Jhulie

Any: Já arrumou as malas?

Ela entra no quarto e me vê fechando a mala.

Jhulie: Terminei agora.

Any: Você cresceu tanto... — ela senta na cama e pega o porta retrato que fica na minha mesa de cabeceira.

Jhulie: Não vai chorar agora, mamãe.

Any: Eu acho um máximo você ter a sua independência, correr atrás do que você quer, mas...

Jhulie: Eu juro que se eu precisar de alguma coisa eu vou pedir. Eu prometo.

Any: Não está indo de vez né? Quer dizer, você está de férias no trabalho, você sempre fala sobre a universidade que têm lá, que é o seu sonho...

Jhulie: Eu não sei, mamãe. Eu vou ir conhecer, conhece algumas pessoas, as praias que eu tanto estou ansiosa para conhecer, vou ir no show da minha banda favorita... — fico olhando para ela encarando a foto. — Estou indo apenas fazer uma viagem. Normal. Se eu quiser ficar lá de vez, não será assim. Eu amo vocês e não conseguiria apenas ir viajar e ficar lá de vez. Talvez lá nem seja tudo isso que eu imagino.

Any: Mais se for...

Jhulie: Mamãe...

Any: Se for, e morar lá fora ser realmente aquilo que você quer, você sempre terá o nosso apoio. E aliás, santa Monica nem é no outro lado do mundo. São apenas onze horas e meia de vôo... — ela sorrir para não chorar — Eu estou feliz por você.

Vou até ela e a abraço bem apertado.

Any: Devia levar isso.

Ela me entrega uma foto onde está eu, minha vó e ela.

Any: Para que assim, você nunca se esqueça de onde veio.

Jhulie: Eu nunca vou me esquecer. E nunca vou me esquecer de tudo oque você já fez por nós. — eu já estou chorando e ela também.

Any: Estamos muito felizes por você e por isso, vamos tomar café lá na Laura, que está super empolgada por você e vamos almoçar lá na sua vó.

Jhulie: Tudo bem, já terminei aqui. Eu estava exausta ontem, por isso não fiz as malas.

Any: Por falar em ontem...

Jhulie: Ah não mãe... Nem vem...

Levanto da cama, abro a mala outra vez e guardo o porta retrato.

Any: Ele realmente beijou você?

Com a merda de um sorriso bobo, faço que sim.

Any: Aconteceu alguma coisa que você não me contou?

Jhulie: Nada demais.

Any: Então me conta esse nada demais.

Fico olhando para ela se aconchegando na cama e então começo a contar.

Jhulie: Ontem teve a festa do Allan, o guitarrista da The Band. Ethan e eu, meio que ficamos flertando a noite toda, mas não aconteceu nada. Segundo ele, eu mão sou menina de ficar com meninos em festinhas.

Any: Por isso seu pai e eu adoramos esse menino.

Jhulie: Quando o Allan, me chamou para dançar que eu fui, Ethan também começou a dançar com uma menina, a Patrícia, até aí tudo bem...

Any: Quem é essa Patrícia?

Jhulie: Amiguinha da Alice. Amiga da onça quer dizer. Mais Alice não pode conhecer ninguém que já vira amiga.

Any: Você não só tem essa imagem dela por ciúmes?

Jhulie: Ciúmes? Claro que não. Ciúmes eu teria da Yara, que os dois juntos parecem ter uma química fora do normal. Aquela Patrícia só sabe me fazer passar raiva. Ela teve o prazer de esperar eu estar junto com a Alice e falar que o Ethan pediu para que ela fosse a acompanhante dele ontem.

Any: Filha da...

Jhulie: É... Ele flertou comigo a noite toda. Eu senti que rolaria algo, pela primeira vez ele não estava me vendo com a amiguinha da irmã dele, como a menina que ele puxava as trancinhas. Quando ela disse isso, eu fiquei com raiva e não dei mais confiança para ele, mas sim, apenas para o Allan, que sempre deu em cima de mim, mas não se preocupe, eu não fiz nada.

Any: Eu acredito que não. Você é a menina mais romântica que eu conheço, por isso se dá bem com a Laura. Na cabeça de vocês os contos de fadas são real.

Sorrio, ao vê-la falando isso com um sorriso no rosto.

Felipe: Podemos ir? — ele aparece na porta do quarto. — Já arrumou as malas... Eu ainda não tô acreditando nisso. — ele passa a mão na cabeça.

Jhulie: Do jeito que vocês falam, parece que estou indo embora.

Felipe: É que você sonha tanto com Santa Monica que parece ser uma despedida.

Jhulie: Ah pai! Para com isso vai. Você devia estar feliz por mim.

Felipe: Eu estou feliz, só estou preocupado. — vejo ele tiramos a carteira do bolso.

Jhulie: Pai...

Ele me ignora e continua abrindo a carteira.

Felipe: Você nunca gostou de pedir nada, eu sei que você não vai pedir. Fica com esse cartão, por favor, e não se preocupe, eu juro que não irei monitorar ele no aplicativo, eu posso até tirar e deixar ele no seu celular.

Olho para a minha mãe que apenas faz que sim.

Jhulie: Se isso for fazer com que vocês fiquem mais seguros, tudo bem.

Nós três nos abraçamos e depois seguimos para a casa da Alice.

Any: Ela deve estar triste né?

Jhulie: Ela quis muito ir comigo, mas ela tem algumas coisas para resolver aqui, não conseguiu colocar todas as matérias da faculdade para fazer a distância, como logo entrará a semana de provas, não é bom ela ir. Ao mesmo tempo que ela está triste, também está muito feliz. Ela criou um conto de fadas junto comigo e prometeu que nas próximas férias, iremos outra vez juntas.

Felipe: Alice é uma graça.

Jhulie: Ela é incontrolável. Me deixa maluca.

Seguimos todo o caminho conversando sobre a viagem e tudo oque eu quero fazer lá.

Assim que estacionamos o carro na frente da casa deles, Ethan estaciona de moto.

Felipe: Estamos orgulhosos de você, você mandou muito bem e foi tudo um sucesso.

Any: Vocês estão muito crescidos. Estamos todos muito orgulhos de vocês.

Ethan: E eu agradeço todo apoio. Dona Olívia está melhor da garganta?

Any: Está tomando remédio, até mais tarde deve fazer efeito.

Ethan: Vamos entrar.

Ele fala apenas com os meus pais e eu juro que não entendo esse garoto. Na real, eu também não me entendo, eu quem dei as costas para ele ontem.

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