⏳Tempo esgotado: escolha feita.
B) 🔸 Aceitar levar um tapa da princesa
Era humilhante, claro. Mas em cada palavra, em cada ato de desdém, eu encontrava uma chama dentro de mim que queimava mais forte do que a vergonha que me consumia.
A princesa se levantou, e o mundo parecia desacelerar. Os passos dela ressoavam como uma sentença, e a pressão em meu peito aumentava, como se o ar tivesse se tornado mais denso.
Ela se aproximou lentamente, e o sorriso em seus lábios era mais um julgamento do que qualquer gesto de bondade. Frio. Desdenhoso. Por um breve momento vi algo estranho, uma cor amarela piscou no topo da cabeça dela, pisquei novamente e havia sumido.
“Deve ser só uma luz que brilhou na tiara dela, certo?” Pensei.
— Eu perdoo você, Evelyne. — Sua voz era mais venenosa do que uma lâmina envenenada. — Mas antes de seguir com sua sentença, quero me assegurar de que você realmente entende a sua posição.
Meu estômago se revirou, e a sensação de impotência ameaçou me engolir.
Ela levantou a mão. O tempo parecia se esticar. Cada movimento dela, como um fio de seda cortando o silêncio, vinha com uma carga de humilhação que me fazia tremer por dentro. O tapa.
Minha cabeça virou violentamente para o lado, um zumbido tomou conta do meu ouvido e minha pele ardia como se estivesse em chamas. Por um segundo, minha visão ficou turva
Então, algo dentro de mim se incendiou. Uma indignação pura, crua, queimando como fogo incontrolável. A dor na minha bochecha me trouxe de volta à realidade – não era um sonho. Eu estava ali. Eu era Evelyne.
Antes que eu pudesse reagir, a princesa, com uma frieza sem limites, cuspiu no meu rosto. O líquido quente escorreu pelo meu rosto, ardendo como veneno, e tudo dentro de mim explodiu.
Aquilo foi a gota d´água.
Minha cabeça girava, mas meus pensamentos estavam mais claros do que nunca. O nojo da humilhação, a raiva da afronta, se transformaram em uma força invisível que me erguia. Meu corpo tremeu, mas não de medo. Era de fúria.
Respirei fundo.
Olhei diretamente para o juiz, para os nobres ao meu redor, e minha voz saiu suave, mas implacável, carregada de desprezo.
Abri a boca. O sorriso não era de fraqueza, mas cortante, de quem se reinventava naquele instante.
— Que generosa Vossa Alteza é.
Eu mesma fiquei surpresa. Não só pela ousadia das minhas próprias palavras, mas pelo fato de que consegui falar normalmente. Eu não havia sido silenciada, não estava limitada àquelas expectativas criadas por uma tela invisível.
Eu sabia, com absoluta certeza, que nunca entrei no quarto da princesa Anne enquanto jogava como Evelyne. Essa acusação era uma mentira crua.
O ar estava denso, como se as paredes do salão se aproximassem de mim, e o chão se tornasse cada vez mais instável. Eu senti o pavor tocar minha espinha, mas uma voz, pequenina e estridente, ecoava em minha mente: "Não se entregue."
Meu corpo estremeceu, a realidade estava prestes a se tornar um pesadelo palpável, e não tinha escolha a não ser me submeter a um dos destinos que me aguardavam. Mas... Algo dentro de mim despertava. Não seria esse o fim. Não enquanto eu ainda respirasse.
A princesa me encarava fixamente de onde estava em seu pequeno trono, os olhos dela tão gelados quanto lâminas afiadas. Eu podia sentir o ódio pulsando em sua presença, cortante como uma lâmina, ansiando pela minha ruína. Ela queria me dobrar. Queria me ver de joelhos. Mas isso não aconteceria.
Olhei por cima do ombro, encontrando os olhos da dama de companhia da princesa. Ela me encarava com aquele sorriso enigmático, quase como se estivesse se deleitando com minha humilhação. O que mais me incomodava, no entanto, era o brilho de satisfação nos olhos dela. Então era isso. Era tudo uma armação, uma peça montada para me derrubar.
Ela estava por perto quando eu fui ao palácio. Era ela quem podia ter colocado o colar nas coisas de Evelyne, sem que percebessem. Era um plano tão óbvio quanto traiçoeiro. Mas se eu acusasse a princesa, não havia garantias de que não seria silenciada imediatamente. O sistema estava sempre à espreita, pronto para me calar. E, nesse momento, minha voz, o que restava dela, já parecia frágil. Não sabia até onde minha liberdade de falar duraria.
