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Promessas Silenciosas

A escuridão envolvia o vasto e silencioso quarto que agora pertencia a Isolde. As paredes eram decoradas com tapeçarias requintadas, o mobiliário reluzia em madeiras nobres e detalhes dourados, mas nada disso aquecia a frieza que parecia pairar no ambiente. Sentada diante do imponente espelho de sua penteadeira, a nova duquesa observava sua própria imagem com atenção. Seus olhos, habitualmente vivos e cheios de convicção, agora refletiam um turbilhão de emoções — tristeza, frustração, mas, acima de tudo, uma determinação crescente.

O peso das palavras de Leonhart ainda pressionava seu peito, como um véu sombrio que insistia em envolvê-la.

"Nosso casamento não muda nada. Meu coração pertence a outra."

Cada sílaba fora pronunciada com a precisão cortante de uma lâmina afiada, dilacerando qualquer ilusão que Isolde pudesse ter alimentado. Ela já sabia, desde o princípio, que esse casamento não era motivado pelo amor, mas pelo dever, um arranjo entre duas famílias influentes. No entanto, ouvir a frieza na voz do marido, sentir a indiferença gélida em seu olhar, fez com que a realidade lhe atingisse com força.

Ela nunca fora ingênua a ponto de esperar carinho ou afeição imediata, mas algo dentro dela desejava, mesmo que secretamente, que Leonhart ao menos lhe concedesse a chance de ser vista.

Suspirando profundamente, desviou o olhar do espelho e encarou o cômodo ao redor. Tudo ali era luxuoso, digno de uma duquesa, mas ainda assim lhe parecia impessoal, como se pertencesse a alguém que nunca poderia chamá-lo de lar. A cama grande e perfeitamente arrumada permanecia intocada ao seu lado — Leonhart sequer cogitara passar a noite ali com ela. Sua ausência gritava naquele espaço vazio.

Isolde fechou os olhos por um instante, absorvendo a solidão daquele momento. Qualquer outra mulher poderia sentir-se derrotada, poderia resignar-se a viver uma existência apagada ao lado de um marido que nunca lhe daria amor. Mas ela não era qualquer mulher.

A verdade era que, por mais que escondesse, sempre amara Leonhart. Desde os tempos em que ele sequer notava sua existência, desde os dias em que ele sorria para outra e a tratava como um mero nome entre tantos da nobreza. Seu amor havia sido silencioso, paciente, sufocado dentro dela por anos. E agora, o destino a colocara ao lado dele, mesmo que da forma mais cruel possível.

Mas se havia algo que Isolde jamais faria, era aceitar ser um fantasma dentro de sua própria vida.

Ela não o imploraria por amor. Nunca se humilharia por um olhar mais gentil ou por um toque que não viesse carregado de desejo verdadeiro. Mas ela encontraria um meio de fazê-lo enxergá-la, de fazê-lo se virar para ela não por obrigação, mas por vontade.

Se ele acreditava que o amor de sua falecida esposa selara seu destino para sempre, estava enganado.

Isolde não seria esquecida.

Seu nome ficaria gravado na mente de Leonhart, sua presença seria inevitável, sua essência se tornaria tão marcante que ele jamais conseguiria ignorá-la.

E, quando ele finalmente percebesse que não podia mais afastá-la de seus pensamentos, seria tarde demais para resistir.

Diante daquela promessa silenciosa, Isolde ergueu o queixo, encarando sua própria imagem com um brilho desafiador nos olhos.

Ela conquistaria seu marido.

Custe o que custar.

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Comments

Ruby

Ruby

estou ansiosa para saber como ela vai fazer isso

2025-03-02

1

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