O sol da manhã, já mais forte, banhava o jardim com uma luz quente e dourada. Alice e Bruno, sentados na varanda, observavam o movimento da vida ao redor: pássaros revoando, borboletas dançando entre as flores, o vento sussurrando entre as folhas das árvores. Mas a paz do jardim não conseguia silenciar a inquietação que se instalara em seus corações.
A revelação da amnésia de Alice havia aberto uma ferida profunda, uma ferida que ecoava a dor da perda do pai e a culpa que Bruno carregava. A busca pela memória perdida se tornou uma missão conjunta, um caminho tortuoso que os uniria ainda mais.
“Alice, você se lembra de alguma coisa? De algum detalhe, de algum sonho que possa te levar de volta àquele dia?” Bruno perguntou, sua voz carregada de esperança e apreensão.
Alice fechou os olhos, tentando se concentrar, mas a névoa da amnésia se mantinha implacável.
“Não, Bruno. Nada. É como se aquele dia nunca tivesse existido. É como se a minha memória tivesse sido apagada com um borrão.”
Bruno, sentindo a frustração de Alice, segurou sua mão, transmitindo-lhe um pouco de sua força.
“Não desista, Alice. Nós vamos encontrar as respostas. Vamos procurar em fotos, em vídeos, em tudo que possa te ajudar a lembrar. Vamos reconstruir aquele dia, pedaço por pedaço.”
Alice sorriu, um sorriso fraco, mas cheio de gratidão. A presença de Bruno, sua determinação em ajudá-la, era um bálsamo para sua alma.
Eles passaram os dias seguintes mergulhados em um mar de lembranças. Reviraram álbuns de fotos, assistiram a vídeos antigos, leram diários, buscando qualquer pista que pudesse reacender a memória de Alice. Cada foto, cada vídeo, cada palavra escrita, era como uma porta para um passado que se esvaía, um passado que Alice ansiava por recuperar.
Mas a memória, teimosa, se mantinha escondida, como um tesouro enterrado sob camadas de esquecimento. A frustração e o desespero se instalavam, ameaçando minar a esperança que havia começado a florescer entre eles.
Um dia, enquanto reviravam as caixas de lembranças do pai de Alice, Bruno encontrou um antigo álbum de recortes. Era um álbum cheio de recortes de jornais, de revistas, de fotos, que o pai de Alice colecionava com carinho. Entre as páginas amareladas pelo tempo, Bruno encontrou um recorte de jornal que o deixou perplexo.
Era uma reportagem sobre um acidente de carro, um acidente que havia acontecido na mesma data do acidente que tirou a vida do pai de Alice. A descrição do acidente, a localização, as características do veículo, tudo batia com o que Bruno sabia.
Bruno, com o coração batendo forte, mostrou o recorte para Alice.
“Alice, olha isso. É o mesmo dia, o mesmo local, o mesmo tipo de carro. Será que...”
Alice, com os olhos arregalados, leu o recorte com atenção. A memória, ainda turva, começava a se agitar, como um rio que buscava seu curso.
“Bruno, eu... eu acho que... eu me lembro de algo. De um carro... de um som... de um flash de luz.”
A voz de Alice era fraca, mas carregada de esperança. A memória, como um fio tênue, começava a se desenrolar, revelando fragmentos de um passado que ela havia esquecido.
Bruno, com um misto de alegria e apreensão, a abraçou com força.
“Alice, você está lembrando! Nós vamos conseguir. Vamos encontrar todas as respostas.”
Alice, com lágrimas nos olhos, se agarrou a Bruno, buscando conforto em seu abraço. A busca pela memória perdida se tornava cada vez mais urgente, cada vez mais importante. Era uma busca por justiça, por paz, por um passado que precisava ser resgatado.
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Atualizado até capítulo 20
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