Green hunters

Os dois meninos pararam imediatamente. Marcos, segurando seu videogame, ficou com uma expressão incrédula, enquanto William, com os braços cheios de lanches, olhou desconfiado para a figura diante deles.

— Quem é você? — perguntou William, franzindo o cenho.

A garota, de cabelos escuros presos em duas tranças, usava um vestido rosa claro e segurava uma boneca em uma mão. Ela parecia absolutamente confiante. — Meu nome é Rita. E garotos são proibidos aqui.

Marcos deu uma risada. — Proibidos? Esse lugar é nosso desde sempre!

Rita cruzou os braços, um sorriso desafiador surgindo em seu rosto. — Não mais. Agora é minha casa de chá, e vocês são intrusos.

— Casa de chá? — Marcos revirou os olhos. — Isso aqui era para videogame e aventuras!

— Bem, agora é para chá e bonecas. — Ela ergueu o queixo com orgulho. — E não vou sair.

William, sempre o mais pacífico, tentou intervir. — E se... dividirmos o lugar? Podemos jogar enquanto você faz suas coisas.

Rita estreitou os olhos, avaliando a proposta. — Humm... Dividir? Talvez... Mas só se vocês não tocarem nas minhas bonecas.

Marcos bufou, mas William deu de ombros. — Fechado.

Assim, os três entraram no esconderijo. Embora o começo tenha sido marcado por olhares desconfiados e provocações, aquele momento marcou o início de uma amizade que, com o tempo, ficaria mais forte do que qualquer um deles poderia imaginar.

No presente, Marcos observava o esconderijo com uma nostalgia silenciosa. — Parece que foi ontem, não é?

William deu um leve sorriso. — Sim. E parece que nada mudou...

— Exceto o fato de termos que enfrentar vampiros agora. — Rita se aproximou, com um sorriso nervoso.

Luna, mesmo fraca, os olhou com curiosidade, como se tentasse entender aquele laço antigo entre os três. O passado parecia estar cada vez mais próximo de se entrelaçar com o presente.

Duas crianças se aproximam de uma caverna: Marcos e William, com 10 anos de idade, prontos para mais um dia de brincadeiras.

— Pronto para mais um dia jogando? — perguntou William, com um sorriso no rosto.

Marcos riu e mostrou o videogame que carregava embaixo do braço. — Claro! E trouxe meu jogo novo!

William levantou a sacola que estava carregando. — Eu trouxe doce, salgado e refrigerante!

Eles riram animados, mas ao entrarem no esconderijo, Marcos parou de repente. Ele olhou ao redor, os olhos arregalados. — Pera aí... o que é isso?

O lugar parecia totalmente transformado. Bonecas estavam espalhadas pelo chão, roupas cor-de-rosa penduradas nas paredes e uma pequena mesa com chá montada no centro.

— Fomos invadidos! — exclamou Marcos, indignado.

— Quem fez isso? — perguntou William, confuso.

De repente, uma garota apareceu atrás deles. Ela tinha tranças escuras e um vestido rosa claro, e estava segurando uma boneca em uma das mãos.

— Garotos são proibidos! — declarou a menina com firmeza.

— Você de novo?! — Marcos exclamou, irritado.

A garota cruzou os braços com um sorriso provocador.

— O esconderijo agora é meu! — respondeu ela, desafiadora.

William olhou confuso para os dois. — E quem seria ela?

Marcos bufou. — Essa é Rita, minha rival na escola. Ela adora aparecer onde não é chamada.

Rita apenas deu de ombros, claramente se divertindo com a reação dele.

Sem perder tempo, Marcos começou a tirar as bonecas e roupas cor-de-rosa do esconderijo, empilhando tudo no canto. — Pode tirar todas essas coisas agora! Isso aqui é nossa caverna, e garotos não compartilham esconderijos com...

Antes que ele pudesse terminar a frase, Rita pegou o videogame de Marcos das mãos dele e sorriu triunfante.

— Ei, devolve isso! — gritou Marcos, avançando na direção dela.

William, por outro lado, começou a rir da situação. — Isso tá ficando bom!

Rita levantou o videogame acima da cabeça, dançando de um lado para o outro. — Se é nossa caverna, a gente compartilha, né?

Marcos ficou vermelho de raiva, e William continuou rindo enquanto a cena caótica se desenrolava no meio do esconderijo infantil.

No presente, o grupo chegou à velha caverna. William colocou Luna com cuidado em um canto, ajeitando-a para que ficasse confortável. Ele olhou ao redor e sorriu, reconhecendo cada detalhe.

— Está exatamente como a gente lembra... — disse William, com um toque de nostalgia.

Rita olhou para as paredes de pedra e os objetos deixados no chão, esboçando um sorriso. — Nada mudou.

Marcos deu de ombros, cruzando os braços. — Eu venho aqui de vez em quando para estudar em paz. Ninguém me incomoda aqui.

Eles começaram a tapar os buracos da caverna com tábuas velhas, pedras e até algumas plantas, trabalhando em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Quando terminaram, Marcos se virou para Luna com um olhar sério e determinado.