Voltei a olhar para o juiz, o peso da sala inteira pressionando meu peito. Ele estava aguardando minha reação, e, mais uma vez, tive a sensação de que estava prestes a ser engolida pelo ambiente, mas minha mente estava clara. Eu não ia me deixar dobrar, não sem lutar até o último respiro.
— Agora que provei que estou disposta a aceitar tudo, por que estão alegando que fui eu quem roubou o colar só porque encontraram ele em minhas coisas? — A pergunta saiu da minha boca como uma lâmina afiada, cortando a tensão no ar. Meu tom foi firme, mas havia algo mais. A dúvida. Eu sabia que estava plantando a semente de uma incerteza que começava a crescer. — Eu fui à festa do chá da princesa, sim. Mas por que eu, Evelyne, roubaria um colar, quando poderia simplesmente comprar um, ou até vários?
O ambiente estava carregado. A princesa Anne, visivelmente incomodada, mordeu os lábios, tentando disfarçar a raiva. Era óbvio que a acusação não tinha sido planejada, que ela não estava preparada para essa reviravolta.
— Você tem inveja da princesa! — A dama de companhia gritou, suas palavras cheias de veneno. Eu quase ri, mas me forcei a manter a compostura. Como se eu fosse invejar aquela personagem coadjuvante.
— Ordem! — O juiz ordenou, sua voz ecoando pelo salão. Ele não sabia o que fazer com a confusão que começava a se espalhar entre os nobres.
Eu encarei o juiz, os olhos ardendo de tanto conter as lágrimas, tentando me manter forte ali. Eu não era culpada. E isso estava prestes a se tornar claro para todos. Eu precisava de tempo. Uma abertura, uma chance, para dar o golpe final. Algo que me tirasse daquele pesadelo.
— Eu não sou culpada. — Eu disse com uma voz mais suave, mas firme. Tentei manter a calma. — Eu não sou a única a ter acesso aos meus pertences. A dama de companhia da princesa... ela sempre esteve por perto. Talvez tenha sido ela quem plantou o colar nas minhas coisas, quando fui ao palácio.
O silêncio que se seguiu foi profundo. Eu podia sentir os olhares dos nobres ao meu redor, como se o salão inteiro estivesse em suspenso. A princesa, surpreendentemente, parecia em choque, seus olhos quase vazios de expressão, mas não era difícil ver a raiva crescente se formar sob seu rosto.
Os murmúrios começaram, como um sussurro crescente, mas logo o sistema fez algo que eu não esperava.
A sala pareceu tremer por um instante, como se algo estivesse fora do lugar. A mensagem brilhava diante dos meus olhos, e por um segundo, eu tive a sensação de que algo terrível estava prestes a acontecer, mas ninguém parecia sentir o mesmo que eu.
Uma mensagem piscou diante dos meus olhos.
⚠️ ERRO DETECTADO.
Sistema Inesperado.
Eu franzi a testa, o coração batendo mais rápido. O que isso significava? O que estava acontecendo? O sistema estava tentando me forçar a seguir o que ele desejava, mas eu… Eu havia desviado do roteiro.
Eu me senti um pouco nervosa, mas, ao mesmo tempo, uma adrenalina nova tomava conta de mim. Eu havia manipulado o jogo, de alguma forma. Algo dentro de mim se acendeu. Eu estava começando a sentir que tinha o controle, mesmo que fugazmente.
Mas antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, o sistema emitiu outra mensagem:
⚠️ ALERTA.
Reputação instável.
Reputação instável? Eu ri baixinho. O que isso significava, afinal?
Com os olhos fixos na princesa, eu sabia que algo estava mudando. Não era uma vitória ainda, mas era uma abertura. Eles estavam começando a duvidar. Eu estava começando a virar o jogo.
O juiz olhou para os nobres, claramente abalado. Ele abriu a boca para falar, mas a voz saiu hesitante, como se estivesse escolhendo as palavras com extremo cuidado
— Dada a confusão… — Ele pigarreou, lançando um olhar furtivo para a princesa, que ainda fervia em seu trono. — Decidimos que Evelyne ficará em reclusão por um período indeterminado.
