Fragmentos De Verdades

Melissa acordou cedo na manhã seguinte, ainda refletindo sobre a noite anterior. O nome Kenji Nakamura ecoava em sua mente como uma melodia que ela não conseguia esquecer. Algo nele a intrigava, mas também a deixava inquieta. Após um café apressado, seguiu para a galeria, decidida a focar no trabalho.

Enquanto revisava os detalhes da exposição, Aiko entrou na sala. Elegante como sempre, com seus cabelos negros presos em um coque perfeito, ela carregava uma pasta cheia de documentos.

— Melissa, quero que revise essas propostas. Estamos negociando uma nova parceria internacional, e sua opinião será útil — disse Aiko, deixando a pasta sobre a mesa.

— Claro, mãe. Vou revisar assim que possível — respondeu Melissa, mantendo a voz neutra.

Aiko a observou por um momento antes de perguntar:

— Você tem algo a me contar sobre a noite passada?

Melissa parou de folhear os papéis e olhou para a mãe, surpresa.

— Não... Nada de especial. A exposição foi bem-sucedida, como sempre.

— Ótimo. Espero que continue assim. — Aiko deu um leve sorriso, mas havia algo em seu tom que fez Melissa sentir um leve desconforto.

Aiko saiu, e Melissa respirou fundo, tentando ignorar a sensação de estar sendo observada.

Enquanto isso, em outro lugar da cidade, Kenji estava em seu pequeno apartamento, sentado diante de um quadro branco onde havia fotos e anotações sobre a família Takahashi. No centro de tudo estava uma imagem recente de Melissa, tirada na galeria. Ele segurava uma xícara de café, os olhos fixos na foto, enquanto sua mente trabalhava incansavelmente.

Ele relembrou os detalhes do incêndio que tirou sua família, memórias que ainda doíam como se tivessem acontecido ontem. Fechou os olhos e respirou fundo.

— Não posso perder o foco — murmurou para si mesmo, enquanto puxava um caderno e fazia novas anotações.

Embora sua determinação fosse inabalável, havia algo em Melissa que o fazia hesitar. A lembrança de sua voz, de sua gentileza ao falar sobre as peças de arte, parecia uma contradição ao que ele esperava de alguém da família Takahashi.

Kenji sabia que precisava continuar investigando. Por isso, decidiu se infiltrar mais uma vez no círculo dos Takahashi, fingindo ser um interessado em negócios com a galeria.

De volta à galeria, Melissa trabalhava incansavelmente, mas o desconforto permanecia. No fim do dia, enquanto organizava alguns documentos, encontrou um pequeno envelope em sua mesa.

Dentro havia uma mensagem: “Às vezes, a verdade está mais perto do que imaginamos. Olhe com atenção.”

Melissa franziu a testa, tentando entender de onde aquilo poderia ter vindo. Sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A mensagem era enigmática, mas parecia carregar um tom de aviso.

Determinada a descobrir o que significava, ela guardou o bilhete em sua bolsa e saiu, sem perceber que Kenji a observava discretamente de uma esquina próxima à galeria.

Ele viu quando Melissa parou por um momento na rua, olhando ao redor como se estivesse desconfiada.

— Você ainda não sabe quem realmente é... Mas vai descobrir — sussurrou para si mesmo antes de desaparecer na multidão.

Melissa chegou em casa mais tarde do que o habitual, o envelope misterioso ainda em sua bolsa. O peso daquele bilhete parecia maior do que deveria, e sua mente não parava de especular. Quem teria enviado aquilo? E o que queriam dizer com "a verdade está mais perto do que imaginamos"?

Aiko e Hiroshi estavam na sala de estar quando ela entrou. Eles pareciam imersos em uma conversa séria, mas pararam assim que Melissa passou pela porta.

— Boa noite — disse Melissa, tentando soar casual.

— Boa noite, querida. Como foi o dia? — perguntou Hiroshi, seu tom paternal escondendo algo mais.

— Agitado, mas produtivo. Vou descansar — respondeu Melissa, evitando contato visual por tempo demais.

Ela subiu para o quarto, fechou a porta e tirou o envelope da bolsa. Virou-o nas mãos, esperando encontrar alguma pista sobre o remetente, mas nada indicava sua origem. Por fim, colocou o bilhete na escrivaninha, prometendo a si mesma que não deixaria aquilo interferir em sua rotina.

Do lado de fora, na rua, Kenji permaneceu por alguns minutos, observando a casa dos Takahashi. Ele tinha seguido Melissa para garantir que ela recebesse a mensagem. O bilhete era uma provocação, um passo necessário para semear dúvidas em sua mente.

— É só o começo — murmurou.

Kenji sabia que precisava agir com cuidado. Melissa era diferente dos pais; isso já era evidente. Mas ainda fazia parte da família que ele jurou destruir. Se ele quisesse sucesso em seu plano, precisaria ganhar a confiança dela.

Na manhã seguinte, Melissa voltou à galeria com o bilhete na mente. Enquanto revia documentos no escritório, seu telefone tocou. Era um número desconhecido.

— Alô?

— Senhorita Takahashi? Aqui é Kenji Nakamura.

