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Capítulo 3 – O Duque e Seu Silêncio

A noite caía sobre Ravenspire, lançando sombras ainda mais profundas nos corredores de pedra. Eleanor havia sido levada para seus aposentos, um quarto amplo, mas frio, com móveis imponentes e cortinas pesadas de veludo vinho. O vento assobiava do lado de fora, e o som distante do mar batendo contra os rochedos reforçava a sensação de isolamento.

Martha arrumava suas roupas no armário, resmungando baixinho.

— Nunca vi um homem tão gelado. — Ela bufou, dobrando um vestido. — Nem um “seja bem-vinda”, nem um sorriso, nem ao menos um olhar decente para sua esposa!

Eleanor, sentada diante do espelho, retirava os grampos do penteado.

— Ele não me quer aqui.

— Isso está claro como o dia. Mas, minha lady, que tipo de homem trata sua esposa assim na primeira noite?

Eleanor suspirou. Não sabia dizer o que era pior: a frieza de Tristan Montgomery ou o fato de que ele parecia decidido a ignorá-la completamente.

— Talvez um homem que ainda ama outra — murmurou, lembrando-se dos rumores sobre sua primeira esposa.

Martha parou o que fazia e olhou para ela pelo reflexo do espelho.

— Acha que ele ainda sofre pela falecida?

Eleanor deu de ombros.

— Não sei. Mas há algo nele… algo que o mantém preso a esse silêncio constante.

Martha apertou os lábios, inquieta.

— E a senhora pretende descobrir o que é?

Eleanor sorriu de leve.

— Pretendo viver nesta casa sem ser uma sombra. E se isso significar entender o duque, então sim.

Antes que Martha pudesse responder, houve uma batida na porta.

— Entre.

Um criado entrou e fez uma leve reverência.

— Vossa Graça aguarda Lady Eleanor para o jantar.

Eleanor respirou fundo. Se o duque pretendia ignorá-la, então ela o forçaria a reconhecê-la.

O salão de jantar era vasto e silencioso, apenas o estalar do fogo na lareira preenchendo o espaço. O duque estava sentado na ponta da longa mesa, um copo de vinho entre os dedos. Ele nem sequer ergueu os olhos quando Eleanor entrou.

Um criado puxou a cadeira para ela, e Eleanor sentou-se com dignidade, ignorando a imensa distância entre os dois.

Por alguns minutos, apenas os sons dos talheres e dos pratos sendo servidos podiam ser ouvidos. Eleanor observava Tristan com o canto dos olhos. Ele comia em silêncio, seus traços impassíveis.

— Ravenspire é realmente um lugar magnífico — ela comentou, tentando quebrar a barreira entre eles.

Tristan ergueu os olhos por um breve instante, mas não respondeu.

Eleanor continuou:

— A arquitetura gótica, os vitrais… é como se cada pedra contasse uma história.

— Algumas histórias devem permanecer enterradas — ele disse finalmente, a voz baixa, mas cortante.

Ela não recuou.

— A história deste castelo ou a sua, Vossa Graça?

Tristan pousou o copo na mesa, os dedos tamborilando no cristal.

— Ambos.

Ela inclinou levemente a cabeça.

— Talvez seja hora de desenterrá-las.

O duque a fitou com olhos cinzentos e tempestuosos, como se avaliasse até onde ela ousaria ir.

— E por que isso a interessa?

Eleanor sorriu, brincando com o cálice de vinho.

— Porque agora essa também é a minha casa.

Por um instante, um silêncio carregado pairou entre eles. Então, Tristan desviou o olhar e voltou a beber seu vinho, encerrando a conversa sem outra palavra.

O duque podia tentar se esconder atrás de seu silêncio, mas Eleanor sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela o faria falar.

E quando isso acontecesse, nada mais seria como antes.

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