A floresta sussurrava segredos entre as árvores retorcidas, e Laurent caminhava cautelosamente, a capa vermelha esvoaçando ao menor sopro do vento. Ele segurava sua faca, atento aos ruídos ao redor, até que um gemido baixo chamou sua atenção.
Seguiu o som até encontrar um corpo caído entre as folhas secas. Um homem... não, uma fera. O luar revelou olhos dourados brilhantes, presas entreabertas e o peito arfante. Sangue escorria de um corte profundo na lateral do abdômen.
Laurent se aproximou, mas a criatura tentou se afastar, soltando um rosnado fraco.
Elias
Você… não vai me matar?
A voz era rouca, misturada à dor. Laurent observou a criatura com curiosidade. As orelhas lupinas tremiam levemente, e a cauda, encharcada de sangue, estava imóvel. Ele esperava encontrar um monstro, mas o que via era um homem ferido.
Laurent
Por que eu faria isso?
Sem hesitar, ajoelhou-se ao lado da fera e pressionou a mão contra o ferimento quente. Elias arregalou os olhos, mas não reagiu.
Laurent
Eu posso te ajudar... se me deixar.
A respiração de Elias era pesada, seus olhos dourados ainda cheios de desconfiança. Mas, no fim, ele não tinha forças para recusar.
Elias
Você... não devia confiar em monstros.
Laurent sorriu, tirando um pano da bolsa para estancar o sangue.
Laurent
E quem disse que eu confio?
O vento soprou forte, sacudindo as árvores. Na vila, diziam que a floresta escondia demônios. Mas naquela noite, Laurent escolheu ignorar os avisos.
Elias fechou os olhos enquanto a consciência o abandonava. Laurent suspirou e segurou a criatura contra si, sentindo o calor da pele febril.
Ignorando os sussurros da noite, ele tomou sua decisão.
Comments