A luta começou com Ayame desferindo golpes rápidos e precisos, cada movimento refletindo sua determinação em superar Kou. Ele, por sua vez, demonstrava incrível habilidade em antecipar seus ataques, desviando ou bloqueando com movimentos fluidos e calculados.
Os dois engajavam-se em uma sequência feroz, onde cada golpe parecia conter não apenas força, mas também o peso da rivalidade que os acompanhava desde sempre. A sincronia involuntária de seus movimentos tornava o combate quase artístico, como uma dança de ataques e defesas que mantinha os espectadores hipnotizados.
Ayame aproveitou uma abertura, girando em alta velocidade e desferindo um chute lateral que fez Kou recuar alguns passos. Ele sorriu, passando o antebraço pelos lábios para limpar um pequeno corte.
— Parece que você está levando isso a sério hoje, Ayame — provocou, ativando sua energia. Um brilho esverdeado envolveu seu corpo, intensificando sua presença no tatame.
— Sempre levo, diferente de você. — A energia dourada de Ayame cresceu em intensidade, o ar ao seu redor tornando-se mais pesado.
A plateia, formada pelos outros alunos, estava cada vez mais atenta. Entre eles, Kayo e Mizuki se destacavam, observando cada movimento com admiração.
— Eles estão em outro nível... — murmurou Kayo, cruzando os braços enquanto analisava a luta com olhos críticos.
— Sem dúvida. Olha a precisão dela! — respondeu Mizuki, os olhos fixos nos movimentos de Ayame. Apesar de admirar Ayame, ele não conseguia deixar de notar a astúcia de Kou.
Ayame desferiu uma sequência de socos e chutes que Kou mal conseguiu acompanhar, recuando gradualmente até ser forçado a contra-atacar. Ele girou em um movimento veloz, liberando parte de sua energia em uma explosão que fez Ayame saltar para trás, esquivando-se por pouco.
O impacto foi suficiente para arrancar exclamações da plateia, mas os dois adversários nem sequer piscaram. Seus olhares se cruzaram, intensos, como se nenhum deles estivesse disposto a ceder nem um milímetro.
— É isso que você tem, Kou? — provocou Ayame, levantando uma sobrancelha.
Ele riu, ajustando sua postura.
— Só estou aquecendo.
O combate estava apenas começando, e a tensão no tatame era palpável.
Ao lado de Akina, Harumi observava a luta. Sua expressão permanecia neutra, inabalável, mas o "vazio dimensional" ao seu redor criava um efeito quase opressivo. Alguns alunos próximos começaram a se afastar instintivamente, sem compreender a razão do desconforto que sentiam. Apenas Akina parecia alheia a isso, como sempre, mantendo sua postura descontraída e amigável.
— Harumi, sua irmã é incrível, não é? — perguntou Akina, tentando quebrar o silêncio. Ela inclinou levemente a cabeça, buscando algum sinal de entusiasmo no rosto de Harumi. — Você já viu ela lutar assim antes?
Harumi hesitou. Seus olhos heterocromáticos permaneceram fixos em Ayame no tatame. Com um leve aceno, ela respondeu sem palavras, evitando qualquer expressão emocional.
Akina soltou um suspiro discreto, mas não desistiu. Apesar da barreira que Harumi parecia erguer ao seu redor, Akina tinha uma paciência incomum, determinada a alcançar a amiga.
Enquanto isso, Ayame, no calor da luta, percebeu o olhar da irmã. Algo naquele olhar vazio e insondável a desconcertou, como se estivesse sendo avaliada por motivos que ela não conseguia entender. Por um breve momento, perdeu o foco.
Foi o que Kou precisava. Ele avançou com velocidade, desferindo um golpe rápido que passou perigosamente perto de Ayame, obrigando-a a recuar às pressas. Sentindo a adrenalina subir, ela ajustou sua postura, mas a irritação era evidente em seus olhos.
Sem perder tempo, Ayame lançou um olhar duro para Harumi, como se culpasse a presença da irmã por sua distração. A tensão entre as duas parecia crescer, mesmo que nenhuma palavra fosse trocada.
Akina notou o momento e deu uma leve cutucada em Harumi, tentando chamar sua atenção de volta.