— Olha, Luna... a gente está arriscando a pele por você — disse ele, com uma firmeza que ninguém esperava. — Então, desembucha. O que a gente faz agora? Não dá para continuar fugindo para sempre.

Luna, ainda pálida e visivelmente exausta, levantou o olhar para ele. Por um momento, todos esperaram em silêncio por sua resposta.

Luna suspirou profundamente antes de começar a falar. Ela colocou as mãos sobre os joelhos e olhou para todos com uma expressão de cansaço e seriedade.

— Tudo bem... vocês merecem saber de tudo. — Ela fez uma pausa, olhando para o chão antes de continuar. — Existem pessoas chamadas Hunters Green. Eles são caçadores de vampiros, altamente treinados. São rápidos, fortes e conhecem todos os truques para acabar com vampiros. E o pior... eles nunca falham.

Rita franziu o cenho. — E o que eles têm a ver com você?

Luna hesitou por um momento antes de soltar a verdade. — Eu... fiz uma troca com o líder deles.

— Troca? — Marcos deu um passo à frente, encarando Luna. — Que tipo de troca?

Luna respirou fundo. — Eu prometi dar informações sobre meu pai e meus irmãos. Em troca, eles me deixariam viver. Pelo menos, por enquanto. Só que agora tudo está fugindo do controle... eles querem mais.

William se aproximou, com os punhos cerrados. — Você confiou neles? Esses caras não parecem do tipo que mantém promessas.

— Eu sei. — Luna abaixou a cabeça. — Mas eu não tinha escolha. Estava tentando fugir do meu pai e proteger o máximo de gente possível. Eles sabiam onde eu estava desde o começo.

Marcos bufou, frustrado. — Então estamos sendo caçados por vampiros e agora caçadores de vampiros podem aparecer a qualquer momento? Que ótima situação...

Luna olhou para cada um deles, a dor em seus olhos evidente. — Eu sinto muito por ter arrastado vocês para isso. Mas agora que estamos juntos... talvez possamos encontrar uma maneira de enfrentar isso.

O silêncio se instalou na caverna enquanto todos processavam o que tinham acabado de ouvir.

Marcos mandou todo mundo calar a boca e pegou seu notebook para verificar as câmeras que haviam escondido na floresta. Foi então que ele notou um homem todo de verde, parado ali, olhando diretamente para eles. O homem pegou sua espingarda e começou a atirar nas câmeras, como se soubesse exatamente onde cada uma estava.

"Bom, um soco moveu aquela pedra... Isso é um humano mesmo!" exclamou William.

O homem entrou na caverna. Sem hesitar, William foi direto pra cima dele, mas foi facilmente nocauteado. Rita, tentando ajudar, jogou pedras nele, mas nada adiantou.

Marcos, usando sua inteligência, comentou em tom de irritação: "Seu erro foi achar que as câmeras eram minha única artimanha."

De repente, o homem começou a sentir tontura. Um dardo atingiu-o assim que ele entrou.

Mais caçadores começaram a sair da floresta, cercando a entrada da caverna. O líder, com uma expressão fria e calculista, apontou para Luna.

"Levem a vampira... e esse garoto. Ele pode ser útil."

Um dos outros caçadores hesitou por um momento e perguntou: "E os outros dois?"

"Deixem esses lixos."

William, ainda muito tonto depois do golpe, mal conseguiu ficar em pé. Sua visão estava turva, mas ele pôde ver claramente quando os caçadores levaram Marcos à força e ouvir os gritos desesperados de Luna ecoando pela caverna.

Enquanto isso, no castelo, Vicente estava sentado em um banco no jardim, com um livro nas mãos. O ar frio da noite soprava suavemente pelas árvores ao redor, criando uma atmosfera quase pacífica.

Três jovens vampiros se aproximaram, com sorrisos arrogantes estampados em seus rostos. Um deles, alto e magro, cruzou os braços e disse com desdém:

"Ei, pessoal, vocês ouviram? O grande príncipe Vicente foi derrotado por um humano... com água benta!"

Os outros riram alto, encorajados pela provocação.

Vicente permaneceu imóvel, os olhos ainda fixos em seu livro.

"Talvez devêssemos começar a carregar garrafas d'água nas reuniões", zombou outro deles, rindo.

O terceiro vampiro, com um sorriso malicioso, inclinou-se para mais perto. "E sua irmã? Ouvi dizer que ela estava em apuros. Talvez a gente devesse ter ajudado... ou se divertido um pouco antes."

O som do livro se fechando ecoou pelo jardim. Vicente levantou-se lentamente, seus olhos brilhando com uma raiva fria e mortal.

"Repita isso."

Os jovens vampiros congelaram. O que havia feito a provocação sobre Luna deu um passo para trás, tentando sorrir.

"Ei, só estávamos brincando—"

Vicente avançou em um piscar de olhos, agarrando o vampiro pela gola e erguendo-o do chão com uma facilidade assustadora.

