A SUBSTITUTA DA IRMÃ

A SUBSTITUTA DA IRMÃ

Capítulo 2 – O Homem que Nunca me Viu

O vestido azul-claro deslizava sobre a pele de Ayla como uma segunda camada de incerteza. Ela estava sentada na beira da enorme cama de dossel no quarto de Celina, encarando o próprio reflexo no espelho dourado. As mãos descansavam no colo, os dedos trêmulos apertando o tecido do vestido enquanto tentava acalmar a tempestade dentro de si.

Seus olhos azuis, tão idênticos aos da irmã, refletiam medo. Insegurança. Culpa.

Ela havia aceitado substituir Celina.

E agora, estava prestes a enfrentar o homem que sempre amou — e que jamais a viu.

O Dante Blackwood que ela conheceu na juventude era um homem de presença intensa, mas acessível. Ainda que fosse o herdeiro de um império milionário, havia algo nele que a fascinava além da fortuna e da aparência imponente. Sua inteligência, sua postura segura, a forma como falava sem precisar elevar a voz para ser ouvido.

Mas aquele Dante não existia mais.

O homem que agora governava o império Blackwood, preso a uma cadeira de rodas após o acidente, era uma sombra do que fora. Frio. Distante. Isolado do mundo.

Ayla respirou fundo. Precisava ser forte.

Celina tinha deixado instruções claras:

— Seja fria. Fale pouco. Dante odeia sentimentalismo.

Ayla queria duvidar. Será que ele realmente odiava? Ou apenas se tornou assim porque não tinha ninguém ao seu lado de verdade?

Ela não sabia. Mas estava prestes a descobrir.

---

A mansão Blackwood era um labirinto de corredores elegantes e escadarias imponentes, mas Ayla conhecia bem o caminho até o escritório de Dante.

O silêncio preenchia os espaços ao seu redor, tornando o som de seus saltos contra o piso de mármore ainda mais alto. Cada passo parecia um lembrete da mentira que estava prestes a viver.

Quando parou diante das portas duplas de madeira escura, sentiu o estômago se revirar. O peso da realidade era esmagador.

Ela fechou os olhos por um momento, inspirando fundo antes de erguer a mão e bater suavemente.

— Entre.

A voz profunda e autoritária atravessou a porta, fazendo um arrepio percorrer sua espinha.

Ayla girou a maçaneta e entrou.

O escritório era amplo e elegante, com prateleiras de madeira maciça repletas de livros e uma lareira imponente no canto, lançando um brilho dourado sobre os móveis luxuosos. O cheiro amadeirado misturado ao leve toque de tabaco pairava no ar, e a iluminação suave tornava o ambiente acolhedor, mas de alguma forma… frio.

Mas nada dominava tanto o espaço quanto o homem sentado atrás da mesa de mogno.

Dante Blackwood.

Ayla sentiu o coração falhar uma batida.

Ele estava exatamente como ela se lembrava — e, ao mesmo tempo, completamente diferente.

O terno preto caía perfeitamente sobre seu corpo forte, seus ombros largos e seu porte imponente continuavam intactos, mesmo sentado na cadeira de rodas. Seu cabelo negro estava levemente bagunçado, como se tivesse passado os dedos por ele inúmeras vezes ao longo do dia.

Mas seus olhos…

Os olhos azul-acinzentados que um dia foram vibrantes e cheios de vida agora estavam sombrios. Vazios.

Ele ergueu o olhar para ela, analisando-a com frieza e impaciência.

— O que você quer, Celina? — perguntou, a voz carregada de tédio e irritação.

O som do nome da irmã em seus lábios foi um golpe.

Ayla sentiu o estômago revirar, mas manteve a expressão neutra.

— Eu queria ver como você estava — respondeu, tentando manter o tom firme.

Dante soltou uma risada seca, sem humor.

— Desde quando você se importa?

Ayla piscou, surpresa pela dureza daquelas palavras.

— Eu me importo — murmurou, desviando o olhar.

Um silêncio pesado preencheu o ambiente.

Dante suspirou e esfregou as têmporas com os dedos, como se estivesse exausto demais para lidar com a conversa.

— Estou cansado, Celina. Se não for algo importante, pode ir embora.

Ayla sentiu um nó se formar na garganta.

Ele não queria sua presença ali.

Ele não queria Celina ali.

Mas talvez fosse ainda pior se soubesse que não era Celina quem estava diante dele.

Ela hesitou por um momento, buscando palavras, mas não encontrou nenhuma.

Então, sem outra opção, apenas assentiu levemente antes de dar meia-volta e sair do escritório.

Assim que fechou a porta atrás de si, encostou-se contra a madeira, sentindo seu corpo inteiro tremer.

Ayla sabia que aquilo seria difícil.

Mas não esperava que fosse doer tanto.

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Comments

Aldenora Tavares

Aldenora Tavares

parece que a irmã tá traindo ele e Deixou a irmã pra ele não saber de nada

2025-02-27

0

Alexsandra Sousa

Alexsandra Sousa

Na primeira conversa ele já descobriu quem é quem 😁🙄🤔🤔🤔

2025-04-22

0

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