Ayumi ainda era frágil, mas sua evolução era evidente. Em pouco tempo, ela deixou de ser uma garota indefesa para alguém que começava a entender o que era necessário para sobreviver. No entanto, algo em mim mudava também. Perceber que havia mais humanos vivos me fez questionar se o futuro realmente precisava de uma reconstrução... ou de uma destruição completa.
— Você está quieto hoje — disse Ayumi, enquanto mastigava um pedaço de carne seca que criamos com o "Desejo Creator".
Olhei para ela, avaliando sua postura. Suas mãos tremiam menos, e seus olhos não estavam mais tão perdidos. Mas ainda havia uma distância entre nós.
— Estava pensando.
— Pensando em quê?
Deixei a pergunta no ar. A verdade era que minhas ideias estavam começando a se solidificar. A humanidade havia sido destruída por sua própria fraqueza. A natureza brutal do mundo atual só reforçava isso. Então por que reconstruir algo tão falho?
— Esquece. — Levantei, limpando as mãos na calça. — Temos que continuar.
Enquanto atravessávamos uma área desolada que antes parecia ter sido um centro comercial, senti algo estranho. Era como se o ar ao nosso redor estivesse pesado, carregado de uma energia que fazia meus instintos gritarem.
— Ayumi, fique atrás de mim.
Ela obedeceu sem questionar, já entendendo que quando eu dava uma ordem, era melhor não hesitar.
Apareceu então uma criatura diferente dos Karrash que eu havia enfrentado até agora. Era enorme, com garras afiadas e olhos vermelhos que brilhavam como brasas. Parecia um líder, algo acima dos monstros comuns.
— Isso vai ser interessante — murmurei, um sorriso sinistro surgindo em meu rosto.
A criatura rugiu, e o som fez o chão tremer. Antes que ela pudesse atacar, eu já havia começado a usar meu poder.
— Criar: Espada Carmesim.
A arma surgiu em minhas mãos, brilhando com uma energia pulsante. Corri em direção à criatura, desviando de suas garras com movimentos rápidos. A batalha era intensa, mas havia algo estranho.
— Esse desgraçado... está pensando.
O monstro não era apenas força bruta. Ele observava, estudava meus movimentos. Era como se tivesse um intelecto rudimentar, algo que eu ainda não havia visto nos Karrash.
Quando Ayumi tentou ajudar, arremessando pedras improvisadas, ele desviou com facilidade, movendo-se com uma velocidade surpreendente.
— Fique fora disso, Ayumi! — gritei, concentrando-me em um golpe final.
— Criar: Corrente Dimensional.
Correntes brilhantes surgiram do chão, prendendo a criatura por alguns segundos. Tempo suficiente para eu cravar a espada em seu peito. O rugido que ela soltou foi ensurdecedor, mas em poucos segundos, o monstro estava morto.
Olhei para Ayumi, que estava ofegante.
— Você está bem?
— Sim... mas o que era aquilo?
Eu me abaixei, examinando o corpo da criatura. Havia algo de diferente nela, algo que me incomodava.
— Parece que os Karrash estão evoluindo.
Ayumi ficou em silêncio, mas a preocupação em seus olhos era clara.
Continuamos nossa jornada até encontrarmos um pequeno grupo de sobreviventes. Havia quatro deles: dois homens e duas mulheres, todos armados com ferramentas improvisadas e com expressões de puro desespero.
— Quem são vocês? — um dos homens perguntou, levantando uma barra de ferro como se aquilo fosse suficiente para me ameaçar.
— Abaixe isso antes que eu te mate. — Minha voz foi direta, carregada de uma autoridade que ele não conseguiu ignorar.
— Ei, calma! — disse uma das mulheres, tentando evitar um confronto. — Não queremos problemas.
— Nem eu. Mas se quiserem sobreviver, vão ter que me obedecer.
Os quatro trocaram olhares, claramente divididos. Mas no fim, todos abaixaram as armas.
— Ótimo. Agora, me digam o que sabem sobre essa área.
Eles começaram a falar, compartilhando informações sobre os Karrash, os recursos e outros sobreviventes. Mas o que me chamou atenção foi algo que um deles mencionou.
— Existe um grupo... eles se chamam de "Os Salvadores". Estão reunindo pessoas, formando uma nova comunidade.
Isso me fez rir.
— "Salvadores"? Que piada.
— Eles são perigosos — continuou o homem. — Matam qualquer um que não se submeta às regras deles.
— Então, são apenas outro tipo de Karrash. — Minha voz era carregada de desdém.
Ayumi olhou para mim, confusa.
— O que vamos fazer?
Olhei para ela, depois para os outros.
— Vamos encontrá-los. E então, vamos acabar com eles.
Os sobreviventes pareciam aterrorizados com minha resposta, mas não me importei. Este mundo não tinha espaço para falsos salvadores ou líderes fracos.
— Mas... por quê? — perguntou uma das mulheres, hesitante.
— Porque este mundo não precisa de salvadores. Precisa de reis.
E, naquele momento, o destino de "Os Salvadores" estava selado.
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Atualizado até capítulo 41
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