Jogos de Poder
O clima dentro da Mansão Ravelyn parecia mais carregado do que o normal, como se as paredes tivessem absorvido a tensão e a transformado em algo palpável. O encontro entre Isolde e Vibora nos jardins fora um embate silencioso, um duelo travado não com espadas, mas com palavras e olhares afiados. Qualquer um que tivesse presenciado a cena — mesmo à distância — certamente já estava espalhando rumores pelos corredores.
Os criados trocariam sussurros discretos enquanto serviam o chá, e os nobres mais perspicazes já estariam tentando prever o desenrolar desse novo conflito dentro da casa dos duques de Falkenhayn.
Mas se esperavam que Isolde recuasse, que demonstrasse fraqueza ou hesitação, estavam prestes a se decepcionar.
Após sua breve troca de palavras com Vibora, Isolde não se retirou para seu quarto, não buscou consolo nem demonstrou qualquer abalo. Em vez disso, caminhou de volta ao interior da mansão com a postura impecável de uma verdadeira duquesa, o queixo erguido e os olhos mantendo um brilho calculado de indiferença. Ela aprendera cedo que, na alta sociedade, o jogo não se ganhava com explosões emocionais — mas sim com inteligência, paciência e estratégia.
Quando atravessou o corredor em direção ao salão principal, sentiu o olhar atento de alguns criados e até mesmo de membros da casa que, fingindo estar ocupados, na verdade observavam seus movimentos. Eles estavam esperando um deslize, um sinal de insegurança, qualquer coisa que indicasse que a recém-casada estava em desvantagem.
Mas Isolde apenas passou por eles como uma brisa fria e elegante.
Ao adentrar o salão principal, seus olhos foram imediatamente atraídos para uma figura alta e imponente próxima à lareira.
Leonhart havia retornado.
Ele estava envolvido em uma conversa com um de seus oficiais de confiança, sua postura tão impecável quanto sempre. O fogo crepitava suavemente na lareira, lançando sombras quentes sobre seus traços aristocráticos, destacando a linha forte de seu maxilar e a seriedade de sua expressão. Mesmo vestido de maneira casual para os padrões da nobreza, sua presença era inegável.
Mas foi seu olhar que a prendeu no lugar.
Azul.
Não o azul leve de um céu de primavera, mas sim o azul profundo e cortante do oceano sob a luz da lua.
Leonhart não interrompeu a conversa, mas, no exato momento em que Isolde entrou no salão, seus olhos a encontraram. Foi um olhar rápido, uma avaliação súbita, quase imperceptível. Ele a analisou de alto a baixo, observando cada detalhe com a precisão de um homem acostumado a calcular tudo ao seu redor.
E Isolde soube exatamente o que ele estava procurando.
Ele queria ver se ela estava abalada.
Se encontraria em seu rosto algum vestígio de perturbação após o inevitável encontro com Vibora.
Se havia se encolhido, se sua expressão traía qualquer sinal de fragilidade.
Mas Isolde não lhe deu esse prazer.
Pelo contrário, permitiu-se um pequeno sorriso — não um sorriso largo e evidente, mas uma curva sutil nos lábios, um gesto quase imperceptível que transmitia uma única mensagem: não foi suficiente para me quebrar.
Leonhart franziu o cenho, quase imperceptivelmente, antes de desviar o olhar e retornar à conversa com o oficial.
Mas Isolde soube.
Por mais que tentasse disfarçar, por mais que desejasse permanecer indiferente, Leonhart notara.
E aquilo mudava tudo.
Ela não era mais apenas a jovem imposta a ele por um casamento arranjado. Não era apenas um nome na papelada assinada pelo duque seu pai. Naquele instante, Isolde tornava-se algo mais.
Uma peça real no tabuleiro.
Uma jogadora digna de respeito.
E se Leonhart pensava que poderia continuar ignorando-a, estava prestes a perceber que sua nova esposa não era alguém que se apagava facilmente.
Afinal, o jogo do destino havia começado.
E ela não tinha intenção de perder.
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Comments
Valdivía Quaresma
Estou gostando da atividade dela 👏👏❤
2025-03-02
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