O céu ainda estava tingido de azul pálido quando Laurent retornou à vila. O cheiro de lenha e pão fresco preenchia as ruas de pedra, mas um peso invisível pairava no ar. Assim que ele passou pelo mercado, alguns olhares se voltaram para ele.
Aldeão
Onde esteve, garoto?
Laurent parou, encarando o homem de barba grisalha que cruzava os braços. Outros aldeões começaram a se aproximar, formando um pequeno círculo ao seu redor.
Laurent
Caçando.
O chefe da vila, um homem robusto e de expressão severa, se aproximou, apoiando-se em seu cajado.
Chefe da vila
Caçando… ou se perdendo na floresta proibida?
Laurent sentiu os ombros ficarem tensos. O olhar do chefe era afiado como uma lâmina.
Laurent
O que está insinuando?
O velho soltou um suspiro pesado, batendo o cajado contra o chão de terra.
Chefe da vila
A floresta esconde demônios, menino. Não se iluda. Muitos já entraram e nunca mais voltaram.
Laurent sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele se lembrou dos olhos dourados de Elias, do toque quente de sua pele e da promessa feita na noite anterior.
Laurent
Eu sei me cuidar.
O chefe estreitou os olhos, mas não insistiu.
Chefe da vila
Espero que sim.
A multidão começou a se dispersar, mas Laurent sabia que os olhares desconfiados ainda estavam sobre ele.
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