— Ei, Harumi, tudo bem? — perguntou, a voz agora mais baixa, percebendo a atmosfera mais pesada.
Harumi não respondeu, mas desviou os olhos para o chão por um breve instante, antes de voltar a observar Ayame. Algo em seu interior parecia pesar, mas ela manteve o silêncio, como sempre fazia.
No tatame, Ayame decidiu ignorar o desconforto causado pela irmã e focou novamente no combate. Ela sabia que qualquer hesitação poderia custar a vitória, e não estava disposta a dar essa satisfação a Kou.
Sem conseguir focar 100% na luta, Ayame é derrotada, e o treino termina com a voz firme do instrutor declarando o fim do combate. Ayame, ainda irritada pela derrota, caminhou em direção a Harumi. A inquietação que a presença da irmã mais nova provocava parecia aumentar a cada passo.
Quando finalmente parou diante dela, Ayame cruzou os braços, tentando parecer indiferente. Sua voz, no entanto, saiu mais dura do que pretendia.
— Por que você está me encarando assim?
Harumi deu um pequeno passo para trás, surpresa pela intensidade na pergunta. Sua expressão permaneceu neutra, mas o desconforto era evidente em seu corpo. Antes que ela
pudesse tentar reagir, Akina, sempre pronta para intervir, deu um passo à frente.
— Ayame, calma. Ela só estava assistindo, como todos os outros...
— Não se meta nisso, Akina — cortou Ayame, sem desviar o olhar de Harumi. Sua voz soou quase como um desafio, deixando Akina sem palavras por um momento.
Harumi, no entanto, não respondeu. Seus olhos heterocromáticos abaixaram-se lentamente, como se ela estivesse tentando esconder algo. Nenhuma palavra saiu de seus lábios. Ela apenas abaixou a cabeça, e o "vazio dimensional" ao seu redor parecia intensificar o desconforto de quem estava perto.
Ayame suspirou, frustrada. A ausência de reação da irmã a deixava ainda mais desconcertada. Ela virou-se bruscamente, as palavras escapando em um tom que misturava
cansaço e irritação.
— Não importa... Só não me atrapalhe.
Ela se afastou a passos largos, sem perceber a tristeza silenciosa que dominava o olhar de Harumi.
Kou, observando tudo de longe, não resistiu. Aproximou-se de Ayame com seu típico sorriso provocador e cutucou-a de leve no ombro.
— Então, essa é a sua irmãzinha? — perguntou ele, com um tom irônico que quase parecia divertido. — Parece que vocês duas têm mais em comum do que pensam.
Ayame parou, sua expressão se fechando ainda mais.
— Não é da sua conta, Kou. — Sua voz era fria e evasiva, mas havia algo no tom que chamou a atenção de Kou.
Ele inclinou a cabeça ligeiramente, como se analisasse Ayame de uma nova perspectiva, e murmurou para si mesmo:
— Parece que as coisas vão ficar interessantes com ela aqui.
Mizuki, que observava a cena à distância, deu um passo para o lado de Kou. Sempre gentil, tentou dissipar a tensão que pairava no ar.
— Talvez elas só precisem de tempo. Nem todo mundo se ajusta de imediato. Afinal, elas não se veem há anos — comentou ele, com um tom conciliador, olhando de Ayame para Harumi.
Ayame ouviu o comentário de Mizuki, mesmo já afastada. Seus punhos se fecharam instintivamente, enquanto ela tentava controlar algo dentro de si.
Ela sabia que Mizuki tinha razão. A relação entre ela e Harumi era complexa, marcada por um passado que ambas não lembravam, mas que, ainda assim, parecia deixar um vazio
inexplicável entre elas. Um vazio que nem mesmo o tempo havia conseguido preencher.
Ayame e Harumi, separadas por barreiras invisíveis, encaravam suas próprias lutas internas naquele momento. Ambas sabiam que algo as conectava, mas nenhuma estava pronta para
confrontar o passado que ameaçava emergir.
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Atualizado até capítulo 50
Comments
I,ts Zero
Sério, preciso do próximo capítulo. Estou obcecada por essa história!
2025-01-17
1
Débora T.
Quero saber o que tá acontecendo entre elas duas... /Slight/
2025-03-07
1