“Su”
Levantei cedo com o firme propósito de retomar a minha vida, estou apavorada, mas não deixarei o medo me consumir, sei que estará sempre comigo.
Nathan, meu amor me ajuda a superar a sua ausência, choro.....
Cheguei na corporação, o meu chefe vem conversar comigo, está com cara de poucos amigos, sei que vêm problemas.
— Su, vou direto ao ponto, você sabe que ontem foi a avaliação com a sua psicóloga?
— Sim, sei e ela disse que estou indo bem.
— Mas também disse que você não está pronta para voltar ao trabalho, então estou te dando um afastamento até ela te liberar para voltar a trabalhar.
— Não faça isso comigo, o que farei em casa o dia todo.
— Viaje, pense como se fossem suas férias, você precisa deste tempo longe para superar a perda que você sofreu.
— Se eu ficar em casa parada, aí sim, enlouquecerei, aqui vejo vocês e sinto menos saudades do Nathan.
— Desculpa, são as regras, você só volta quando a sua psicóloga liberar, a linha entre a vida e a morte é muito tênue e eu não posso arriscar nem a sua vida e nem a dos seus companheiros de trabalho. Falei para meu chefe:
— Bom, então sentarei na praça para fofocar com os velhinhos.
— Não faça drama, Su, se cuida e espero você totalmente recuperada logo.
Dei um abraço em meu chefe e fui saindo, na verdade, não sei para onde ir, faz 10 anos que fazia o mesmo, agora não sei por onde começar, mas falei para minha mãe que iria retomar minha vida. Peguei a foto do meu marido e falei:
“Nathan me ajuda, por onde começo?”
Parei, olhei em volta e estou em frente à loja de
“Acampamento do Johnny”.
“Ok, Nathan, já que você quer, então vamos acampar”
Entrei na loja e cumprimentei Johnny.
— Oi! Johnny, bom dia!
— Bom dia! Su, que bom ver você tão bem.
— Estou em recuperação ainda, mas ficarei ótima.
— Você planeja acampar?
— Me ajuda a separar alguns equipamentos para acampar e para fazer rapel?
— Claro! É para já, você já tem ideia para onde você vai?
— Você tem alguma sugestão?
— a minha cabana nas montanhas está vazia esta semana, se você quiser, te empresto.
— Você aluga, eu não sei se o meu orçamento aguenta pagar uma semana, agora afastada do serviço, a minha renda caiu mais ainda e eu não quero te atrapalhar.
— Su, nós nos conhecemos a vida toda, não vou te cobrar nada, estou te oferecendo emprestado.
— Muito obrigado, então partirei amanhã cedo, você me dá a localização e a chave?
— Leva tudo o que você for usar, o lugar é remoto e não funciona celular.
— Se eu precisar falar com vocês? Como faço?
— Na casa, tem um telefone por satélite, mas precisa de energia solar, então se o tempo estiver nublado, você terá que esperar sair sol para falar com o mundo exterior.
— Entendi, mi, a minha vai surtar, mas vou assim mesmo.
Acabei de acertar as coisas com Johnny e fui ao mercado, comprei suprimentos para duas semanas porque nunca se sabe o que pode acontecer, material de limpeza. Não sei como a casa está, estou olhando a minha lista distraída e alguém fala bem perto de mim.
— Bom dia!
Dei um pulo e olhei e lá está Elliot.
— Já sei! Você quer me matar de susto. Ele sorri e eu não sei o que acontece, mas fico olhando para a boca dele.
— Vai viajar ou o mundo vai acabar e não estou sabendo?
Resolvi brincar com ele:
— Com certeza o mundo vai acabar.
"Dei um sorriso".
Ela está de novo com aquela roupa dos bombeiros, eu fiquei encantado, como que uma roupa de trabalho pode me fazer sentir excitado deste modo? Nenhuma mulher conseguiu me tirar do sério como esta consegue, e só com um sorriso. Falei:
— Me leva junto para seu abrigo, prometo ser um excelente companheiro de fim de mundo.
Vejo a alegria sumir instantaneamente do olhar dela.
— Preciso ir, tenho muita coisa para organizar.
O que será que falei que mudou o humor dela? Fiquei olhando ela indo embora de novo, sem eu conseguir me aproximar, até que estava dando certo, até que me ofereci para ir junto.
“Claro, seu idiota, foi isso, ela perdeu o marido no acidente, e você se oferece para ir ao lugar dele”
Quem sabe da próxima vez consigo não falar bobagem.
“Su”
“Ele é bonito, Nathan, mas não precisa ficar com ciúmes, eu só tenho olhos para você, você foi e sempre será o único amor da minha vida, te prometo.”
