Dias depois do assalto, as imagens das câmeras de segurança do mercado foram divulgadas. Noah foi identificada ajudando os assaltantes a abrir o cofre, o que resultou em sua demissão por justa causa. Mesmo tendo salvado vidas, o sistema não perdoou sua aliança temporária com os criminosos. Agora desempregada, ela tenta sobreviver com o pouco que recebe de um benefício estudantil — quantia que mal cobre as parcelas do apartamento onde mora sozinha.
Após entregar alguns currículos pela cidade, Noah voltava para casa quando resolveu cortar caminho por um beco, onde aproveitou para comprar um pouco de "erva". Durante a negociação, notou dois homens encostados na parede, observando-a. Tinham o mesmo porte físico dos assaltantes do mercado — altos, robustos, postura tensa. Um calafrio percorreu sua espinha.
Ela desviou o olhar e continuou andando com naturalidade, dobrando ruas ao acaso para verificar se estavam a seguindo. Quando teve certeza de que sim, entrou numa trilha de mata fechada que levava à parte alta da favela — um lugar onde nunca tinha entrado antes.
Enquanto subia, um galho espesso atingiu seu rosto, abrindo um corte doloroso. Sem tempo para hesitar, rasgou um pedaço da blusa e pressionou o tecido sobre o ferimento, estancando o sangue. Mesmo sangrando, continuou a subida, tropeçando entre as pedras e raízes. Quando finalmente avistou as luzes da comunidade, correu e entrou no primeiro bar que viu.
Sentou-se e começou a conversar com o dono, tentando parecer calma. Minutos depois, um motoboy conhecido chegou para uma entrega, e ela pediu que ele a levasse até em casa. O trajeto de volta foi silencioso, mas sua mente gritava.
Ao chegar ao prédio, percebeu algo errado: a porta do seu apartamento estava entreaberta. Imediatamente, ela sacou a arma da mochila — a mesma do assalto — e entrou com cautela, o dedo no gatilho.
Seguiu pelo corredor estreito em direção ao quarto, onde foi surpreendida. Um pano com cheiro forte foi pressionado contra seu rosto, atingindo em cheio o corte recém-feito. A ardência intensa foi a última coisa que sentiu antes de desmaiar.
Quando recobrou a consciência, estava deitada na cama, com o pé amarrado por um lençol à escrivaninha, que estava fixada na parede. Tentou se levantar, mas não conseguiu se soltar. Gritou:
— Ei! Cadê vocês, seus babacas? Me solta!
A porta do quarto rangeu ao se abrir lentamente. Noah recuou, sentando-se na cama e cobrindo-se com uma manta. Um homem alto, pardo, musculoso e de voz grave entrou com passos firmes.
— Noah Richter — disse ele, encarando-a.
— O que você quer comigo?
Ele se sentou na cadeira à sua frente e cruzou os braços.
— Você pegou algo que me pertence. Só vim buscar.
— Por causa daquela arma ridícula? Pode levar. Nem funciona direito.
— Não se trata da arma. Se eu quisesse, poderia ter centenas iguais.
— Então o que é? Por que está aqui?
— Por você.
— Eu não sou ninguém. Não sirvo pra nada além daquilo. Me deixa em paz. Prometo que não vou contar a ninguém o que vi.
— Sem promessas, por enquanto.
Ele se levantou e jogou uma bolsa em cima da cama.
— Pegue tudo o que quiser e coloque aí dentro. Você e eu vamos descer pelo elevador como dois desconhecidos. Assim ninguém vai suspeitar quando você desaparecer.
— Isso é um sequestro? Olha pra mim... Eu nem tenho dinheiro pra resgate. Sequestra outra pessoa.
— Você ainda não entendeu. O dinheiro não importa pra mim.
Ele se virou para a porta, parando antes de sair:
— Se você não estiver no elevador em trinta minutos, vou mandar alguém te buscar. E garanto que não vai ser educado. Junte suas coisas. Seu tempo começa agora.
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Atualizado até capítulo 42
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