Melissa ficou em silêncio por um momento. Não esperava ouvir aquele nome novamente tão cedo.

— Senhor Nakamura, em que posso ajudá-lo?

— Me perguntei se poderíamos conversar sobre uma possível aquisição. Fiquei impressionado com a exposição e gostaria de explorar outras oportunidades — disse Kenji, mantendo o tom profissional.

Melissa hesitou, mas a possibilidade de um novo cliente era algo que ela não poderia ignorar.

— Claro. Podemos agendar uma reunião.

— Excelente. Nos vemos na galeria hoje à tarde? — sugeriu Kenji.

Melissa concordou, sentindo uma leve apreensão ao desligar. Algo naquela ligação a deixou desconfortável, mas ela atribuiu à sua própria paranoia desde que recebera o bilhete.

Horas depois, Kenji apareceu na galeria, vestindo um terno simples, mas impecável. Ele tinha um sorriso discreto no rosto, mas seus olhos permaneciam intensos, analisando cada detalhe.

Melissa o cumprimentou com um aperto de mão firme e o conduziu ao escritório para discutir negócios.

— Espero que a exposição tenha sido do seu agrado — disse Melissa, tentando soar confiante.

— Foi mais do que isso. Foi inspiradora — respondeu Kenji, com uma sinceridade que a pegou de surpresa.

Eles começaram a discutir possíveis parcerias, mas a conversa logo tomou um rumo mais pessoal. Kenji parecia saber exatamente como conduzir as perguntas para que Melissa revelasse mais sobre si mesma.

— Você sempre trabalhou na galeria? — perguntou ele, casualmente.

— Desde que me lembro. Minha mãe sempre fez questão de me envolver nos negócios da família — respondeu Melissa, com um sorriso quase automático.

— E é isso que você quer para si? — a pergunta de Kenji soou direta, quase desafiadora.

Melissa hesitou. Ninguém nunca havia perguntado isso antes.

— Eu... acho que sim. É o que sempre fiz.

Kenji percebeu a incerteza na resposta dela e soube que estava começando a plantar a semente da dúvida.

Ao final da reunião, Melissa o acompanhou até a porta.

— Foi um prazer conversar com você, senhor Nakamura. Espero que possamos trabalhar juntos em breve.

— O prazer foi meu, senhorita Takahashi. Tenho certeza de que nossos caminhos ainda se cruzarão muitas vezes — respondeu Kenji, com um sorriso enigmático antes de sair.

Enquanto Melissa o observava se afastar, não conseguia evitar a sensação de que aquela não seria a última vez que ele apareceria em sua vida.

Melissa voltou para o escritório com a cabeça cheia de pensamentos. Kenji Nakamura não era como os outros clientes. Havia algo em sua presença que a deixava inquieta, como se ele soubesse mais sobre ela do que deveria.

Enquanto folheava alguns catálogos na tentativa de se concentrar, o bilhete que recebera na noite anterior voltou à sua mente. “A verdade está mais perto do que imaginamos.” Será que aquilo tinha alguma relação com o interesse repentino de Kenji? Ou seria apenas coincidência?

No fundo, Melissa sabia que coincidências raramente aconteciam em sua vida.

Pouco depois, Aiko apareceu na porta do escritório. Sua expressão estava séria, mas ela tentava disfarçar com um sorriso forçado.

— Vi que teve uma reunião com o senhor Nakamura. Ele foi simpático? — perguntou, casualmente.

— Sim, muito. Ele parece interessado em parcerias. É um cliente promissor.

Aiko entrou no escritório e fechou a porta atrás de si, um gesto que fez Melissa arquear as sobrancelhas.

— Quero que você tome cuidado com quem se aproxima da nossa família — disse Aiko, com um tom que não permitia objeções. — Algumas pessoas podem parecer gentis, mas têm intenções que você não pode prever.

Melissa franziu a testa, sentindo-se desconfortável com a intensidade da mãe.

— Eu sei me cuidar, mãe. Além disso, ele só está interessado na galeria.

— Talvez. Mas sempre desconfie de quem aparece do nada com muitas perguntas — Aiko respondeu, estreitando os olhos antes de sair.

Melissa ficou olhando para a porta fechada por alguns segundos. Havia algo nos olhos de sua mãe que parecia carregado de temor. Mas por quê?

Kenji, observava ao lado de fora da galeria...

Kenji, parado ao lado de seu carro, observava o prédio com atenção. Ele notou Aiko espiando pela janela do escritório, claramente desconfiada. Isso só confirmava o que ele já sabia: os Takahashi eram bons em esconder segredos.

Ele abriu o celular novamente e digitou outra mensagem para o mesmo contato anônimo.

"A filha está receptiva. A mãe, desconfiada. Continuarei."

Apagando a mensagem, Kenji entrou no carro e partiu, sua mente já traçando os próximos passos. Ele precisava pressionar Melissa, mas sem que ela percebesse suas verdadeiras intenções.

Aquela batalha psicológica estava apenas começando, e Kenji sabia que cada movimento precisava ser calculado com precisão.

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Comments

🌻🍪"Galletita"🍪🌻

🌻🍪"Galletita"🍪🌻

Amei o desenvolvimento dos personagens... 😍

2025-01-20

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