Sombra Da Verdade

Melissa passou a noite inquieta. As palavras do bilhete, “A verdade está mais perto do que imaginamos”, ecoavam em sua mente. Sentia que o remetente sabia algo que ela não sabia, algo que podia mudar tudo. Ao amanhecer, ela decidiu encarar o dia com determinação, ignorando a inquietação que pairava sobre ela.

Na galeria, Melissa revisava os documentos de uma nova exposição. No entanto, a concentração lhe escapava. A porta do escritório se abriu de repente, e Hiroshi entrou com um sorriso gentil, mas sua expressão carregava preocupação.

— Bom dia, Melissa. Você parece distraída — comentou ele, observando-a atentamente.

— Estou bem, pai. Apenas cansada com os preparativos da próxima exposição — respondeu ela, tentando soar convincente.

Hiroshi colocou uma mão em seu ombro, oferecendo conforto.

— Sei que é muita pressão, mas lembre-se de que estamos aqui para ajudar. Se precisar de algo, é só me procurar.

Melissa assentiu com um sorriso forçado, mas suas palavras a confortaram mais do que ela esperava.

Pouco depois, enquanto organizava alguns papéis, seu telefone tocou. Era um número desconhecido.

— Alô?

— Senhorita Takahashi? Aqui é Kenji Nakamura.

Melissa congelou por um momento. Apesar da ligação profissional no dia anterior, não esperava que ele voltasse a contatá-la tão cedo.

— Senhor Nakamura, em que posso ajudá-lo? — disse, tentando esconder a tensão em sua voz.

— Estive pensando em algumas ideias para nossa possível parceria. Posso passar na galeria hoje à tarde para discutirmos?

— Claro. Vejo você mais tarde — respondeu ela, desligando em seguida.

Quando Kenji chegou à galeria, estava vestido de forma impecável, com um terno que destacava sua postura confiante. Melissa o recebeu com cordialidade, mas sentia-se desconfortável sob seu olhar intenso.

— Vamos direto ao ponto — disse Kenji, sentando-se no escritório de Melissa. — Quero criar uma série de eventos culturais envolvendo a galeria. Isso não apenas atrairia novos clientes, mas também daria visibilidade internacional ao espaço.

Melissa ouviu atentamente, impressionada com as ideias dele. No entanto, enquanto ele falava, não conseguia ignorar a sensação de que havia algo escondido por trás de suas palavras.

— Parece uma proposta interessante. Podemos trabalhar juntos nesse projeto — respondeu, mantendo o tom profissional.

Kenji sorriu, satisfeito com a resposta.

— Fico feliz que esteja aberta à colaboração. Tenho certeza de que podemos alcançar grandes resultados.

Enquanto Kenji continuava a discutir os detalhes, Melissa observava cada movimento dele, tentando entender suas intenções. Ele parecia genuíno, mas havia algo em sua presença que a deixava em alerta.

Após a reunião, Kenji se despediu, deixando a galeria com a sensação de que havia dado um passo importante em seu plano. Melissa, por outro lado, não conseguia se livrar da impressão de que ele sabia mais sobre ela do que estava disposto a revelar.

Naquela noite, ao chegar em casa, Melissa encontrou Aiko esperando por ela na sala. A mãe estava séria, com os braços cruzados, claramente preocupada.

— Preciso falar com você, Melissa — começou Aiko, sem rodeios.

— Sobre o quê? — perguntou Melissa, sentando-se no sofá, tentando manter a calma.

— O senhor Nakamura. Não confio nele. Ele apareceu do nada, interessado demais na galeria. Isso não é normal.

Melissa franziu a testa, surpresa pela reação da mãe.

— Ele é um cliente potencial. Não vejo motivo para desconfiança.

— Não seja ingênua. Algumas pessoas escondem suas intenções atrás de sorrisos e palavras gentis. Quero que fique atenta.

Melissa hesitou, mas sabia que discutir com Aiko não levaria a lugar algum.

— Vou tomar cuidado, mãe. Não se preocupe.

Aiko a observou por um momento antes de assentir, mas Melissa sabia que a desconfiança da mãe não desapareceria tão facilmente.

Mais tarde, no quarto, Melissa pegou o bilhete misterioso novamente. O papel parecia mais pesado em suas mãos, como se carregasse uma verdade que ela ainda não conseguia decifrar.

Enquanto isso, Kenji estava em seu apartamento, revisando as anotações em seu quadro branco. Ele sabia que precisava agir com cuidado. Melissa estava começando a desconfiar, e Aiko, claramente, já tinha suas reservas.

— Ela é a chave — murmurou para si mesmo, olhando para uma foto de Melissa presa no quadro. — Mas preciso ter certeza de que ela confia em mim antes de revelar tudo.

Aquele era apenas o começo, e Kenji sabia que cada movimento precisava ser calculado.

Na manhã seguinte, Melissa retornou à galeria com uma sensação de determinação renovada. Decidiu que não deixaria os pensamentos sobre Kenji ou o bilhete dominarem sua mente. Era hora de focar no trabalho. No entanto, ao entrar em sua sala, encontrou outro envelope em sua mesa, idêntico ao primeiro.

