A FLOR SECA E O SOL DE VERÃO

A FLOR SECA E O SOL DE VERÃO

A FLOR SECA E O SOL DE VERÃO

O cheiro de café recém-feito e pão quente invadia o ateliê de Sofia, misturando-se ao aroma de tinta, óleo e pincéis. Era uma manhã de sábado, o sol da primavera espreitava por entre as cortinas, pintando o chão de madeira com um tom dourado. Sofia, com os cabelos castanhos presos em um coque desgrenhado e os olhos azuis brilhando de entusiasmo, se movia com a agilidade de um furacão em miniatura, organizando seu espaço para a jornada criativa que se iniciava.

Ela era uma artista, uma alma inquieta que buscava a beleza em cada canto do mundo, e a transpunha para suas telas com pinceladas precisas e cores vibrantes. O ateliê, um pequeno refúgio no coração da agitada São Paulo, era o seu universo particular, onde a realidade era diluída em um mar de cores e formas.

Hoje, porém, a inspiração parecia se esquivar. Sofia passava horas em frente à tela em branco, a paleta de cores a seus pés, mas nada fluía. O turbilhão de pensamentos e sentimentos que a assolava era um turbilhão de cores, mas sem forma definida. Ela precisava de um novo impulso, de um sopro de ar fresco para reacender a chama da criatividade.

"Preciso sair", pensou Sofia, erguendo-se da cadeira com um suspiro. "A cidade me sufoca, preciso de um pouco de verde, de céu aberto, de paz."

Pegou seu livro de poemas favoritos, um presente do seu avô, um homem de alma poética que a inspirou a buscar a beleza nas coisas simples. As páginas amarelecidas pelo tempo guardavam versos que a tocavam profundamente, palavras que ecoavam em seu coração e a faziam sonhar.

Com o livro na mão, Sofia saiu do ateliê e se lançou na rua. A cidade, com seus prédios imponentes e o trânsito incessante, parecia um labirinto de concreto e aço. O barulho, a poluição e o ritmo frenético a oprimiam, a impediam de respirar fundo e sentir a energia da vida fluindo em suas veias.

Ela caminhava sem rumo, seus olhos absortos nas palavras do livro, buscando refúgio em um mundo de sonhos e poesia. De repente, um toque leve em seu ombro a tirou de seus devaneios.

"Desculpe interromper, mas você parece perdida em um mundo só seu", disse uma voz masculina, gentil e com um leve sotaque.

Sofia, um pouco assustada, fechou o livro e ergueu os olhos. Era um rapaz alto, com cabelos castanhos e olhos azuis que a observavam com um olhar curioso e um sorriso que a fez corar.

"Perdida? Talvez. Só procurando um pouco de beleza em meio a tanta correria", disse Sofia, envergonhada por ter sido pega em seu mundo particular.

"A beleza está em todos os lugares, basta saber onde procurar", respondeu o rapaz, com um sorriso que iluminou seu rosto.

Sofia, intrigada, o encarou com mais atenção. Ele era bonito, com traços finos e delicados, mas era o brilho em seus olhos que a cativava. Ele parecia ter uma alma sensível, uma capacidade de ver o mundo de uma maneira diferente.

"Você está certo", disse Sofia, sorrindo timidamente. "Eu às vezes me esqueço de olhar ao redor."

"Eu sou Gabriel", disse o rapaz, estendendo a mão. "E você?"

"Sofia", respondeu ela, apertando sua mão com um aperto firme.

"Sofia", repetiu Gabriel, como se saboreando o nome. "Um nome bonito, como você."

Sofia chorou novamente, sentindo um calor percorrer seu corpo. Gabriel era encantador, e ela não conseguia tirar os olhos dele.

"Você está indo para algum lugar em especial?", perguntou Gabriel, quebrando o silêncio que se instalou entre eles.

"Não, apenas caminhando", respondeu Sofia. "Procurando inspiração."