"Se falarem da minha irmã de novo..." Sua voz era baixa, mas carregada de ameaça. "Eu faço vocês desejarem nunca terem nascido."

Com um empurrão, ele soltou o vampiro no chão, que caiu de costas com um baque surdo. Sem dizer mais nada, Vicente virou-se e desapareceu na escuridão do jardim.

"Adoro quando você banca o vampiro alpha", disse uma voz feminina atrás dele.

Vicente parou, mas não se virou de imediato. Ele reconhecia aquele tom — provocador e enigmático. Lentamente, ele virou-se e viu Ruby, a garota de cabelos vermelhos como sangue e uma atitude tão afiada quanto suas presas. Ela estava apoiada em uma árvore, segurando um livro antigo com capa de couro.

"Consegui o livro que você queria", ela disse, balançando o livro levemente. Seus olhos brilhavam sob a luz da lua, cheios de diversão.

Vicente estreitou os olhos, mas uma sombra de alívio passou por seu rosto. "E quanto te custou?"

Ruby deu de ombros. "Nada que não pudesse ser resolvido com charme e uma ameaça velada. Você sabe como é."

Ela deu alguns passos à frente, estendendo o livro para ele. Vicente pegou o livro, examinando-o brevemente antes de guardá-lo sob o braço.

"Você não vai nem me agradecer?" Ruby provocou, cruzando os braços.

"Obrigado", disse Vicente, seco.

"De nada", respondeu ela com um sorriso travesso. "Mas eu quero saber... o que você está procurando de verdade, Vicente?"

Ele não respondeu imediatamente. Olhou para o céu escuro por um momento antes de dizer, em um tom mais sombrio:

"Respostas."

Ruby arqueou uma sobrancelha, curiosa, mas sabia melhor do que pressionar Vicente quando ele não estava disposto a compartilhar.

"Bem, espero que encontre. Mas, por agora, talvez devêssemos sair daqui antes que seus 'amigos' decidam voltar para mais uma rodada."

Vicente assentiu levemente. "Vamos."

Eles desapareceram na noite juntos, deixando o jardim vazio e silencioso.

De repente, Vicente ouviu sussurros e murmúrios ecoando pelos corredores sombrios do castelo. Os espiões do vampiro haviam retornado com informações cruciais: sua irmã Luna havia sido capturada pelos Caçadores.

O boato se espalhou rapidamente, e logo chegou aos ouvidos do rei. Furioso, o pai de Vicente convocou tanto ele quanto Leviana para a grande sala do trono. O salão estava iluminado apenas por tochas tremulantes, lançando sombras sinistras sobre as paredes de pedra.

O rei, com sua presença imponente, olhou para os dois filhos com um olhar de puro desprezo misturado à ira. "Estou cansado das suas falhas," ele rugiu, seus olhos vermelhos brilhando. "Quem trouxer sua irmã de volta será coroado o novo rei!"

Vicente e Leviana trocaram um olhar tenso. Nenhum deles ousou interromper.

"Além disso," continuou o rei, "a batalha contra os humanos está se aproximando. O exército número dois está pronto. Quem trouxer Luna liderará as tropas na guerra."

O silêncio pesado tomou conta da sala. Leviana abaixou a cabeça, ocultando um sorriso malicioso. Vicente cerrou os punhos, contendo a raiva que fervia dentro dele.

"Agora saiam e não voltem de mãos vazias," o rei finalizou, com um gesto brusco para dispensá-los.

Os dois irmãos saíram, sabendo que o destino deles — e de Luna — dependia de suas próximas ações.

Leviana entrou em seu quarto, fechando a porta com força. Ela começou a rir descontroladamente, derrubando livros e objetos da prateleira. "Ah, tudo está saindo exatamente como eu planejei..." murmurou para si mesma, um brilho sinistro nos olhos.

Mini flashback: Leviana atacava os Hunters em uma emboscada bem planejada, usando sua agilidade vampírica para derrotá-los com facilidade. No meio da batalha, conseguiu extrair informações vitais sobre os humanos que estavam com Luna.

Enquanto isso, William chegou em casa com Rita nos braços. Seus pais e sua irmã mais nova correram até ele, preocupados. "O que aconteceu?" perguntou sua mãe, alarmada.

"Foi um acidente de moto," William inventou rapidamente. "Ela se machucou feio."

A mãe de William, que era médica, começou a cuidar de Rita imediatamente. Cinco horas depois, Rita estava estável, descansando no sofá.

William, agora inquieto, saiu de casa e foi até o galinheiro nos fundos. O silêncio da noite estava pesado, mas ele sentia uma presença sombria ao redor.

De repente, Vicente apareceu atrás dele, sua figura imponente sob a luz fraca da lua. "Aquele soco foi sorte," Vicente murmurou com uma voz fria.

William se virou rapidamente, encarando o vampiro.

"Você e eu queremos a mesma coisa, não é mesmo?" Vicente perguntou, com um sorriso que misturava ironia e perigo.

William estreitou os olhos, mas antes de responder, Vicente soltou uma risada baixa, como se soubesse exatamente o que o jovem humano estava pensando.

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