antes. Quando por fim iria quebrar mais um objeto, ele olhou para o resto da lingerie no chão. Ele se lembrou de Izabel. Ele queria entender tudo, e talvez somente ela iria abrir o jogo para ele. Naquele momento veio em sua mente um pequeno flash de quando ela perguntou quem era o garotinho na foto. Mas ele não havia sacado nada ao vê-la perguntar isso.
Rafael queria muito falar com Izabel. Ele pegou o seu telefone para consultar os números que ligaram no telefone fixo. Ele tinha ideia do horário em que Izabel havia ligado para ele. Não foi uma tarefa difícil, ele encontrou o numero dela e discou a chamada. A cada “tum”, o coração dele acelerava.
“Alô”, Izabel disse do outro lado da linha.
Rafael ficou em silêncio por um minuto.
“Oi”? Ela diz novamente. Olhando o contato salvo na sua agenda: “Toque da Noite”. Ela sabia de onde vinha a chamada.
“Oi, sou eu, Rafael...Desculpa ligar a essa hora”
“Tudo bem, aconteceu alguma coisa?”
“Queria falar com você agora, pode me dizer o seu endereço ou me encontrar”
“O que aconteceu? Me encontre no parquinho, eu chego em alguns minutos.”
Rafael não respondeu mais nada, apenas encerrou a chamada. Pegou um casaco preto com touca, colocou na cabeça e saiu para encontrar Izabel. Quando ele chegou no local, ela já estava lá o esperando. Quando ela o viu, ela não esperou que chegasse mais perto, então foi ao encontro dele.
— O que aconteceu? — Ela perguntou sem ainda notar o rosto machucado.
Quando finalmente a luz refletiu no rosto que ela viu os hematomas e o sangue, já seco.
— O que houve com o seu rosto?
Rafael não disse nada, apenas a abraçou forte. Izabel não entendeu o motivo do abraço, mas também o abraçou fortemente. Ao desfazer-se do abraço, Rafael olhou no fundo dos olhos de Izabel, admirando também o formato da boca dela. Ele queria beijá-la, mas se conteve.
— Me conta, por que vocês se separaram?
Izabel abraçou os próprios braços, virou-se de costas e baixou a cabeça.
— Eu só queria ter a certeza de que não erramos em nada.
"Foi na véspera de Ano Novo. Eu havia viajado para ver meus pais em Sevilha. Michel estava no meio de uma semana de trabalho longa e cansativa, e eu entendi que ele poderia ficar em casa descansando, já que eu voltaria em três dias. Três dias... passariam rápido, eu pensei. Mas, depois de matar a saudade de meus pais, resolvi voltar no meu segundo dia lá. Quando cheguei em casa, Michel estava na cama com outra mulher..."
Izabel voltou os olhos para Rafael, que a observava em silêncio.
— Vocês brigaram, né? — Ela perguntou, aflita ao ver os ferimentos no rosto dele.
— Não. Ele me agrediu. — Rafael respondeu, a voz mais firme, mas ainda carregada de dor.
— Eu sinto muito por isso. Foi culpa minha. — Izabel murmurou, baixando os olhos, sentindo um peso que não sabia como lidar.
— Quanto tempo já se passou desde a separação? — Rafael indagou, tentando mudar de assunto, mas sem desviar o olhar.
— Quase cinco meses. — Izabel respondeu, a tristeza estampada em seu rosto, como se a dor ainda fosse recente.
— Então, não devemos nada a ele, certo? — Rafael afirmou, com uma leve tensão na voz.
Izabel ficou pensativa, profundamente pensativa, o olhar perdido em algo distante, como se tentasse encontrar uma resposta dentro de si mesma.
—Você precisa limpar esses ferimentos. — Ela disse, mudando de assunto abruptamente, mas Rafael notou.— Você não precisa se sentir culpada — Ele a traiu.
Izabel olhou para o relógio de pulso naquele momento.
— Tá ficando tarde, você precisa ir para casa.
— Pare de me evitar. — Fala comigo olhando em meus olhos. Não tente se desfazer de mim dessa forma.
— Eu não estou o evitando...
— E por que tá assim? Sem cor.
Izael olhou nos olhos de Rafael, ela estava claramente chateada e carregava uma culpa que não era pra ser dela. Aquilo pesou assustadoramente em seu psicológico. Ela deu as costas novamente para Rafael.
— Vai para casa.
Izabel saiu e trilhou o caminho para casa. Rafael se manteve ali, em pé e em silêncio olhando-a até que se desapareceu na esquina.
Ao virar a esquina, Izabel não pôde mais suportar o peso da dor que apertava seu peito. Seus joelhos fraquejaram, e ela se deixou cair no asfalto quente daquela rua deserta, como se o mundo ao seu redor tivesse se desfeito. O choro veio sem aviso, avassalador, como uma torrente implacável que não poderia ser controlada. O sentimento que a consumia era incondicional, cruel e sufocante: culpa. Ela se sentia culpada por algo que não conseguia entender, como se o erro tivesse sido cometido de uma forma irreversível. As lágrimas escorriam em um fluxo denso, pesado, como uma chuva torrencial que inundava seu rosto, arrastando consigo qualquer traço de dignidade que ainda restava.
Rafael, por sua vez, caminhava de volta para casa em passos lentos, como se a gravidade da situação o tivesse desacelerado. A cabeça baixa, perdida em pensamentos obscuros, ele estava distante, absorto em um mar de dúvidas e remorsos. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, como se ele carregasse o peso do mundo nas costas, um peso que o impedia de seguir em frente.
Michel, num terreno baldio afastado, estava perdido em seu próprio torvelinho de frustração. A cerveja descia amarga pela garganta, mas não era suficiente para apagar a raiva que queimava dentro dele. As garrafas quebravam contra a parede, estilhaçando-se em mil pedaços, como seus próprios sentimentos, fragmentados e irreparáveis.
Alexandre, com a foto que tanto amava, olhava-a como quem observa uma relíquia perdida no tempo. Era uma imagem de dias mais simples, quando ele, Michel e Rafael ainda eram inseparáveis. Mas agora, enquanto fitava a foto, o som das discussões e das brigas intermináveis ecoava em sua mente, como um fantasma que não deixava de assombrá-lo. Ele se lembrava daquelas palavras ferinas, dos gritos, da dor no peito de ver seu filho e seu melhor amigo em guerra. Sentia-se aprisionado, como se estivesse diante de uma lâmina de espada afiada, sem saber qual lado escolher, sem conseguir se decidir entre o amor incondicional pelo filho e a lealdade profunda ao amigo.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Marilena Yuriko Nishiyama
Izabel não se sinta culpada pelo que aconteceu,já foi e não trate o Rafael com desdém,pois ele não sabia que vc era esposa do Michel melhor amigo do pai dele....mas o mais correto agora Izabel é vc se divorciar com papel passado,assim ninguém deve satisfação a ninguém
2025-04-13
4
Well
q drama, o seu filho so comeu a ex esposa traida do seu melhor amigo, ele é adulto e isso é normal , acontece
2025-04-10
7
Jocilene Santos
que isso Brasil kkkk pra começo de conversa quem devia fidelidade era o safado mas bem q eu achei bem feito kkkkk
2025-04-15
2