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Capítulo 4 – A Chave Proibida

Ravenspire, com seus corredores largos e escuros, estava repleto de segredos. Eleanor sentia cada um deles, como se os ventos gélidos que cortavam o castelo sussurrassem histórias não contadas, não apenas sobre o lugar, mas sobre seu marido, Tristan Montgomery. O duque era um homem marcado pelo silêncio, pelo luto e por um mistério profundo que ele não desejava compartilhar.

Naquela noite, após o jantar frio e sem palavras, Eleanor se viu imersa na solidão do quarto. A lua iluminava a vastidão do cômodo, projetando sombras longas e inquietantes nas paredes de pedra. O vento batia forte contra a janela, mas ela estava absorta em seus próprios pensamentos. Estava cansada do gelo que envolvia sua relação com Tristan e queria entender o que o fazia ser tão distante, tão fechado em si mesmo.

Ela caminhou até a escrivaninha imponente de mogno, observando com mais atenção o ambiente ao redor. Seus olhos pousaram sobre uma pequena caixa de ferro, discreta, mas com uma fechadura dourada que parecia gritar por sua curiosidade. Não era só o mistério que cercava o castelo que a atraía, mas o fato de que essa caixa estava claramente fora de lugar. Algo em seu interior a chamava, como se contivesse uma parte do segredo que Tristan tanto tentava esconder.

Seus dedos tocaram o molho de chaves ao lado da caixa. Inicialmente hesitou, mas a vontade de descobrir a verdade sobre o passado do marido foi mais forte. Ela sabia que o duque tinha algo a esconder, e, se isso fosse o que ela precisava para entender seu coração e sua mente, não ia recuar. Quando testou a terceira chave, a fechadura cedeu com um leve clique, e a caixa se abriu, revelando várias cartas antigas.

A primeira carta que ela segurou tinha a caligrafia elegante de uma mulher, e as palavras que saltaram aos seus olhos a atingiram como uma flecha: "Meu querido Tristan, sei que você nunca me perdoará…". O estômago de Eleanor se revirou ao ler aquelas palavras. A dor, a perda, a angústia que transpareciam naquela escrita eram palpáveis. Sua mente correu para as possibilidades, tentando ligar os pontos sobre o que exatamente aquelas cartas significavam.

Foi nesse momento, com o coração acelerado e a sensação de que estava prestes a descobrir algo importante, que uma voz cortante interrompeu seus pensamentos.

— O que diabos pensa que está fazendo? — A voz de Tristan, fria como uma lâmina, penetrou o silêncio da noite.

Ela se virou rapidamente, com os olhos arregalados, tentando esconder a surpresa. O duque estava na porta, de pé, observando-a com um olhar de fúria. O papel que ela ainda segurava foi arrancado de suas mãos com força, e ele passou os dedos sobre ele, amassando-o.

— Quem lhe deu permissão para tocar nisso? — A voz dele estava mais grave, ameaçadora, e Eleanor sentiu o calor do confronto. Ela não recuou, nem por um momento.

— Eu sou sua esposa, Tristan! — respondeu ela, sua voz firme, tentando controlar a raiva que começava a crescer dentro dela. — O que há nessas cartas que me faz sentir que estou ao lado de um estranho?

Ele deu um sorriso amargo, mas o ódio nos olhos dele se fez mais presente. Ele olhou para ela como se estivesse completamente exausto e irritado, mas ainda assim permaneceu em silêncio por um longo momento.

— Você não quer saber, Eleanor. — Ele falou baixo, como se temesse que as palavras saíssem e não pudessem ser mais controladas.

Mas Eleanor não desistiu. Ela sabia que não podia continuar ignorando as respostas.

— Quero sim. E agora, mais do que nunca. — A afirmação dela foi clara, com determinação.

Tristan olhou-a com uma intensidade que poderia cortar qualquer um ao meio, e por um segundo, parecia que ele iria dizer algo mais, talvez uma verdade que a faria entender tudo. Mas ele não fez. Ao invés disso, ele se virou abruptamente, pegou a caixa de ferro das mãos de Eleanor e saiu do quarto sem mais palavras, deixando-a sozinha, envolta em um turbilhão de perguntas sem resposta.

Eleanor ficou parada, respirando fundo, tentando processar o que acabara de acontecer. A caixa estava agora com Tristan, mas ela sabia que ele não poderia esconder tudo para sempre. Ela estava determinada a descobrir os segredos do passado, e o que quer que estivesse escondido nessas cartas, ela encontraria uma maneira de descobrir.

A verdade estava ali, bem diante dela, e ela não descansaria até desvendá-la.

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