Ethan

Dessa vez eu não sei explicar, estou aqui na roda gigante, mas ao mesmo tempo é como se eu não estivesse ou como se eu não quisesse mais estar.

Todas as vezes em que ela foi com o Zayan, o brinquedo não parou no topo em nenhum momento e eu nesse momento estou dividido entre querer que pare e querer que não pare.

A roda gigante para a primeira vez, mas não estamos no topo. O meu coração começa a acelerar e as minhas mãos começam a soarem. Jhulie olha para mim algumas vezes e a única coisa que eu faço é dá um meio sorriso.

A roda gigante para pela segunda vez e dessa vez paramos ainda mais longe do topo, fazendo ela suspirar de frustração.

Jhulie: Não acredito... — olho para ela e ela está muito feliz. — falta parar mais uma vez...

O brinquedo está preste a parar pela última vez e...

Quando abrimos os olhos, estamos no topo.

Olho para ela, ela olha para mim. Eu sei que ela está esperando que eu faça algo, mas eu não consigo. O brinquedo ameça a se mover outra vez e a única coisa que ouço é ela chamando o meu nome e as palavras de João na minha cabeça.

Ethan: Eu não consigo. As pessoas vão falar... — digo. — Você é como se fosse a minha...

Jhulie: Para Ethan... — ela olha dentro dos meus olhos. — isso é pelo o que ele disse?

O brinquedo para e algumas pessoas já começam a descer.

Jhulie: Fala Ethan, é pelo oque o João disse?

Chega a nossa veze de sair.

Jhulie: Felizmente, porque eu amo ser, eu sempre serei a amiguinha da sua irmã... A sua irmã de consideração nunca e nem a sua amiga, nunca mais.

Ela sai andando na frente.

Começo a chamar por ela mas ela se envolve no meio da multidão, me fazendo perder ela de vista várias vezes.

Ando atrás dela porém não a encontro. Pego o carro e vou andando bem devagar e nada dela. Sigo para o hotel e lá também não está, então resolvo enviar uma mensagem para ela.

Mensagens on

Ethan: Me desculpe.

Eu só preciso saber se você está bem...

Mensagens off

Ela não responde nenhuma das minhas mensagens e nem tão pouco atende o celular.

Resolvo ir caminhar na praia e na hora penso que é somente lá que ela pode estar.

Pego o celular e a carteira e vou andando apé mesmo para a praia.

Começo a caminhar na areia pensando em tudo, no avião, nos nossos dias aqui, no restaurante e até mesmo em como a roda gigante parou todas as vezes no topo quando íamos juntos.

Fico sentado na mesma pedra de antes e é impossível não se lembrar do nosso primeiro momento aqui, o momento em que o sol estava se pondo e nós dois começamos a tirar fotos.

Pego o meu celular e são muitas fotos, muitos vídeos e agora eu não sei se agradeço por ter essas fotos ou se eu me arrependo.

Vejo um casal parado de longe, em uma certa distância onde eu não consigo ver os rostos devido a luz, estão agindo como se fosse em câmera lenta, provavelmente na dúvida se devem se beijarem ou não.

Eles se beijam... É a Jhulie e o Zayan...

Vejo ela interromper o beijo e empurrar ele levemente para trás. Nesse momento sinto o meu sangue ferver e percebo que fiquei com raiva, mas o que fazer? O que falar?

Me levanto da pedra afim de sair dali antes que ela me veja, mas é tarde demais. Eu não consegui tirar os meus olhos dela em nenhum momento, e quando eu me levantei, o olhar dela se encontrou ao meu.

Ainda sim, faço oque eu disse, saio dali e volto para o hotel. Começo a arrumar as minhas coisas na mala para pegar o primeiro vôo amanhã, mesmo que ainda tivéssemos quatro dias aqui. Acho que eu não tenho mais nada para fazer aqui, na real eu nem deveria estar aqui.

Talvez em algum momento se passou pela minha cabeça que eu poderia viver um romance como da minha mãe e como o do meu pai, mas na minha mente só martela que eu nunca viverei um, e é a mais pura verdade, olha só oque eu acabei de fazer com ela!

No fundo, no fundo, eu sou igual ao cara que me fez, mesmo lutando todos os dias para não ser igual.

Eu não quero perder a amizade da Jhulie se um dia não demos certo. Eu gosto dela, gosto de estar perto dela, mas isso entre nós dois, sempre será impossível.

Vou tomar um banho gelado e fico lá por vários minutos. Quando eu saio, ainda enrolado na toalha, escuto o barulho da porta do quarto da Jhulie, então abro a porta do meu quarto antes que ela entre.

Ethan: Jhulie...

Percebi o olhar dela no meu corpo e depois ela olhando para mim.

Ethan: Vou me vestir e já vou aí.

Jhulie: Vou arrumer as minhas coisas, estarei pegando o primeir vôo de amanhã. Não tenho mais o que fazer aqui.

Ethan: ...

Jhulie: Se você quiser continuar aqui...

Ethan: As minhas coisas já estão arrumadas. A minha poltrona é 21-B

Ela faz que sim, e depois entra para o quarto dela.

Mais que porra.

Bato a porta do meu quarto.

Ethan: Que porra eu fiz? Que porra eu fiz...

Passo a mão nos cabelos e me encaro no espelho. Sinto que é uma mistura de medo e insegurança. Eu quero estar com ela, mas ao mesmo tempo tenho medo de ser igual a ele, ser igual ao cara que me fez e com isso eu destruir a vida dela de alguma forma e automaticamente, com isso eu penso em quem a Jhulie é. Jhulie é a menina que cresceu junto comigo e com a Alice, Jhulie é a melhor amiga da Alice, Jhulie é filha da minha ex babá, a pessoa que sempre cuidou de mim e dos meus irmãos com muito amor. Se eu falhar? Se a Jhulie sair machucada nessa história? Eu não quero nunca machucar ela assim como o meu pai machucou a minha mãe. Mesmo que eu já esteja me amaldiçoando por já ter feito isso.

É assim que deve ser.

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