Ela respirou fundo antes de abri-lo. A mensagem era mais curta desta vez: “Tudo será revelado no momento certo. Prepare-se para a verdade.”

Melissa sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Quem estava enviando aquelas mensagens? E por quê? Não havia assinatura ou qualquer pista que pudesse identificar o remetente. Sentindo a cabeça girar, colocou o bilhete em sua bolsa e decidiu que, por enquanto, o guardaria em segredo.

Pouco depois, Kenji entrou na galeria. Dessa vez, parecia ainda mais confiante, e seu olhar intenso deixou Melissa desconcertada.

— Senhorita Takahashi, espero não estar interrompendo — disse ele, com um sorriso educado.

— Não, senhor Nakamura. O que posso fazer por você hoje? — respondeu ela, tentando manter um tom neutro.

— Estava pensando que seria interessante incluir obras de artistas emergentes no projeto. Isso mostraria o compromisso da galeria em apoiar novos talentos, além de atrair um público mais diversificado.

Melissa ficou surpresa com a sugestão. Ele parecia ter um verdadeiro interesse na expansão da galeria, mas, ainda assim, não conseguia ignorar a sensação de que havia algo escondido em suas intenções.

— Essa é uma ideia interessante. Podemos organizar uma reunião com a equipe para discutir os detalhes — sugeriu ela, anotando as ideias dele.

Kenji assentiu, mas antes de sair, fez uma pausa e a encarou diretamente.

— Sabe, Melissa, às vezes as respostas que procuramos estão bem diante de nós. Só precisamos estar dispostos a enxergá-las.

Melissa ficou imóvel, surpresa com o comentário enigmático. Ele sabia algo sobre os bilhetes? Ou era apenas coincidência? Antes que pudesse responder, Kenji já havia saído, deixando-a sozinha com seus pensamentos.

Mais tarde, enquanto revisava alguns documentos, Hiroshi entrou no escritório com uma expressão séria.

— Melissa, precisamos conversar — disse ele, fechando a porta atrás de si.

— Sobre o quê, pai?

— Kenji Nakamura. Quero que tenha cuidado com ele. Não confio nesse homem. Ele parece saber mais sobre nossa família do que deveria.

Melissa sentiu um nó no estômago. Era a segunda vez que alguém a alertava sobre Kenji.

— Você está exagerando, pai. Ele só quer fazer negócios com a galeria.

Hiroshi balançou a cabeça.

— Pode ser, mas algo sobre ele não me parece certo. Só estou pedindo que fique atenta.

Melissa concordou relutantemente, mas no fundo sabia que a presença de Kenji estava mexendo com todos ao seu redor.

Naquela noite, de volta ao apartamento, Melissa decidiu investigar mais sobre Kenji. Pesquisou seu nome na internet, mas as informações eram limitadas. Ele era descrito como um empresário de sucesso, com vários investimentos no Japão e no exterior, mas não havia nada que explicasse seu interesse pela galeria.

Enquanto olhava a tela do computador, sentiu o peso dos bilhetes e das palavras de Kenji crescer em sua mente. Quem estava tentando lhe mandar mensagens? E por que todos ao seu redor pareciam desconfiar de Kenji?

Ela sabia que precisava de respostas, mas ainda não sabia onde procurá-las.

Melissa fechou o laptop e recostou-se na cadeira, sentindo uma onda de frustração. Nada do que encontrara sobre Kenji explicava suas ações ou sua conexão com os bilhetes misteriosos. Algo estava sendo escondido, e, por mais que tentasse afastar a ideia, o comportamento de seus pais também parecia suspeito.

Decidida a não se deixar abater, pegou o envelope com os bilhetes e os analisou mais uma vez. Não havia marcas, selos ou qualquer detalhe que pudesse indicar de onde vieram. As palavras, embora simples, pareciam carregadas de significado. “Prepare-se para a verdade”. Mas que verdade?

A noite avançava quando Melissa ouviu um barulho vindo da janela. Assustada, levantou-se e puxou a cortina. Não havia ninguém, mas a sensação de estar sendo observada voltou com força total. Olhou para a rua e notou um carro estacionado do outro lado. A luz interna piscou por um momento, revelando brevemente a silhueta de alguém sentado ao volante.

Um frio percorreu sua espinha. Pegou o celular e tirou uma foto rápida do carro antes que ele partisse. A placa não estava completamente visível, mas era um início. Ela não sabia quem estava no veículo, mas suspeitava que não fosse apenas uma coincidência.

De volta ao quarto, Melissa tentou tranquilizar a mente. Apesar de sua inquietação, havia algo claro: os próximos dias seriam cruciais. Ela precisava descobrir o que estava acontecendo, e, para isso, teria que confrontar não apenas Kenji, mas também sua própria família.

Em algum lugar da cidade, Kenji analisava uma fotografia antiga, segurando-a com cuidado. Era uma imagem de dois casais sorridentes, claramente felizes.

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