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A Inimiga Invisível

O salão de refeições permanecia silencioso, preenchido apenas pelo ruído discreto da porcelana se encontrando com os talheres e o ocasional farfalhar do jornal que Leonhart lia. A indiferença entre os dois era palpável, uma muralha invisível que os separava, mas Isolde se recusava a ceder a qualquer sinal de fraqueza. Mantinha sua postura impecável, sorvendo seu chá com a tranquilidade de quem não se deixava abalar.

No entanto, a manhã seguia carregada por uma tensão sutil, até que passos ecoaram pelo corredor de mármore, e uma criada se aproximou discretamente do duque. A mulher inclinou-se para murmurar algo ao seu ouvido, e, ao contrário do costume, Leonhart abaixou levemente o jornal, escutando atentamente.

Seus ombros se enrijeceram quase imperceptivelmente.

Isolde, atenta a cada pequeno detalhe, percebeu a mudança sutil em sua expressão. O ar casual se dissipou, substituído por algo mais contido, como se estivesse se preparando para lidar com um incômodo inevitável.

— Preciso resolver algo. Não espere por mim.

Foi tudo o que disse antes de dobrar o jornal e se levantar, afastando-se sem ao menos lançar um olhar em sua direção.

Isolde observou enquanto ele saía, suas passadas firmes ecoando pelo chão de mármore. O incômodo que sentiu não veio da frieza dele—isso já era esperado—mas sim da sensação de que algo havia acontecido. Algo que Leonhart não quisera mencionar.

Ela não demorou a terminar seu chá e decidiu sair para caminhar pelos jardins da Mansão Ravelyn. Do lado de fora, o ar da manhã era fresco e cortante, carregado com o aroma úmido das folhas cobertas de orvalho. As camélias brancas e vermelhas floresciam ao longo dos caminhos de pedra, seus delicados galhos contrastando com a solidez das estátuas de mármore que decoravam o espaço.

O som dos próprios passos era sua única companhia, até que uma voz feminina cortou o silêncio.

— Então, é você…

O tom era doce, mas carregado de algo venenoso, como mel misturado a cicuta.

Isolde virou-se lentamente, mantendo a calma, mas seus sentidos já estavam alertas. E então a viu.

A mulher à sua frente era esguia e sofisticada, envolta em um vestido de veludo vinho que abraçava suas formas elegantes. Os cabelos dourados estavam perfeitamente arranjados, e seu rosto exibia uma beleza afiada, quase felina. Os olhos verdes, brilhantes e analíticos, percorriam Isolde com um misto de curiosidade e desprezo velado.

Ela não precisava se apresentar.

Isolde já sabia quem era.

Vibora.

Era assim que a sociedade se referia a ela, em sussurros carregados de malícia e escândalo. A mulher que Leonhart nunca escondera. Aquela que todos sabiam que ocupava seu coração antes mesmo do casamento acontecer.

Vibora inclinou levemente a cabeça, como se estivesse avaliando um objeto de qualidade duvidosa.

— A nova duquesa — murmurou, seu sorriso não alcançando os olhos. — Confesso que imaginei algo… diferente.

Isolde sustentou o olhar sem desviar, recusando-se a demonstrar qualquer fraqueza.

— Imagino que muitas pessoas tenham suas expectativas — respondeu, sua voz serena como um lago profundo. — Mas poucas realmente importam.

A resposta, polida e afiada como a lâmina de uma adaga, fez o sorriso de Vibora vacilar por um breve momento. No entanto, a mulher logo se recuperou, soltando uma risada suave enquanto deslizava os dedos enluvados pelo próprio queixo, como se estivesse divertindo-se com a conversa.

— Que interessante — comentou, a voz carregada de condescendência. — E eu que pensei que você seria mais… ingênua.

Isolde sorriu de leve, um brilho gélido em seus olhos.

— E eu pensei que você fosse mais discreta.

Um instante de silêncio caiu entre elas.

Os olhos de Vibora se estreitaram. A brisa fria soprou entre as árvores, fazendo as folhas sussurrarem como testemunhas silenciosas do embate.

Se aquela mulher achava que poderia subjugá-la com palavras e olhares presunçosos, estava redondamente enganada.

O jogo havia começado. E Isolde não pretendia perder.

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Comments

Ruby

Ruby

booaaa !! mas esse duque tbm né, que mantenha a amante longe.aff

2025-03-02

2

Ruby

Ruby

hahhahaahaha cobra

2025-03-02

0

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