Após a partida de Himiko, Ryuji conduziu Harumi até sua sala para uma breve conversa. Ele estava sentado atrás de sua mesa, observando com preocupação a expressão neutra da filha, perguntando-se se ela conseguiria se adaptar. Harumi não dizia nada, apenas mantinha o olhar fixo em um canto da sala, como se evitasse ao máximo fazer contato visual. Ele sabia que a situação não seria fácil, especialmente com Ayame, que poderia enfrentar dificuldades em aceitar a presença da irmã.
A porta da sala abriu-se de repente, e Ayame entrou. Seus passos rápidos e sua postura confiante enchiam o ambiente com uma energia intensa. Seus longos cabelos loiros balançavam enquanto ela cruzava a sala, parando ao lado do pai. Seus olhos azuis, firmes, desviaram por um momento na direção de Harumi. — Você me chamou, pai? — disse Ayame, tentando esconder a tensão em sua voz, embora fosse evidente que a situação a incomodava.
Ryuji levantou-se da cadeira, acenando para que Ayame se aproximasse mais.— Sim, Ayame. Quero que você e Harumi conversem um pouco. — Ele fez um gesto em direção à irmã mais nova, que continuava imóvel no canto da sala.
Ayame olhou para Harumi, a expressão misturando curiosidade e uma ponta de hesitação. Ela já sabia que a garota era sua irmã, mas isso não tornava a situação menos desconfortável. Harumi, por sua vez, manteve a cabeça baixa, como se quisesse desaparecer.— O que você quer que eu diga, pai? — perguntou Ayame, cruzando os braços. — "Que bom te ver, irmãzinha"? Não acho que seja tão simples assim.
Ryuji respirou fundo, esforçando-se para manter a paciência.— Ayame, eu sei que isso não é fácil. Nem para você, nem para Harumi. Mas vocês são irmãs e precisam começar de algum lugar.
Ayame desviou o olhar, claramente desconfortável. Após um breve momento de silêncio, ela deu um passo em direção a Harumi. Seu tom de voz era mais calmo, mas ainda carregava uma certa rigidez.— Então, Harumi... — começou, com dificuldade. — Parece que você e eu vamos passar algum tempo juntas.
Harumi levantou os olhos por um instante, hesitante. Seus olhos heterocromáticos encontraram os de Ayame, mas rapidamente desviaram novamente. Ela abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas acabou apenas balançando a cabeça em um leve aceno.
Ayame suspirou, passando a mão pelo cabelo. Era claro que Harumi não estava confortável e, por mais que isso a irritasse, Ayame sentiu algo diferente: uma pontada de pena.— Certo, acho que isso é um começo... — disse Ayame, dando um passo para trás. Seu tom tinha perdido um pouco da dureza, mas ela ainda parecia distante.
Ryuji observava em silêncio, analisando cada gesto das filhas. Ele sabia que a relação entre elas não se construiria em um único dia, mas aquela troca, por mais tensa que fosse, era um primeiro passo.— Obrigado, Ayame — disse ele, quebrando o silêncio. — Sei que não é fácil para nenhuma de vocês, mas o importante é que comecem a se conhecer.
Ayame apenas assentiu, ainda evitando olhar diretamente para Harumi. Após alguns instantes, ela virou-se para o pai.— Posso ir agora? Tenho treino. — Sua voz era mais firme, como se tentasse esconder a confusão que sentia.
Ryuji acenou com a cabeça, liberando-a.— Claro. Mas, Ayame... seja paciente. Vocês duas precisam disso.
Ayame não respondeu, apenas saiu da sala em silêncio. Assim que a porta se fechou, Harumi soltou um pequeno suspiro, ainda sem dizer nada. Ryuji sentou-se novamente, observando a filha mais nova.— Está tudo bem, Harumi — disse ele, tentando tranquilizá-la. — Vamos dar tempo ao tempo.
Harumi apenas acenou com a cabeça, como de costume, mas havia algo em sua expressão que sugeria que ela queria acreditar nas palavras do pai, mesmo sem saber como.
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Atualizado até capítulo 50
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