Capítulo 11

Malu

Nicolas demorou um pouco para pegar no sono e por isso o Heitor ainda estava aqui quando minha mãe chegou. Ela também não entendeu muita coisa quando ele foi embora e pensou que meu pai tinha o proibido de ficar.

Henry – Eu? O idiota que tem mais o que fazer na delegacia... Ele tinha que estar aqui pra ajudar a mulher dele!

Malu – Eu não sou mais a mulher dele, pai!

Ele fica visivelmente desconfortável e acabo achando graça. O senhor Henry pode dizer qualquer coisa na hora da raiva, mas o desejo dele é que continuássemos juntos.

Henry – Hum! Mesmo assim, era pra ele estar aqui pra tentar te fazer mudar de ideia. No entanto, ele foi pra delegacia fazer sei lá o que.

Malu – Eu pedi para ele não ficar, pai.

Seu olhar confuso e arrependido de tudo que falou pro Heitor encontra os meus olhos

Henry – Por quê?

Malu – Porque ainda dói, pai. Tê-lo tão perto é uma tortura pra mim!

Henry – Eu entendo, filha... Mas Nicolas vai precisar do pai.

Malu – E ele vai ter o pai presente, Heitor já aprendeu a lição.

Henry – Filha...

Ele senta ao meu lado e segura minha mão

Henry – Até os seus 2 anos de idade, você só tinha sua vó Glória e eu. Você era feliz, mas te faltava um pedaço, filha.

Malu – Pai, o Heitor vai fazer parte da vida do Nicolas.

Emanuelly – Sim, mas não é a mesma coisa de ter os pais juntos.

Malu – Mas...

Henry – Filha, eu disse pro Heitor que estava torcendo que você não mude de ideia sobre voltar com ele. Mais a verdade é que eu sei o que isso pode impactar na vida do Nicolas... Não tem mesmo a menor chance de voltarem?

Malu – Não, não nesse momento! Há muito tempo venho lutando sozinha para que meu casamento não acabasse, estou cansada de remar sozinha.

Henry – Eu te entendo, filha! Porém se posso te dar um conselho, pense direitinho sobre isso.

Malu – Vocês me conhecem e sabem que eu não sou de desistir, mas quando desisto é porque já pensei muito nisso.

Emanuelly – Só queremos que você fique bem, filha. Sabemos que está lutando agora pra manter sua decisão e nós entendemos o porquê você a tomou. Só estamos dizendo que pro amor é válido voltar atrás em nossa palavra.

Respiro fundo e olho pro Nicolas

Henry – Ele te traiu?

Malu – Ele disse que não e eu acredito.

Henry – Eu também acredito nele

Malu – Rs Achei que ele tinha sido sua maior decepção.

Henry – Você sabe que eu falo besteira quando estou nervoso rs

Malu – Ele te admira muito, pai... Não torne isso ainda mais difícil

Henry – Vou conversar com ele, não se preocupe!

Malu – Obrigada!

Olho para ele com lágrimas nos olhos e minha mãe segura minha mão

Emanuelly – Estamos aqui para o que precisar.

Malu – Eu sei!

Eles saem me deixando sozinha com o Nicolas e agora o quarto parece frio e húmido, sem vida, escuro e sombrio. Olho pro celular milhares de vezes lutando contra a enorme vontade de ligar pro Heitor.

Malu – O que eu faço, filho?

Olho pra ele que dorme tranquilamente sem nem ter noção do caos que está a vida da mamãe agora. As horas se passaram e com elas o dia se vai dando lugar ao anoitecer, que trás com ele uma sensação estranha. Meu coração aperta e imediatamente meu pensamento vai no Heitor, será que aconteceu alguma coisa?

Heitor

Deixar a Malu e o Nicolas na casa dos meus tios foi a pior coisa que já fiz em toda minha vida. Me senti um lixo e parecia que estava os abandonando... o que fiz nos últimos anos com Malu. Ela tem razão em não querer mais nada comigo. Passamos horas planejando esse momento e por culpa minha, tudo foi um completo fracasso...

Lembrança:

Malu – Quando chegar da maternidade, não vou querer passar dias na cama.

Ela sorri saindo da cama pela manhã

Heitor - Vai acatar as ordens médicas, quero a senhora muito bem!

Lhe sigo e entro abraçando ela no banheiro

Malu – Não vejo a hora de vir pra casa com ele. De viver isso com você, ter nosso bebê aqui.

Heitor – É um sonho se realizando!

Malu – Sim, eu disse pra você ter calma kkkk

Heitor – Eu queria logo nosso filho rs

Ela se vira pra mim, e sorri

Malu – Nosso filho veio na hora certa. Agora nada pode estragar isso!

Lembrança

Ela estava errada!

Penso enquanto sinto as lágrimas inundarem meus olhos me impedindo de enxergar a estrada direito. A noite chegou piorando tudo, o vento sopra forte trazendo consigo uma chuva intensa, que me obrigou a parar o carro.

Vicente – Senhor, não podemos ficar aqui!

Heitor – Está chovendo muito.

Vicente – Sim, mas teremos que sair da estrada, estamos correndo perigo aqui.

Concordo com ele e quando sai do carro quase fui atropelado por um veículo que estava desgovernado pelo vento. Vicente me puxa pra trás e o carro passa direto atingindo em cheio uma árvore.

Vicente – O senhor está bem?

Heitor – Sim, obrigado!

Escutamos gritos vindo do carro e meu instinto policial me faz correr pra lá

Vicente – Espera, senhor!

Heitor – Temos que ajudar!

Assim que chego no carro, havia um homem preso que gritava de dor. Sua cabeça estava sangrando e parecia que tinha quebrado uma perna.

Homem – Me ajuda, por favor!

Heitor – Calma, nós vamos te ajudar. Sua perna está quebrada?

Homem – Sim, dói muito!

Heitor – Qual seu nome?

Homem – Murilo.

Heitor – Prazer, Murilo! Eu sou o Heitor e esse é meu amigo Vicente, nós vamos te tirar daqui

Vicente – Esse cheiro é de gasolina, temos que sair daqui.

Heitor – Consegue tirar o cinto, Murilo?

Murilo – Está preso.

Vicente – Eu tenho um canivete!

Ele abaixa e pega o canivete que estava próximo ao seu calcanhar. Com a dor que sente, Murilo não estranha e continua gritando. Assim que o tiramos do carro, sua perna começou a sangrar com intensidade e rapidamente Murilo desmaia.

Vicente – Vou improvisar um torniquete, mas não aqui. Temos que levar ele até nosso carro, fazer o torniquete e levá-lo direto pra hospital.

Concordo e fomos para o carro carregando o Murilo que estava desmaiado. Vicente com muita habilidade, fez o torniquete e quando terminou, o carro do Murilo explode.

Vicente – Não deu tempo de pegar as coisas dele.

Heitor – Não, mas depois vemos isso, temos que levá-lo pro hospital. Não vai ser fácil, mas se ficarmos aqui, ele morre.

Vicente – Eu dirijo, liga pro senhor Alef avisando.

Confirmo e entro no carro pegando meus celular um pouco nervoso.

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