Jogo do Destino

Jogo do Destino

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Capítulo 1 – O Contrato do Destino

A chuva castigava a cidade como um lamento vindo dos céus, tamborilando nas janelas da mansão Ravelyn com uma fúria que refletia a tempestade dentro de Isolde Ravelyn. Sentada diante do imenso espelho dourado de seu quarto, ela observava sua própria imagem, tentando encontrar ali a mulher forte que precisava ser. Seu vestido de noiva, feito sob medida com o mais fino cetim branco e bordado com delicadas pérolas, abraçava suas curvas com perfeição. A renda se estendia pelos ombros como se fossem asas de um anjo—mas ela não se sentia celestial. Sentia-se uma prisioneira.

O corset apertado lhe roubava o fôlego, mas não tanto quanto o peso do momento que se aproximava. Aquelas roupas, a maquiagem impecável, o perfume caro… tudo estava ali para transformá-la na noiva perfeita. Mas o homem que a esperava no andar de baixo não via perfeição nela. Ele não via nada.

Um trovão ribombou ao longe, fazendo com que os vidros tremessem suavemente, enquanto Isolde mantinha os olhos fixos nos próprios lábios, pintados em um tom suave de vermelho. Quantas vezes aqueles lábios sussurraram seu nome em segredo? Quantas noites ela sonhou com o dia em que ele a notaria?

Mas Leonhart D’Alembert nunca a notou.

E agora, ironicamente, ele seria seu marido.

O ruído das portas se abrindo tirou-a de seus devaneios. Leonhart entrou no quarto como uma tempestade contida, seus passos firmes ecoando no assoalho de madeira escura. Ele não hesitou, não pediu permissão para entrar, como se aquele espaço já não pertencesse mais a ela. Agora, tudo era dele. Até ela.

Seu traje negro estava impecável, o contraste perfeito para sua pele pálida e aqueles olhos de um azul profundo, cortantes como lâminas. O cabelo negro caía levemente sobre a testa, desalinhado de uma maneira quase descuidada, mas não havia nada de desleixo nele. Leonhart D’Alembert era um homem acostumado a comandar, a ser obedecido.

Por um breve instante, os olhos dele deslizaram por ela, como se a analisasse de forma objetiva, sem qualquer emoção real.

— Você entende o que está acontecendo aqui, não é? — Sua voz era grave, firme como se estivesse selando um destino inevitável.

Isolde não respondeu. Apenas sustentou seu olhar.

Leonhart apertou os lábios, como se odiasse estar ali. Como se aquele momento fosse um fardo.

— Esse casamento não muda nada — ele continuou, cada palavra saindo com um controle irritante. — Meu coração já pertence a outra.

O golpe foi preciso, certeiro. Ela já sabia, sempre soube, mas ouvi-lo dizer aquilo em voz alta foi como sentir uma faca sendo empurrada lentamente em seu peito.

Isolde piscou, absorvendo a dor, deixando que ela se dissolvesse dentro dela como já acontecera tantas vezes antes. Mas não demonstraria fraqueza. Nunca.

Ela baixou os olhos por um instante, não porque estivesse submissa, mas porque sabia jogar o jogo da paciência. Ele podia pensar que esse casamento era um castigo, um simples acordo de conveniência, mas ela não deixaria que fosse assim para sempre.

Ela passou anos amando Leonhart D’Alembert Falkenhayn em silêncio. Anos observando de longe, sendo ignorada, sendo a sombra de outra mulher. Isso terminava hoje.

Com um movimento gracioso, Isolde se levantou da cadeira, o tecido de seu vestido deslizando como água ao seu redor. Ela caminhou até a escrivaninha onde o contrato de casamento repousava, os papéis tão brancos quanto seu vestido. A pena prateada aguardava ao lado do tinteiro, e por um breve momento, o som da chuva e do vento contra as janelas foi a única coisa que preencheu o silêncio entre eles.

Então, sem hesitação, ela mergulhou a pena na tinta e assinou seu nome ao lado do dele.

O contrato estava selado.

Ela ergueu os olhos para Leonhart, que a observava em silêncio. Ele podia não amá-la hoje. Podia acreditar que este casamento não mudava nada.

Mas estava enganado.

Porque a partir deste momento, Isolde Ravelyn jogaria para ganhar.

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