O Segredo de Ravenspire
Capítulo 1 – O Destino Selado
A carruagem balançava violentamente ao atravessar a estrada enlameada, jogando Lady Eleanor Blackwood ligeiramente para frente. O céu escuro prenunciava tempestade, e os trovões distantes soavam como tambores fúnebres, marcando o início de sua nova vida. Ela puxou o xale ao redor dos ombros, tentando conter o frio que a envolvia – ou talvez fosse apenas o temor gelando suas veias.
Seu destino já estava traçado.
Eleanor fixou o olhar na paisagem que passava pela janela: campos vastos e sombrios se estendiam até onde a névoa permitia enxergar, e no horizonte, como um sentinela de pedra, erguia-se Ravenspire. A fortaleza gótica se destacava contra o céu carregado, suas torres e ameias escuras parecendo garras afiadas contra as nuvens.
— Minha senhora, estamos chegando — anunciou o cocheiro, sua voz grave atravessando o estrondo do trovão.
Ela assentiu mecanicamente, as mãos enluvadas apertadas sobre o colo. O coração pulsava descompassado dentro do peito. Por mais que tentasse manter a compostura, não podia ignorar o peso da incerteza.
O Duque de Ravenspire.
O homem que agora seria seu marido.
Havia tantos rumores sobre Tristan Montgomery que era impossível distinguir verdade de especulação. Uns diziam que ele era um recluso sombrio, marcado por uma tragédia do passado. Outros juravam que sua alma tinha morrido junto com a falecida duquesa, tornando-o incapaz de amor ou compaixão. Alguns, mais ousados, sussurravam que Ravenspire era amaldiçoado e que qualquer mulher que entrasse ali estaria fadada ao mesmo destino cruel da primeira esposa.
Eleanor engoliu em seco.
— Está com medo? — a voz gentil de sua dama de companhia, Martha, a despertou de seus pensamentos.
Ela ergueu o queixo, escondendo a inquietação atrás de um olhar firme.
— Medo? Não. Apenas… reflexiva.
Martha a observou por um momento antes de suspirar.
— Ele deveria ter vindo buscá-la pessoalmente. É uma descortesia enviar apenas uma carruagem.
Eleanor desviou o olhar. Sim, era um insulto, mas não uma surpresa. Tristan Montgomery não desejava essa união mais do que ela. O casamento fora arranjado por seus pais, um acordo frio entre duas famílias nobres para consolidar poder e influência.
A carruagem rangeu ao atravessar os portões de ferro maciço. Eleanor espiou pela janela e viu as imensas gárgulas esculpidas sobre os muros, parecendo vigias eternas. A imponência de Ravenspire a fez sentir-se pequena e vulnerável.
Quando o veículo finalmente parou no pátio de pedras escurecidas pela chuva recente, o cocheiro desceu apressadamente para abrir a porta.
— Minha senhora — disse ele, estendendo a mão para ajudá-la a descer.
Eleanor hesitou por um breve instante antes de aceitar a ajuda e colocar os pés no chão úmido. O vento cortante soprou seus cabelos escuros soltos, e ela apertou o xale ao redor dos ombros.
O grande portão do castelo se abriu com um rangido profundo, e um homem alto e magro surgiu, vestindo trajes formais e uma expressão impassível.
— Sua Graça a aguarda no salão principal — anunciou ele sem rodeios.
Martha soltou um resmungo de desaprovação, mas Eleanor permaneceu imóvel por um momento, absorvendo a atmosfera opressiva do lugar.
Então, ergueu a cabeça e caminhou em direção ao castelo.
Se o duque não desejava essa união, ela também não estava disposta a se curvar à sua vontade.
Se Ravenspire queria testá-la, que assim fosse.
Ela não quebraria.
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