Capítulo 9

Heitor

Não gostei nada do sorrisinho do médico para Malu, mas me contive para não perder a linha. Não posso dar motivos para ela me odiar ainda mais! Assim que saímos de seu quarto, assino os papéis e volto para lhe ajudar. Mesmo sem jeito, ela me deixou ajudá-la com o seu banho depois que arrumamos o Nicolas. Não foi nada fácil, mas consegui me conter!

Emanuelly – Oi, filha! Já estou sabendo que teve alta.

Malu – Sim, e já estou pronta para sair!

Emanuelly – Tomou banho sozinha?

Ela respira fundo e olha para mim, antes de voltar a atenção para a tia Emanuelly.

Malu – Não, Heitor me ajudou!

Emanuelly – Ah, sim!

Heitor – Tia, eu queria saber se posso ficar na casa da senhora por um tempo. Malu vai precisar de ajuda, já que não quer contratar uma babá.

Emanuelly – Por mim, tudo bem... Só precisa convencer seu tio, ele não está nada contente com você.

Heitor – Eu sei, vou falar com ele!

Emanuelly – Ele está em casa hoje, pode levar Malu e conversar com ele lá.

Heitor – Farei isso!

Malu – Eu estou aqui, ok?

Emanuelly – Kkk desculpa, filha!

Malu – O Renan pode me levar para casa.

Fecho o punho, tentando não explodir, vendo seus olhos me encararem.

Heitor – Não, eu vou levar você e nosso filho.

Malu – O Renan pode...

Heitor – Malu, não discuta! Não me tire isso também.

Malu – Eu não tirei nada de você, Heitor.

Heitor – Eu sei, foi só jeito de falar... Me deixa fazer isso!

Emanuelly – Filha!

Ela chama sua atenção e levanta as duas sobrancelhas.

Malu – Ok!

Heitor – Vou pegar o bebê conforto no carro.

Saio dali sem esperar qualquer resposta e tento me controlar.

Renan – Tudo bem, senhor?

Ele se aproxima de mim, e olho em seus olhos.

Heitor – Sim, está! Malu vai sair agora, vou pegar o bebê conforto no carro!

Renan – Quer que eu pegue?

Heitor – Não, Renan, eu faço isso! Ele é meu filho e ela ainda é minha mulher!

Renan – Sim, só estou tentando ajudar, senhor!

Heitor – Ajuda não se metendo com ela.

Ele abaixa a cabeça e dá um pequeno sorriso, pegando suma carteira

Renan – Aqui, esses são os amores da minha vida. Tudo o que o senhor está sendo capaz de fazer para reconquistar a senhora Malu, eu faria com toda certeza por essa mulher aqui... a mãe dos meus filhos. Senhor, nunca ousaria me meter com a senhora Malu, pois respeito muito minha mulher. A senhora Malu é educada e me escuta quando quero falar o quanto sinto a falta deles, mas é só isso!

Solto todo o ar que estava segurando e me sento em uma cadeira que tem aqui no corredor.

Heitor – Desculpa, só tenho medo de perder ela completamente.

Renan – Se posso dar minha opinião, acho que isso é impossível. Ela está magoada agora e pode até parecer que não, mas ela o ama de verdade.

Heitor – Posso te pedir uma coisa?

Renan – Sim, senhor!

Heitor – Se bem conheço a Malu, em breve ela não vai me querer tão perto... Cuide dela por mim!

Renan – Sim, senhor.

Heitor – Ela confia em você, isso não me ajuda muito, mas não posso fazer muita coisa se quero reconquistá-la depois.

Renan – Mesmo não admitindo, ela não vai querer o senhor longe... Então, fique por perto!

Faço sinal positivo e vou pegar a cadeirinha. Quando voltei, coloquei o Nicolas no bebê conforto sem dizer nada, não queria ser grosso ou tratar a Malu com indiferença. Quero reconquistar o amor da minha vida e, para isso, terei que engolir meu ego ferido.

Heitor – Vamos?

Malu – Mãe, pode nos dar licença?

Ela fala, olhando para mim, e a tia confirma.

Emanuelly – Vejo vocês em casa então, beijos! Tchau, amorzinho da vovó.

Ela sai e Malu permanece olhando em meus olhos.

Malu – Não quero que vá para casa dos meus pais.

Sinto um aperto no peito e permaneço em silêncio.

Malu – Eu preciso te esquecer e ter você tão perto não vai ajudar!

Heitor – Estou pensando em você, Malu!

Malu – Decidi contratar uma babá.

Heitor – Tudo para não ficar perto de mim?

Malu – Sim!

Olho para o Nicolas e sinto as lágrimas rolarem.

Malu – Não torne isso ainda mais difícil para mim.

Heitor – É tudo o que eu não quero.

Respiro fundo e limpo meu rosto...

Heitor – Tudo bem, vou deixar vocês lá e depois eu...

Falo meio desnorteado e ela pega em meu braço...

Malu – Só não quero que você fique tão próximo. Você tem livre acesso ao Nicolas, não a mim!

Heitor – Entendi! Bom, vamos?

Ela confirma e pego o bebê conforto, vou até a porta e peço para o Renan me ajudar, empurrando a cadeira de rodas para Malu.

Heitor – Vou levar as bolsas e o Nicolas.

Renan – Sim, senhor!

Mesmo com o peito doendo, me mantenho firme para não desabar agora. Enquanto caminho, olho para o Nicolas, deixando novamente as lágrimas molharem meu rosto e pedindo perdão a ele mentalmente.

Heitor – É tudo culpa dos seu pai, filho... Espero que, quando você crescer, não fique com raiva de mim!

Ao chegar no carro, aperto o cinto dele e Renan ajuda Malu a entrar do outro lado. Olho para ela, buscando algum traço de dúvida sobre sua decisão e não encontro. Vou mesmo precisar me afastar dela!

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