Redenção
“Suellen”
— Estamos em um prédio em chamas, Natan grita:
— Sai, Su, não tem como continuar aqui, o fogo já tomou conta de tudo.
Só vou se você for.
— Não teima comigo, abrirei a porta do quarto, mas preciso que você saia, não quero ter que me preocupar com você.
— Vem comigo, Natan, sairemos deste inferno.
— Cuidado, quando ouço o grito já não dá mais tempo de nada, o teto desaba sobre mim, e Natan pula e me protege, para que a viga não me acerte. Depois disso, não vejo mais nada, acordei no hospital, com várias queimaduras e três costelas quebradas.
Ninguém me fala nada, estou desesperada por notícias do Natan, mas não me falam.
Minha mãe vem me ver, mas não entra porque estou em isolamento devido aos ferimentos.
Os dias vão passando, eu vou me recuperando, mas continuo sem notícias.
Será que perdi meu amor? Por que ele não veio me ver?
Natan e eu nos conhecemos na escola, e desde então não nos separamos mais, namoramos, casamos e nos tornamos bombeiros juntos, são 15 anos juntos, acho que nunca ficamos longe por mais de dois dias, agora vão 40 dias de hospital. O médico veio e me disse que hoje vou para o quarto e poderei receber visitas. Será que ele vem me ver? Estou ansiosa.
Me levam para o quarto e vão fazer suas tarefas, ouço bater na porta.
Acho que é ele, falei:
— Entra.
Mas quem entra é minha mãe.
— Onde está o Natan? Achei que hoje ele viria me ver.
— Su, filha, você terá que ser forte.
— Não…, fala que ele está bem, mãe, comecei a chorar.
— Filha, infelizmente ele faleceu te protegendo, como o herói que ele sempre foi.
— Não pode ser, como viverei sem ele, não sei fazer isso.
— Filha, passará, agora foca em sarar e sair deste hospital.
Fiquei seis meses internada e mais seis fazendo fisioterapia, me sentia fora de mim, tem dias que a dor é tanta que parece que não consigo respirar. Minha mãe vem me ver diariamente e vai embora desolada porque estou mais magra a cada dia.
*Um ano depois.
Já me encaminharam para uma psicóloga porque não consigo ver minha vida sem meu marido, e tenho um peso na consciência, sei que ele faleceu por minha culpa.
Me deram alta e voltei para casa.
Fui voltando lentamente lá nos bombeiros, já estou andando bem, minhas queimaduras já não aparecem mais, mas cada vez que ouço a campainha soar, me dá crise de ansiedade, meu chefe de setor não me deixa voltar à ativa, diz que sou um risco para mim e para os outros.
Continuo indo à psicóloga, me sinto bem, mas até a chama do fogão a gás me lembra o que aconteceu.
Então, venho trabalhar, mas fico atendendo telefone.
Meu celular toca, olhei é minha mãe:
— Oi! Mãe, a senhora precisa de alguma coisa?
— Su, na hora que você sair, passa no mercado e traz farinha.
— Tá bom, mãe, só farinha?
— Se você quiser trazer umas frutas, também acabaram.
— Darei uma olhada, até mais tarde.
— Até mais tarde, filha, fica bem.
Minha mãe me liga várias vezes ao dia, acho que para ter certeza de que não farei nenhuma bobagem.
Terminei meu serviço perto das 17:00, e fui direto ao supermercado comprar a farinha, peguei dois pacotes e dei uma olhada nas frutas. A banca das maçãs está linda, escolhi algumas e, quando me virei, esbarrei em alguém, ergui a cabeça para pedir desculpas e deparei com um par de olhos verdes me encarando.
Fiquei irritada e falei, mesmo sabendo que quem trombou nele fui eu.
— Você não enxerga por onde anda, quase derrubou minhas maçãs no chão.
— Estava distraído, desculpa, vi uma deusa e fiquei hipnotizado.
