Ethan

Após curtirem mais um pouco, meus pais chamam as crianças para irmos embora.

Jhulie: Pode me deixar na minha casa?

Ethan: Os seus pais chegaram?

Jhulie: Uhum.

Alice: Não vai se arrumar junto comigo?

Olho para elas e então pergunto:

Ethan: Vão para algum lugar?

Alice faz que sim.

Elas entram no carro e então começo a seguir com eles.

Ethan: Vai sair com elas, Gustavo?

Gustavo: Sim e não. Me deixa no meu apartamento também, já é caminho mesmo.

Alice e jhulie ficam conversando no banco de trás e pelo oque me parece, Gustavo está resolvendo alguma coisa sobre a The Standart.

Ethan: Aconteceu alguma coisa?

Gustavo: Estão entregando o estoque.

Faço que sim e sigo direto para o apartamento dele.

Assim que ele sai do carro, ele apoia na janela e me pergunta:

Gustavo: Você quem irá fazer aquela viagem?

Alice: Que viagem?

Ethan: Conversamos disso depois.

Gustavo: Precisamos decidir logo.

Aceno que sim e então ele se despede das meninas e sai.

A lógica seria eu deixar a Jhulie na casa dela e depois seguir para a casa dos meus pais juntos com a Alice, mas resolvo seguir outro caminho e deixar Alice em casa primeiro.

Ethan: Vai lá, Alice. Fica com as crianças até que eu volte.

Ela se despede da Jhulie brevemente e sai carro.

Alice: Se você demorar e eu me atrasar...

Ethan: Não vou demorar. Passa para o banco da frente Jhulie.

Assim ela faz. Senta no banco da frente, coloca o cinto de segurança e começa a mexer no celular.

Saio com o carro e sigo até a casa dela.

Ethan: Jhulie...

Jhulie: Se for sobre aquilo, Ethan, tá tudo bem.

Ethan: Precisamos conversar.

Jhulie: Não temos oque conversar. A culpada disso tudo fui eu. Eu quem idealizei tudo na minha cabeça, sendo que você já disse a mesma coisa não sei quantas vezes. Essa foi só mais uma, porém a diferença é que agora eu entendi.

Dirijo em silêncio por alguns minutos, mas oque eu tanto quero perguntar a ela fica martelando na minha cabeça.

Ethan: Ainda somos amigos?

Dessa vez ela quem fica em silêncio.

Não refaço a pergunta outra vez, seguimos até a casa dela desse jeito, em silêncio.

Paro na porta da casa dela, mas não destravo a porta, ela tira o cinto de segurança e também fica parada sem indícios de que vai sair naquele momento.

ainda virada para frente, Jhulie, Finalmente fala algumas coisa.

Jhulie: Me leva de volta para o dia em que você ficou louco por mim, que você me ligava com vontade de me ver, me leva de volta para dia em que você começou a sentir algo por mim e se eu fiz algo de errado, Ethan, por favor me fale que eu tento concertar...

Faço que não com a cabeça enquanto digo:

Ethan: Você não fez nada de errado, jhulie. — viro para ela. — EU QUEM NÃO SEI OQUE FAZER PORQUE ESSA PORRA DO MEDO DE NÃO CONSEGUIR SER O SUFICIENTE PARA NINGUÉM ME PERSEGUE. EU SEI QUE EU MACHUQUEI VOCÊ, JHULIE. MAS, EU PREFERI MACHUCAR VOCÊ ASSIM DO QUE IGUAL AO CARA QUE ME FEZ MACHUCOU A MINHA MÃE.

Jhulie: Eu já disse que você não é ele.

Apenas encaro ela.

Jhulie: É o medo? Na roda gigante você estava com medo ou fez aquilo somente pelo oque o João disse? Você me deixa confusa, Ethan. Eu nunca sei oque você quer, o que você pensa, eu nunca sei. Na roda gigante não parecia que você tinha medo, você estava completamente convicto do que queria fazer, mas foi só aquela merda aparecer que tudo mudou. Eu sinto que não conheço você.

Ethan: Eu gosto de você, mas gosto da sua amizade. Nós crescemos juntos e...

Jhulie: Não precisa, Ethan. Eu já sei.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, mas logo ela volta a dizer:

Jhulie: Ter química com uma pessoa é pior do que gostar dela. Você pode estar com raiva, com ódio da cara dela, mas se chegar muito perto, esquece. É assim que eu me sinto com você. Mesmo após oque aconteceu na roda gigante, se você me beijasse aqui igual aquele dia da premiação, eu tenho certeza que eu não teria forças para me afastar... Eu não consigo me afastar de você, Ethan, então, por favor se afaste você de mim...

Imediatamente faço que não...

Ethan: Eu não vou me afastar de você Jhulie.

Novamente ficamos em silêncio, até que ela sinalize para que eu destrave a porta e assim eu faço.

Jhulie: Só um tempo, ok? Eu vou seguir em frente e tudo voltará a ser como antes.

Encaro ela sem dizer nada e então ela sai do meu carro, indo correndo até a mãe dela para abraça-lá.

Que porra eu fiz? Por que eu fui até aquele lugar? Por que eu beijei ela essas vezes? Por que eu não permiti que ela tivesse alguns momentos com aquele garoto, o Zayn... Por que porra eu acabei com a viagem dela e porquê agora eu estou aqui, querendo que tudo volte a ser como antes, como se nada tivesse acontecido?

Ela disse que eu sou confuso e que eu deixo todos a minha volta confuso, isso é porquê eu realmente sou confuso. Eu sinto que eu apenas existo e fui um menino sortudo naquele orfanato. Sou medroso, teimoso, de poucas palavras e fechado.

Tenho medo de fazer tudo, medo de fazer as coisas e no fim, decepcionar a todos, assim como eu acabei de fazer com a Jhulie.

Sou teimoso porque inúmeras vezes tratei em terapia todos esses meus sentimentos mais nada tira da porra da minha cabeça que não sou merecedor de nada e a qualquer momento vou decepcionar todo mundo e por isso vivo em constante recomeço.

Não sou de falar muito porque sinto que tudo oque eu falo não faz sentindo e de fato não faz sentido algum. Quando os meus pais viram que eu não sabia me expressar em palavras, apenas me deixavam quieto. E hoje em dia, quando sinto que não saberei me expressar em palavras, fico calado, oque acontece na maior parte do tempo.

Por que eu sou fechado? Porque não conseguido abrir a minha fraqueza para todos aqueles que querem me ajudar.

Esse sou eu, um merda de pessoa que vive em um eterno recomeço tentando ser alguém melhor todos os dias para aquelas pessoas que me amam.

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