Dançando na Beira do Abismo

A manhã seguinte amanheceu fria, apesar do sol brilhante que entrava pelas enormes janelas da mansão Vasconcellos. Victoria já estava acordada há algum tempo, mas não conseguia se concentrar em nada. Sua mente estava ocupada com um certo bilionário.

Desde a noite anterior, algo tinha mudado. A tensão entre ela e Christopher parecia mais densa, mais palpável, como se os dois estivessem constantemente à beira de algo perigoso.

Ela tentava se convencer de que aquilo era só um jogo. Um flerte inocente. Mas sabia que era mais do que isso.

E Christopher?

Ele tentava fugir.

Mas por quanto tempo?

O Convite Surpresa

— Victoria!

A voz animada de Liz interrompeu seus devaneios. A menina correu até ela segurando um envelope dourado, os olhos brilhando de empolgação.

— Olha! Tem uma festa amanhã à noite!

Victoria pegou o convite e o abriu, lendo as letras sofisticadas que anunciavam um evento beneficente organizado pela empresa Vasconcellos.

— Parece importante.

— É! Papai vai, e eu quero que você vá também!

Victoria sorriu.

— Ah, é? E tem certeza de que seu pai aprovaria minha presença?

— Ele já aprovou.

A voz grave e familiar fez Victoria congelar por um segundo.

Ela se virou lentamente e encontrou Christopher parado atrás dela, com as mãos nos bolsos da calça social.

— Então estou oficialmente convidada? — Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Se quiser ir.

Victoria não perdeu a escolha cuidadosa das palavras.

Se quiser ir.

Ele não queria admitir que a queria lá.

— Muito bem. Eu aceito.

Os olhos de Christopher brilharam com algo que ela não conseguiu decifrar.

— Ótimo.

E então ele se virou e saiu, deixando Victoria com um sorriso satisfeito nos lábios.

Ela sabia que ele estava lutando contra o que sentia.

Mas, no fim, ninguém foge para sempre.

A Noite da Festa

Victoria passou o dia inteiro se preparando.

Ela escolheu um vestido preto, longo, com uma fenda ousada na lateral que revelava suas pernas a cada passo. O decote era elegante, mas ousado na medida certa. Seu cabelo estava solto, em ondas suaves, e a maquiagem destacava seus olhos, deixando-os ainda mais expressivos.

Quando desceu as escadas, Marta, a governanta, soltou um assobio baixo.

— Meu Deus, menina. Você vai matar um homem hoje.

Victoria riu.

— Vamos ver.

Assim que entrou na limusine que a levaria ao evento, sentiu um frio na barriga.

Ela sabia que Christopher a veria.

Sabia que ele tentaria resistir.

Mas, naquela noite, Victoria queria testar seus limites.

O Impacto

O salão do evento era um espetáculo à parte. Lustres de cristal pendiam do teto, e as paredes eram cobertas por cortinas sofisticadas. Homens de smoking e mulheres em vestidos caros desfilavam pelo local, conversando e rindo com taças de champanhe nas mãos.

Victoria entrou no salão com Liz ao seu lado, segurando sua pequena mão com delicadeza.

E então ela o viu.

Christopher estava próximo ao bar, conversando com alguns empresários, vestindo um smoking impecável.

Mas, no momento em que seus olhos pousaram nela, a conversa pareceu se tornar insignificante.

Victoria viu quando a respiração dele parou por um segundo.

Quando seus olhos percorreram lentamente cada detalhe do vestido, desde a fenda provocante até o decote sutil.

Ela sorriu de leve, satisfeita.

Ele não desviou o olhar imediatamente.

Não conseguiu.

E, naquele momento, Victoria soube que estava no controle.

Mas Christopher era um homem orgulhoso.

Então, depois de alguns segundos, ele se virou, pegou um copo de uísque e voltou a conversar como se nada tivesse acontecido.

Victoria riu baixinho.

Ele podia fingir.

Mas ela sabia a verdade.

A Dança do Perigo

A festa prosseguiu, e Victoria notou que Christopher a evitava com maestria.

Mas, mesmo sem olhar diretamente para ela, seus olhos sempre pareciam encontrá-la de alguma forma.

Era um jogo silencioso.

E Victoria decidiu que queria vencê-lo.

Ela dançou com Liz, sorriu para os convidados, flertou sutilmente com alguns homens só para ver se Christopher reagiria.

E ele reagiu.

Mesmo que não dissesse nada, Victoria via seus punhos se apertando ao lado do corpo, via a forma como seu maxilar ficava tenso sempre que ela ria um pouco alto demais.

Ele estava incomodado.

E isso só tornava tudo mais divertido.

Mas então, algo inesperado aconteceu.

Christopher apareceu ao lado dela.

— Você está se divertindo.

A voz dele era baixa, carregada de algo que Victoria não conseguiu identificar.

Ela sorriu.

— Sim.

Ele a encarou por alguns segundos, e então estendeu a mão.

— Dance comigo.

Victoria arqueou uma sobrancelha.

— Isso é um pedido ou uma ordem?

— O que você prefere?

Ela riu, pegando sua mão.

— Vamos descobrir.

Christopher a puxou para a pista de dança, e, naquele momento, o mundo ao redor pareceu desaparecer.

A música era lenta, e o toque dele em sua cintura era firme, quente.

Os corpos estavam próximos, perigosamente próximos.

Victoria sentiu sua respiração falhar por um segundo quando os dedos dele deslizaram levemente por sua pele exposta.

— Isso não é uma boa ideia. — Ela sussurrou.

— Eu sei.

Mas ele não se afastou.

Pelo contrário, puxou-a ainda mais para perto.

Os olhos dele estavam escuros, intensos, presos nos lábios dela por um segundo a mais do que o necessário.

E então, lentamente, ele inclinou o rosto.

Victoria prendeu a respiração.

Seu coração martelava dentro do peito.

Os lábios dele estavam tão próximos que ela sentia o calor da sua respiração.

— Christopher… — Ela murmurou.

Ele fechou os olhos por um momento, como se estivesse lutando consigo mesmo.

E então, abruptamente, ele se afastou.

Como se tivesse sido queimado.

Victoria piscou, surpresa com a brusquidão do gesto.

Christopher passou uma mão pelos cabelos, visivelmente tenso.

— Isso não pode acontecer.

A raiva subiu pelo peito de Victoria.

— Você diz isso, mas continua se aproximando.

Ele a olhou intensamente.

— Porque você me provoca.

Ela ergueu o queixo.

— Talvez porque eu queira ver você parar de fugir.

Os olhos de Christopher brilharam com algo perigoso.

Mas, em vez de responder, ele apenas virou-se e desapareceu na multidão.

Victoria ficou ali, respirando fundo, sentindo o coração ainda acelerado.

Ela estava brincando com fogo.

E, pela primeira vez, se perguntou se sairia ilesa.

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