“Elliot”
Estou ficando louco ou tem uma bombeira na minha frente? Que mulher linda, será que ela vai em uma festa à fantasia? Não tem cara de ser bombeira de verdade.1,80, olhos castanhos amendoados, corpo com curvas perfeitas, cabelos de um tom dourado, maravilhosa.
Ela me olha e diz:
— Se quiser aceitar as desculpas, aceita, se não quiser tanto faz.....
— Desculpas aceitas, mas tem uma condição, me fala onde é a festa a fantasia que quero ir também.
“Su”
Olhei para ele com desdém e falei:
— Por quê? Mulher não pode ser bombeira?
— Pode, você só não tem cara, parece mais uma modelo internacional.
“Su”
Fui andando e cheguei no caixa. Maria me conhece desde que nasci.
— Oi, Su, que bom ver você melhor, rezei muito para que você se recuperasse logo.
— Obrigada, Maria, graças a Deus estou me recuperando rápido.
“Elliot”
Ouvi a conversa e parece que ela é a bombeira da tragédia de um ano atrás, mas quando ouvi o pessoal falando, achei que ela tinha ficado deformada, fiquei distraído pensando que terei que investigá-la devido ao acidente e não escutei mais nada.
“Su”
Estou ficando incomodada com os olhares dele, penso em uma figura imponente, 1,90, corpo perfeito, olhos verdes e uma barba que dá vontade de tocar para ver se é macia e ainda por cima está com um terno preto, homem lindo e elegante.
Me despedi da caixa e fui saindo.
Ouvi chamar meu nome e virei ver quem me chamou.
Ele vem na minha direção, quase correndo.
— Su, quer uma carona?
— Não…, nem te conheço, minha mãe me disse para não entrar em carro de estranhos.
— Sua mãe tem razão, deixa eu me apresentar.
— Sou Elliot Bernard, sou advogado e tenho um escritório aqui ao lado.
Estica a mão esperando eu apertar, fiquei alguns segundos olhando aquela mão e resolvi.
Peguei na mão dele e cumprimentei.
— Prazer sou Suellen Vasques, a louca que gosta de andar com roupas de bombeiro pela cidade.
Ele segura minha mão e não solta.
— Acho que vou me internar no manicômio só para ficar perto de você.
— Esta sua cantada já deu resultado alguma vez?
— Foi tão ruim assim? Nunca havia tentado usá-la.
— Foi péssima, mas posso ser eu. Me dá licença que preciso ir para casa.
— Vou te acompanhar.
— Não precisa, vou sozinha.
Vira e vai sem me dar a chance de pelo menos fazer amizade.
“Su”
Cheguei em casa e minha mãe vem me receber.
— Filha, você demorou.
__Já estou aqui, mãe.
Resolvi falar com minha mãe.
— Mãe, eu estive pensando e quero retomar minha vida.
— Você já está fazendo isso, o médico disse que precisa ser devagar.
— Voltarei a fazer minhas caminhadas e as outras coisas que fazia.
— Mas, filha, você tinha ele, como você fará sozinha? E se te acontecer alguma coisa, um acidente, e você estiver no meio de uma escalada? Como será?
— Estou cansada de viver com medo de morrer, se alguma coisa acontecer, é porque teve que ser assim. A minha terapeuta me disse que preciso parar de sentir pena de mim e seguir minha vida. E é o que eu farei.
— Tudo bem, filha, mas me prometa que isto não é um projeto suicida.
— Te prometo, vou me cuidar, não farei nada que me possa prejudicar, precisa confiar em mim.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
Kely Cardoso
Começando hoje a leitura. 28/01
2025-01-28
5
Leydiane Cristina Aprinio Gonçaves
Olá autora estou aqui novamente kkk já gostei do primeiro capítulo hein parabéns
2025-01-31
2
Marli Aparecida Felix
Começando hoje a ler já estou amando autora mais capítulo adoro seus livros ❤️❤️❤️👏👏👏
2025-01-29
1