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Capítulo 5 – Entre o Silêncio e o Desejo

O abraço foi inesperado, intenso. O calor do corpo de Nikolai contra o dela fazia o coração de Aurora martelar dentro do peito, e por mais que soubesse que aquele momento não significava o que ela sempre sonhou, seu corpo se recusava a se afastar.

Nikolai estava diferente. Ele não era o CEO frio e implacável que todos temiam. Não era o homem inatingível que mantinha sua vida pessoal trancada a sete chaves. Naquele instante, ele era apenas um homem quebrado, perdido, buscando conforto em alguém que estava ali.

E essa pessoa era ela.

Aurora sentiu sua respiração acelerada quando ele finalmente soltou o abraço, mas suas mãos permaneceram sobre sua cintura, mantendo-a próxima. Ela hesitou, sem saber se recuava ou se simplesmente aceitava aquele momento que tanto desejou.

Nikolai ergueu o olhar para ela. Seu rosto estava cansado, mas seus olhos carregavam algo mais profundo, algo que ela não conseguia decifrar completamente.

— Eu não sei o que fazer — ele repetiu, sua voz um sussurro carregado de vulnerabilidade.

Aurora engoliu em seco.

Ela nunca o tinha visto assim.

Sempre o enxergou como um homem inabalável, forte, alguém que nunca deixava transparecer qualquer fraqueza. Mas ali, naquele momento, diante dela, ele parecia… humano.

E isso a assustava.

— Você não precisa decidir nada agora — ela disse suavemente, escolhendo suas palavras com cuidado. — Só precisa respirar.

Ele soltou um suspiro pesado e passou a mão pelos cabelos escuros, bagunçando-os de um jeito quase impaciente.

— Minha vida inteira foi sobre controle, Aurora — ele murmurou, olhando para a cidade iluminada além da varanda. — Sobre manter tudo sob controle. Mas agora…

Ele se calou, como se as palavras fossem difíceis demais de serem ditas.

Aurora sentiu um aperto no peito.

Ela queria dizer que tudo ficaria bem, mas seria uma mentira. Nada estava bem. A esposa dele estava morrendo. Seu casamento, por mais falho que fosse, estava chegando ao fim de um jeito cruel. Ele estava prestes a perder alguém que, de uma forma ou de outra, fez parte de sua vida por anos.

— Você não precisa carregar tudo sozinho — ela disse, e se surpreendeu com a convicção em sua própria voz.

Nikolai virou o rosto para encará-la.

Seus olhos escuros encontraram os dela, e Aurora sentiu uma onda de calor subir por sua pele. Ele a olhava de um jeito diferente.

Um jeito que nunca tinha olhado antes.

Seu coração disparou.

Ela deveria dizer algo, deveria quebrar aquele momento antes que ele se tornasse algo que não deveria ser. Mas antes que pudesse reagir, Nikolai ergueu a mão e tocou seu rosto.

O toque foi suave, hesitante.

Aurora prendeu a respiração.

Os dedos dele deslizaram levemente sobre sua pele, como se quisesse memorizar cada detalhe.

— Aurora… — ele sussurrou.

Ela sentiu o estômago se revirar ao ouvir seu nome saindo dos lábios dele daquela maneira.

Mas, antes que algo acontecesse, antes que ele cruzasse a linha que separava o desejo da razão, Nikolai fechou os olhos por um instante e deu um passo para trás, afastando-se dela.

O ar entre eles parecia carregado de eletricidade.

— Você deveria ir para casa — ele disse, a voz mais controlada agora, embora ainda houvesse algo indecifrável ali.

Aurora demorou alguns segundos para reagir.

— Claro — murmurou, tentando esconder a decepção que crescia dentro dela.

Ela pegou sua bolsa e caminhou até a porta. Antes de sair, no entanto, se virou para olhá-lo uma última vez.

Ele estava parado na varanda, com o olhar perdido na cidade, segurando o copo de whisky com força.

Aurora sentiu uma dor estranha no peito.

Ele estava se afastando.

E, por mais que doesse, ela sabia que não podia fazer nada a respeito.

Pelo menos, não ainda.

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