"Inspiração para o quê?", perguntou Gabriel, curioso.

"Para pintar", respondeu Sofia. "Sou artista."

"Artista?", exclamou Gabriel, com um brilho nos olhos. "Que legal! Eu também sou artista e fotógrafo."

"Fotógrafo?", perguntou Sofia, surpresa. "Que coincidência! Eu adoro fotografia."

"Eu tenho uma exposição no fim de semana", disse Gabriel, com um sorriso tímido. "Você gostaria de ir?"

Sofia hesitou por um instante. Ela não costumava ir a eventos sociais, mas algo em Gabriel a atraia, e a ideia de ver suas fotos a intrigava.

"Eu adoraria", respondeu Sofia, com um sorriso que iluminou seu rosto.

Gabriel, com um sorriso radiante, a convidou para um café. Eles conversaram durante horas, sobre arte, sobre seus sonhos, sobre a vida. Sofia se sentia cada vez mais à vontade com Gabriel, como se o conhecesse há anos.

Ele a fez rir com suas histórias engraçadas, a fez pensar com suas reflexões profundas, e a fez sentir que a vida era um presente precioso, um presente que deveria ser vivido com intensidade e paixão.

"Você tem um olhar especial, Sofia", disse Gabriel, observando-a com admiração. "Você consegue ver a beleza que muitos não percebem."

Sofia corou. "Você também tem um dom especial, Gabriel. Você consegue capturar essa beleza e compartilhá-lo com o mundo."

A conversa fluiu naturalmente, como um rio que encontra seu caminho através da paisagem. Sofia se sentia atraída por Gabriel, por sua inteligência, seu humor e sua sensibilidade. Ele era diferente de todos os homens que ela havia conhecido antes.

"Eu preciso ir", disse Sofia, com um suspiro. "O tempo está passando."

"Que pena", disse Gabriel, com um olhar de tristeza. "Mas você vai à minha exposição, certo?"

"Sim, com certeza", respondeu Sofia, com um sorriso. "Eu não vou perder por nada."

Gabriel a acompanhou até a porta do ateliê, e antes de se despedir, ele a olhou nos olhos com um olhar intenso.

"Até sábado, Sofia", disse ele, com um sorriso que a fez sentir borboletas no estômago.

"Até sábado, Gabriel", respondeu Sofia, com um sorriso que espelhava o dele.

Sofia observou Gabriel se afastar, sentindo um misto de emoções. Ela não sabia o que esperar da exposição, mas sentia que algo especial estava acontecendo. Ela se sentia atraída por Gabriel, por sua energia, por sua maneira de ver o mundo.

Ela entrou em seu ateliê, com o coração batendo forte, e se sentou em frente à tela em branco. A inspiração, que antes se esquivava, agora parecia fluir como um rio. Ela pegou o pincel e começou a pintar, guiada por uma nova energia, por um novo entusiasmo.

Ela não sabia o que o futuro lhe reservava, mas sentia que algo estava mudando, algo estava florescendo dentro dela. Ela se sentia viva, como se tivesse encontrado um novo caminho, um novo sentido para sua vida.

Sofia, com um sorriso no rosto, começou a pintar. Ela pintou a cidade, com suas cores vibrantes e suas formas contrastantes. Ela pintou o sol, com seu brilho intenso e sua energia radiante. Ela pintou a flor seca que havia encontrado na rua, com suas pétalas delicadas e sua beleza tênue.

A flor seca, um símbolo de fragilidade, de beleza efêmera, a inspirava. Ela a via como uma metáfora para a vida, para a beleza que se esvai com o tempo, mas que pode renascer, como uma flor que brota em meio à terra seca.

Sofia, com a alma em chamas, pintou a flor seca como um símbolo de esperança, de renascimento, de beleza que resiste ao tempo. Ela pintou a flor seca como um símbolo do encontro com Gabriel, um encontro que havia despertado algo especial dentro dela, um encontro que havia reacendido a chama da vida.

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