O sol da manhã filtrava-se pelas grandes janelas da academia da Escola Dimensional, banhando o ambiente com uma luz dourada. Alunos aqueciam seus corpos e mentes, trocando olhares desafiadores e algumas provocações amistosas.
No centro do tatame, Ayame ajustava o laço em seu cabelo, como fazia todas as manhãs, preparando-se para mais um treino. Seus olhos azuis brilhavam com determinação, mas, no fundo, havia um resquício de inquietação.
Ela sentia os olhares de outros alunos enquanto se aquecia. Não era incomum que sua presença chamasse atenção. Sua habilidade, sua força e sua postura confiante a destacavam
entre os outros. Mas naquele dia, Ayame não estava pensando em impressionar ninguém. A chegada de Harumi, sua irmã mais nova, ainda ecoava em sua mente como um sussurro constante que não a deixava em paz.
Kou, um colega de Ayame e seu rival constante, percebeu o olhar distante da amiga e aproveitou a oportunidade para provocá-la.
— Bom dia, Ayame! — disse ele com seu habitual sorriso desafiador. — Já está se preparando para ficar em segundo lugar hoje?
A voz familiar de Kou interrompeu os pensamentos de Ayame, que revirou os olhos, claramente tentando ignorar a provocação.
— Se isso te ajuda a dormir à noite, Kou, continue sonhando —retrucou ela, com um tom afiado.
Os dois trocavam olhares intensos, a rivalidade evidente entre eles transformando o ambiente em um campo de tensão.
Mais ao fundo, Kayo e Mizuki observavam atentos, como sempre faziam diante das disputas constantes entre Ayame e Kou.
— Será que eles nunca se cansam disso? — Kayo comentou, um toque de sarcasmo marcando sua voz enquanto cruzava os braços.
— Provavelmente não — respondeu Mizuki com a calma habitual. — Mas, de certa forma, essa rivalidade os força a melhorar.
Do outro lado da sala, Harumi estava sentada em um canto, silenciosa como sempre. Sua expressão neutra e os olhos heterocromáticos observavam o movimento, enquanto ela
sentia a energia vibrante do lugar. O 'vazio dimensional' que emanava dela criava uma aura desconfortável, afastando os alunos que passavam.
De repente, uma garota ruiva, extrovertida e sorridente, se aproximou de Harumi.
— Ei! Você deve ser Harumi. Eu me chamo Akina, sou a melhor amiga da sua irmã. Prazer em conhecê-la! — disse ela, com entusiasmo, tentando animar a nova aluna.
Harumi apenas acenou com a cabeça, o silêncio pairando entre as duas.
— Você parece mais tranquila que os outros — comentou Akina, observando a quietude de Harumi.
Akina tentou quebrar o gelo, falando sobre as atividades e os treinos da escola, destacando o quão desafiador era viver cercada por jovens com habilidades tão únicas.
Harumi ouvia em silêncio, sentindo a leveza e a alegria na atitude de Akina, que traziam um certo conforto inesperado. Quando Akina perguntou casualmente sobre sua relação com Ayame, Harumi hesitou, como se tentasse puxar memórias que não existiam.
— Eu... não lembro dela — respondeu suavemente.
Akina queria fazer mais perguntas, mas decidiu não pressioná-la. Em vez disso, ofereceu um sorriso compreensivo e mudou de assunto, deixando o momento fluir naturalmente.
Akina, em mais uma tentativa de animar Harumi, decidiu apresentá-la a Kayo e Mizuki.
— Kayo, Mizuki, esta é a Harumi. Ela é um pouco tímida, mas está se adaptando — disse Akina com um sorriso acolhedor, tentando incluí-la na conversa.
A aura de melancolia causada pelo "vazio dimensional" de Harumi era quase palpável, algo que não passou despercebido por Mizuki. Ao se aproximar dela, sentiu o peso daquela tristeza inexplicável.
— Oi, Harumi. Eu sou Mizuki, parceiro de treino do Kayo — disse ele, com um sorriso gentil. — Você está gostando de assistir ao treino?
Harumi respondeu apenas com um leve aceno de cabeça, mantendo seu habitual silêncio.
Kayo, observando a interação tímida da garota, inclinou a cabeça e lançou uma provocação descontraída:
— A Ayame não é a única da família cheia de mistérios, não é? Vocês duas parecem guardar muitos segredos.
Harumi desviou o olhar, claramente desconfortável. Apesar do tom brincalhão de Kayo, suas palavras tocaram em uma verdade delicada. A tensão invisível entre as irmãs era evidente para quem prestasse atenção.
Akina ficou ao lado de Harumi, tentando distraí-la das provocações. Com sua habitual alegria, comentou sobre as habilidades de Kayo e Mizuki, e sobre como eles eram parceiros de treino ideais para a intensidade de Ayame e Kou.
Akina a incentivou:
— Ei, quem sabe um dia a gente possa treinar juntas? Talvez possamos ser tão boas quanto sua irmã! Você pode me ensinar o seu estilo calmo, e eu te mostro como fazer amizade até com os seus adversários!
Harumi esboçou um leve sorriso, seu primeiro desde que chegou à escola, sentindo-se, ainda que de forma tímida, menos isolada. A presença de Akina ao seu lado começava a
trazer um sopro de leveza para Harumi, oferecendo um vislumbre de que a escola poderia ser mais do que uma simples recordação de perda e separação.
De volta ao tatame, Ayame e Kou se posicionavam frente a frente, prontos para o primeiro combate treino do dia. O ambiente estava carregado de expectativa, enquanto outros
alunos observavam atentamente à beira do tatame. Kou, com seus cabelos verdes que cobriam parcialmente os olhos e seu sorriso confiante, parecia completamente à vontade. Ele cruzou os braços, mantendo uma postura descontraída.
— Pronta para perder, Ayame? — provocou ele, inclinando ligeiramente a cabeça, como se já soubesse a resposta.
Ayame apertou os punhos, seus olhos brilhando com determinação. Ela manteve a postura firme, mas não deixou de responder à altura.
— Você deveria focar mais no seu treinamento e menos em falar besteiras, Kou. — Sua voz era firme, mas carregava uma calma que o irritava.
Com um leve movimento, Ayame ativou sua energia de forma controlada. Um leve brilho dourado emanou ao redor de seu corpo, fazendo com que o ar ao redor parecesse vibrar. Kou estreitou os olhos, reconhecendo o poder de sua rival, mas não demonstrou hesitação.
— Vamos ver se sua energia vai te salvar hoje — disse ele, assumindo a posição de combate, sua própria energia começando a surgir como uma névoa esverdeada ao seu redor.
Os dois ficaram imóveis por um momento, estudando cada movimento um do outro. O silêncio no tatame era quase ensurdecedor, até que o instrutor deu o sinal para o início do combate.
— Comecem!
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Atualizado até capítulo 50
Comments
Débora T.
O kou fortes indícios de que gosta da ayane. /Chuckle/
2025-03-07
1
Tsuyuri
Ri e chorei.
2025-01-16
1