Ele atravessou a rua e pegou uma moto escondida debaixo de folhas secas. Parou a moto na entrada da trilha e ficou esperando ela subir.
— Eu não vou subir nessa moto com você.
— Dez quilômetros à frente tem um bar que, nessa época do ano, está lotado de motoqueiros famintos por mulheres. Se quiser, posso te deixar aqui, e quando eles passarem, talvez te deem carona até a cidade. Se você chegar inteira até lá.
Ela subiu na moto e se agarrou ao ferro da parte de trás. Vendo isso, ele acelerou bruscamente, fazendo ela bater a cabeça no capacete dele.
— Se estivesse agarrada em mim, com a cabeça no lugar certo, isso não teria acontecido.
Ele ergueu a jaqueta, e ela segurou sua cintura. Chegaram rapidamente à casa. Noah desceu da moto e caminhou em direção à entrada. Um pouco antes de subir as escadas, seu pé se prendeu em uma armadilha para ursos.
O homem, que vinha logo atrás, começou a rir, até perceber o sangue e correr para ajudá-la a entrar.
A sala da casa era bem diferente da entrada: um lugar vazio, com apenas um sofá e uma mesa de centro.
— Você não pode entrar assim em lugares que não conhece — resmungou ele, enquanto fazia um curativo no pé machucado dela.
Lágrimas leves começaram a descer dos olhos de Noah, que olhou para cima tentando conter.
— Por que tá chorando?
— Tá doendo.
— Não estaria se tivesse tomado cuidado. Eu vou pro meu quarto agora. No armário ao lado do banheiro tem roupas de cama e cobertor. Você dorme no sofá.
— Tanto faz. Já tô na merda mesmo.
Ele a olhou confuso. Ela havia acabado de ser sequestrada e ainda assim agia como se estivesse apenas passando a noite na casa de um amigo. Isso não fazia sentido.
Ele subiu as escadas, deixando-a sozinha na sala. Ela estava tão cansada que encostou a cabeça na cabeceira do sofá e adormeceu. No meio da noite, quando ele desceu para pegar uma dose de uísque, com pena dela, a cobriu com uma manta antes de voltar para o quarto.
Quando acordou, Noah sentiu dor ao firmar o pé no chão, mas continuou andando até o banheiro, onde enxugou o rosto e escovou os dentes. Ao voltar para a sala, viu seu celular em cima da mesa. Correu até ele, mancando, e tentou fazer uma ligação.
O homem, descendo as escadas, começou a rir ao vê-la:
— Aqui não pega sinal nenhum. E mesmo se pegasse, eu não deixaria seu celular dando bobeira.
— Eu preciso falar com a minha amiga.
Ele a ignorou e foi para a cozinha. Noah sentou no sofá e tocou o rosto ainda dolorido. Como ele parecia não se importar com o que ela fazia dentro da casa, pegou um dos cigarros da mochila e foi para o deck fumar.
Ao voltar para a sala, ele reclamou do cheiro. Ela fingiu não escutar e continuou soltando a fumaça no ar.
Cristhian, irritado, foi até ela e arrancou o cigarro da sua boca com firmeza.
— Você tá proibida de fumar dentro da minha casa.
Noah o encarou por alguns segundos, sem dizer nada, apenas arqueando uma sobrancelha com desdém.
— A casa também é meu cativeiro agora, não é? Achei que eu tivesse direito a pelo menos um cigarro.
— Aqui não.
Ele jogou o cigarro na pia da cozinha e abriu a janela, tentando dissipar o cheiro da fumaça.
— Se quiser fumar, que seja lá fora.
— Que seja, senhor carcereiro. — respondeu ela, sarcástica.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 42
Comments