Cheguei em casa e contei para minha mãe os planos de acampar. Quando contei onde, e ela só conseguirá falar comigo se não chover, como já esperava, ela surtou, gritou comigo. Entendo o medo que ela deve ter sentido quando me viu naquela cama de hospital entre a vida e a morte, mas preciso recomeçar de alguma forma.
— Mãe, fica calma, é só uma semana e estarei numa cabana, com água encanada e um teto.
— Mas sem comunicação, se acontecer algo?
— Não totalmente sem comunicação, tem o celular por satélite.
— Lógico! Que só funciona se tiver sol, fiquei tranquila agora.
— Se eu não voltar e não der notícia em uma semana, a senhora pega a localização da cabana e vai lá me resgatar.
— Tá bom! Visto a minha roupa de mulher maravilha e vou lá salvar você.
— É isso!
“Dei uma risada”.
— Acho que estava melhor com você deprimida e com medo.
Vi o olhar da minha filha se apagar, nossa, como pude falar isso para ela? Tenho que dar apoio e não desacreditar. Abraço a minha filha e digo:
— Desculpe, não quis dizer isso, só estou preocupada com você, mas prometo me controlar, faça seu passeio e me mande notícias quando der, sei que você é cuidadosa e não vai se arriscar.
— Obrigado, mãe, descansarei agora que amanhã levantarei super cedo, boa noite.
— Boa noite, filha. Sei que minha mãe só quer o melhor para mim, mas poxa, ela pegou pesado, quase desisti, mas seguiremos nossos planos, Nathan.
Abracei a foto e dormi com meu amor comigo. Levantei às 04:00 e, quando entrei na cozinha, minha mãe já havia feito o café da manhã. Esta é minha mãe, meu apoio, surta por vezes, mas está lá quando preciso.
— Mãe, não precisava ter levantado tão cedo.
— Queria tomar café com você e te dar um abraço antes de você partir para sua aventura.
— Então, o que estamos esperando? Vamos comer.
Tomamos o café e conseguimos manter o clima ameno. Minha mãe preparou os lanches, como quando eu saia com Natan para acampar. Mas na hora de sair não teve jeito, choramos, mas foi um choro de despedida e não de desespero. Enchi meu peito de ar, coloquei a foto do Nathan no banco do passageiro, coloquei o cinto nele e em mim e fui para minha aventura.
“Elena, mãe de Su”
Vi minha filha colocando a foto do marido no banco do passageiro e passando o cinto como se fosse ele ali. Filha, querida, tomara que você consiga se curar das suas dores e voltar sem esta foto.
“Su”
Viajei quase o dia todo, parei em um posto para ir ao banheiro, comi o lanche que minha mãe preparou.
Agora estou chegando na cabana, são 17:00, ainda bem que cheguei com claridade, para conseguir ligar a água e o gerador, senão ia pernoitar no escuro.
Vejamos como está a casa, na realidade, é um chalé, quarto, banheiro, sala e cozinha juntas e uma área em volta, tudo compacto e muito aconchegante.
Enchi meus olhos de lágrimas, olhei para a foto e falei com meu marido.
“ Você ia adorar essa tranquilidade, o cheiro do mato”
Continuei falando com ele:
“ Nathan, você poderia me ajudar, carregando os mantimentos para dentro, não vai falar nada? Já te entendi, o silêncio é a alma do negócio, e eu nem posso brigar com você, não é? Fica aí, com esse seu sorriso lindo e eu que me viro para carregar tudo?”
Segui as orientações de Johnny, liguei o gerador e esperei um pouco, depois liguei a água e a geladeira. Tudo parece funcionar normalmente. Dei uma geral na casa e arrumei a cama, o tempo passou rápido, quando olhei no relógio já eram 21:00. Fechei tudo e tomei meu banho, depois fui à cozinha e peguei outro sanduíche.
“Natan não reclama, eu sei que não é saudável passar a sanduíche, mas amanhã faço uma comida mais saudável”
Após comer e colocar a cozinha em ordem, fui para a cama. Dei um beijo no meu marido.
“BOA NOITE, MEU AMOR”
Coloquei a foto em cima do travesseiro do lado que ele sempre gostou de dormir e assim consigo sentir ele perto de mim.
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Atualizado até capítulo 31
Comments
Leydiane Cristina Aprinio Gonçaves
su voce tem que superar essa sua perca pois o seu esposo não ia gostar de te ver definhando dia após dia porque ele já não está mais entre nós lute para superar essa tristeza que está em sua alma por ter perdido o amor de sua vida e abra o coração novamente para um novo amor
2025-01-31
3
AndressaAutora
Ela precisa usar esse tempo para superar, se distrair, e parar de falar com o marido morto. Entendo que é assim que ela está lidando com as coisas.
2025-03-14
1
Eva Soares
a história promete ser ótima
2025-01-29
4