O tom dele foi mais suave do que eu esperava. Como se até ele estivesse incerto sobre a sentença.
— Ainda não há evidências claras que a incriminem diretamente.
Ah. Então eu não estava completamente livre, mas, ao menos, também não estava condenada. Considerando o quão mal as coisas começaram, era uma vitória pequena, mas valiosa. Eu havia conseguido tempo.
Mas Anne... bem, ela não parecia satisfeita.
A cadeira dela foi empurrada para trás com violência, fazendo um estrondo que ecoou pelo salão.
— Isso não vai acabar assim, Evelyne! — Ela gritou, apontando para mim com um dedo trêmulo de raiva. — Você vai pagar por isso!
Eu deveria temer aquela ameaça. Mas, em vez disso, senti um sorriso sutil surgir em meus lábios. Algo me dizia que essa história estava longe do fim.
Os nobres começaram a se dispersar, murmurando entre si. Eu não conseguia ouvir o que diziam, mas sentia a hesitação no ar. Alguns pareciam desconfiar, outros apenas queriam manter distância. Mas ninguém se atreveu a me empurrar para um destino pior.
Uma janela de jogo diferente surgiu na minha visão com uma breve frase:
MODO LIVRE: ATIVADO
“O que isso significa?” Pensei confusa.
Soltaram as amarras da minha cadeira, e fui escoltada para fora do salão. Senti meu corpo relaxar levemente, quase sem perceber, ao soltar um suspiro de alívio.
Até que vi Ridan.
Nossa, ele era muito mais incrível do que a imagem do jogo pela tela do computador, cabelos loiro claro, olhos azuis como o céu, era alto e atlético, muito melhor do que apenas um personagem 3D.
Ele estava ali, esperando do lado de fora, encostado casualmente na parede como se não houvesse nada de urgente acontecendo. Seus braços estavam cruzados sobre o peito, e seus olhos perfuravam os meus como lâminas afiadas.
Frio. Inexpressivo.
Fez todo o encanto que tive por ele ser questionado.
A maneira como ele me olhou me deu calafrios até os ossos. Era como se estivesse me despindo de qualquer defesa, procurando por uma verdade que nem eu mesma conhecia. O que quer que ele estivesse pensando, eu tinha certeza de que não era nada amigável.
— Por que não admite logo que é culpada? — Ele perguntou, e sua voz soou como um corte seco, sem qualquer vestígio de emoção. — Você só vai ficar trancada em seu quarto por um tempo. Não tem por que fazer tudo isso de novo.
Eu pisquei.
Nossa. Que irmão maravilhoso.
A forma como ele falava, como se eu fosse apenas uma pedra em seu caminho, me deixou desconfortável. Não era apenas frieza, era algo além disso. Distância. Indiferença total. Como se eu fosse uma estranha.
Evelyne e Ridan eram mesmo irmãos? Porque, sinceramente, eu não via qualquer resquício de vínculo entre eles. Nenhum lampejo de preocupação, nenhum traço de carinho. Apenas um abismo imenso de gelo e algo que quase poderia ser chamado de desprezo.
Pensei em responder, em dizer qualquer coisa. Mas… para quê? Ele não parecia disposto a ouvir.
Além disso, eu sentia que estava sendo observada. Como se um par de olhos invisíveis estivesse acompanhando cada movimento, esperando para ver o que eu faria a seguir.
E foi então que surgiu.
Uma janela piscou diante dos meus olhos, brilhando em letras douradas:
📜 A PROVA DE AFETO 📜:
🎯 Objetivo: Ganhe 1% de afinidade com Ridan.
🔹 Condição: Responda ao comportamento de Ridan de maneira pacífica ou estratégica.
🏆 Recompensa: 1% de afinidade com Ridan.
⚠️ Falha: Nenhuma punição, mas a missão será perdida.
Eu encarei a tela por um momento, o cérebro ainda processando as informações.
Sério? O sistema estava tentando me fazer ganhar afinidade com ele? Com a encarnação do iceberg?
A tentação de simplesmente ignorar a missão foi grande. Bem grande.
Eu já tinha problemas demais para lidar sem precisar me preocupar com agradar um irmão que parecia ter mais empatia por uma rocha do que por mim. Mas…
Suspirei.
O jogo queria que eu agisse de forma pacífica ou estratégica. O que significava que se eu o mandasse para o inferno com todas as letras, provavelmente falharia.
Fiz uma careta mental.
Bem, se não posso ser rude, pelo menos posso ser… educadamente insuportável.
Eu me endireitei, encarei Ridan de volta com a mesma intensidade, e tentei responder de maneira calma, mas com um toque de estratégia.
— Eu sei que você acha que eu sou culpada, Ridan. — Falei, mantendo a voz firme. — Mas não sou. Só quero que as coisas se resolvam logo, para que todos possamos seguir em frente.
Fiquei feliz por conseguir usar minhas palavras, era isso que significava o modo livre?
Ele me observou por um momento, e a tensão no ar parecia quase palpável. Será que ele perceberia a mudança no tom? Será que ele começaria a duvidar, ainda que um pouco que eu não era realmente Evelyne?
Eu observei atentamente a reação de Ridan. Ele estava parado, com os olhos fixos em mim, como se tivesse visto um fantasma. Era evidente que ele não esperava essa resposta.
Ele franziu a testa, os músculos da mandíbula tensos, como se estivesse lutando para compreender o que acabara de acontecer.
— O que foi isso? — Ele perguntou, mais para si mesmo do que para mim, o tom de surpresa evidente em sua voz. Eu podia perceber, naquele momento, que ele estava desconcertado.
Eu estava ali. Não Evelyne. Não um NPC. Eu, Rafaela. E eu não estava mais disposta a ser manipulada.
Eu continuei, mais firme agora:
— Eu não sou a pessoa que você acha que sou, Ridan. Eu não sou culpada disso tudo. — Minha voz, ainda calma, ecoava no silêncio da sala. — Não sei quem te fez acreditar nisso, mas não vou aceitar ser tratada como uma criminosa sem ter uma chance de me defender.
Ridan piscou, claramente em choque. Ele deu um passo para trás, como se tivesse sido atingido por um golpe inesperado.
Eu esperava desprezo, talvez sarcasmo, mas não aquilo. Ele estava... surpreso?
Ele abriu a boca para dizer algo, mas parecia estar lutando para encontrar as palavras certas.
Ele finalmente falou, mas sua voz estava mais baixa.
— Essa não é você, Evelyne. Não é o que eu estou acostumado a ver.
Eu sabia o que ele estava pensando. Ele estava desconfiado de que eu pudesse estar mentindo ou tentando encobrir algo, o que eu realmente estava, já que eu realmente não era Evelyne de verdade.
Ele me olhou com mais cautela.
Eu respirei fundo e tentei encarar a situação com a mesma confiança que eu não sabia de onde estava vindo. Era a única forma de lidar com isso.
— Não sei o que você está tentando fazer, Evelyne. — Ele disse com uma leveza que, para mim, parecia um pequeno sinal de mudança. — Mas vou deixar isso para você resolver.
Ele se afastou, e antes de sair, olhou para mim mais uma vez, seus olhos ainda penetrantes, mas agora com um toque de incerteza.
— Fique quieta por enquanto. Não quero mais confusão, vamos pra casa. — Ele murmurou enquanto me dava as costas.
Então a mensagem apareceu diante de mim.
✅ Missão Concluída: 1% de afinidade com Ridan adquirida.
Eu pisquei.
Espera. O quê?
Foi só isso? Concluído? Parecia... fácil demais.
Mas algo me dizia que essa não seria a última vez que o jogo tentaria me fazer entender o que, diabos, se passava na cabeça de Ridan.
E, sinceramente? Eu não sabia se queria descobrir.
Meu olhar subiu instintivamente para o topo da cabeça dele. Um brilho verde piscou antes de se transformar em um número discreto: 1% Apareceu na tela. Insignificante. Mas... a cor não era qualquer uma. Não era um verde neutro, ou um azul frio. Era rosa. Um tom sutil, discreto, mas impossível de ignorar. Meu coração vacilou por um segundo. O que isso significava?
Por um segundo, algo estranho aconteceu. Um calor mínimo percorreu meu peito, tão rápido que poderia ser imaginação. Meu olhar voltou para Ridan, e por um instante, parecia que ele hesitava. Como se… algo tivesse mudado nele também.
Talvez fosse besteira. Talvez fosse só um detalhe sem importância.
Ou talvez... fosse o começo de algo que eu ainda não estava pronta para encarar.
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Atualizado até capítulo 23
Comments
Dậu nè Phèo ơi
Super emocionante! 😭
2025-04-09
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